Nota: Este texto coloquei-o originalmente no blog do meu irmão... No entanto acho que também vem para aqui. Andei à procura dele e não o encontrei...
Se isto fosse uma vulgar carta, deveria ter começado com "Caro amigo," ou "Querida amiga," ou com uma outra amistosa saudação.
Mas isto não é uma carta qualquer. Era suposto ser uma carta de despedida. Só que não quero despedir-me de ninguém e ao mesmo tempo quero despedir-me de todo o mundo. Vou tentar...
Filho da puta de mundo,
Não sei que mal te fiz eu, por isso tenho de perguntar: Porque raio resolveste implicar comigo?
Desde que me lembro vivo rodeado de mentira, decepção, fraude, traíção. Sempre tentei tomar uma postura correcta, sempre tentei viver de modo a andar de cabeça levantada... E para quê? Para estar constantemente a levar chapadas? E pontapés? E tareias? Não das físicas, das mentais que deixam feridas muito mais profundas e dificeis de estancar. Nunca te pedi nada de especial... Só quis a amizade e carinho de umas poucas pessoas e dinheiro para levar uma vida digna. Não penses que é egoísta dizer que preciso de dinheiro. Não é. Todo o mundo precisa de um mínimo de condições. Também não queria o dinheiro se não tivesse com quem partilhar.
Agora as perguntas que me trazem aqui... Quanto é que uma pessoa consegue aguentar? Durante quanto tempo? Existe um ponto de não retorno? Porque é que me tiraste-me os pais ainda em criança? Porque é que nunca me mostraste amigos verdadeiros, daqueles que estão presentes todo o tempo, no bom e no mau, dos que gostam de nós, independentemente do que façamos, incondicionalmente, que não nos traiam, que aprendam com os seus erros? Porque é que me ensinaste da maneira mais dificil que o Amor não existe? Que tudo não passa de uma invenção do rídiculo ser humano para tornar mais suportavél a sua passagem na vida... que tudo o que fazemos neste planeta, que a nossa função é a simples continuação da espécie. Pois bem, a nossa missão está cumprida! Somos o ser dominante deste penoso planeta... Não tarda passeremos à extinção... Não tarde também TU morrerás... Viverás apenas como pó estelar, e então outra raça alienegena, quem sabe mais avançada que nós, irá estudar-te e dizer: Neste pó, outrora vivou a raça mais egoísta e mais narcisista que há memória na história do Universo... Enquanto isso não acontece, limita-te a continuar a tecer os destinos de pessoas que têm alguma potencial, de pessoas que poderiam tornar-te melhor, de pessoas que TE salvariam, desse teu modo tão imperfeito que deixa todos esses cabrões e todas essas mentes obtusas e que não conseguem pensar por si próprio dominar e atropelar tudo e todos... Se calhar estive sempre errado... Esses tipos é que tiveram sempre razão: "Sucesso a todo o custo e o eu é que importante, independentemente de quem tenhas de atropelar ou como tenhas de atropelar"...
Pois bem, conseguiste o que querias! Quebraste-me! Amanhã já não acordarei no banco deste automovél a beira mar. No meu lugar estará um corpo autômato... Um corpo sem preocupações, sem sentimentos, sem pensamento, um corpo sem ALMA. Será um corpo que automaticamente acordará todos os dias e escrupolosamente dirigir-se-á ao emprego onde desempenherá todas as suas tarefas e regressará à noite para repor as suas energias, para no dia seguinte repetir o processo. E isto é para onde caminha a humanidade... Seres automatos... Robos com as suas funções.
Até sempre mundo cruel,
Espero que sejas extremamente infeliz,
Deste teu novo robô querido,
Zé Ninguém
Devaneios... Nada mais...
sexta-feira, novembro 11, 2005
quarta-feira, outubro 26, 2005
terça-feira, agosto 16, 2005
Homage...
Dedicado ao Francisco:
Vou dizer-te o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
Antoine de Saint-Exupery
Tira a mão do queixo, não penses mais nisso O que lá vai já deu o que tinha a dar Quem ganhou, ganhou e usou-se disso Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar E enquanto alguns fazem figura Outros sucumbem à batota Chega aonde tu quiseres Mas goza bem a tua rota Enquanto houver estrada para andar A gente vai continuar Enquanto houver estrada para andar Enquanto houver ventos e mar A gente não vai parar Enquanto houver ventos e mar Todos nós pagamos por tudo o que usamos O sistema é antigo e não poupa ninguém, não Somos todos escravos do que precisamos Reduz as necessidades se queres passar bem Que a dependência é uma besta Que dá cabo do desejo E a liberdade é uma maluca Que sabe quanto vale um beijo Enquanto houver estrada para andar A gente vai continuar Enquanto houver estrada para andar Enquanto houver ventos e mar A gente não vai parar Enquanto houver ventos e mar Enquanto houver estrada para andar A gente vai continuar Enquanto houver estrada para andar Enquanto houver ventos e mar A gente não vai parar Enquanto houver ventos e mar jorge palma |
quarta-feira, julho 20, 2005
Insónia (XI)
(continuação)
Nota: De regresso à Insónia... Ainda são textos antigos... E vão com as notas pessoais, comentários, etc.... Não me apetecia estar a reler, formatar o texto, e arranjar... Quiçá mais tarde farei isso...
- Bem mas agora diz lá o que ficou pendente antes de ir para a Áustria…
Que coisa romântica para dizer depois tal situação…
- Diz… Desculpa não ouvi… Entra… Não vamos ficar à porta…
Sentamo-nos no sofá frente a frente…
- Bem… -digo.
-Pois… - responde-me.
Ficamos ali uns largos minutos a olhar um para o outro… Será que fiz bem?
- Vou aproveitar para dizer o que era para dizer antes de ires para fora…
Levanta-se e vem ao meu encontro… Pega-me na mão e levanta-me… Surge um demorado beijo… Os nossos lábios tocam-se… Roubou-me um beijo… ( ;) ) Puxa-me para o quarto... Para quem andava tão indecisa, de repente está muito segura…
Caímos na cama beijando-nos loucamente e sem dar conta conduz-me à posição do missionário… Bolas (até o nome que lhe dão é sombrio)?! Começou mal… Era impossível ter tornado isto numa situação mais vulgar… Sinceramente… Enfim… Lá estamos naquilo até que acabamos… (acho eu… porque com as mulheres…).
- Obrigado… - diz-me ela.
Obrigado???? De certeza que nem eu nem ela fomos obrigados… e isso é coisa que se diga???
Respondo-lhe com um:
- Amo-te.
Ele retorque com um:
- Ahhh…
Ahhhh??? Mais uma vez surpreendeu-me… Tento adaptar o provérbio de “quem cala consente” para “quem diz ahhh consente”, enquanto ela se vira para o outro lado caindo num sono profundo. Que triste!!! Foi isto? Que desilusão… Se calhar é normal… Afinal foi a nossa primeira vez juntos e numa situação em que perdemos o controle rapidamente… Enfim… Mas não me sai da cabeça… E isto não me deixa dormir. Fico algumas horas a passear por pensamentos nunca antes navegados até que consigo adormecer…
Acordo… São 8h30… Tenho de me arranjar e ir para a Boavista… A cama está vazia… Onde está a Nokinhas? Em cima do seu travesseiro encontro um bilhete…
“Bom dia querido!!!
Desculpa não ter esperado mas tinha de estar na faculdade muito cedo…
Telefona-me quando acordares!
Muah…“
Que bela maneira de acordar depois de uma noite destas!!! Era a ultima coisa no mundo que estava a espera… Espero que tenha sido por algo importante… Bom… Foi um começo
(isto é mais pra adiante)
Naquele momento parece que o tempo parou… Flutuamos pelo Universo rendidos à magia do momento… Ao nosso lado vemos Adão e Eva, Romeu e Julieta, Napoleão e Antonieta, D. Pedro e D. Inês…
(isto vai mais para diante…)
Estou de novo sozinho…
Toda a nossa vida somos bombardeados com histórias intermináveis de amor em que tudo corre bem e ambos vivem felizes para sempre... A história do rapaz que se apaixona pela rapariga mas que as famílias não querem, a história do rapaz que se apaixona pela rapariga mas que não sabe, e no último minuto descobre e ainda a conquista. O velho que descobre o amor num canto escondido do Universo. Enfim... Será que em Hollywood só há casais felizes? Estará isso apenas ao alcance de alguns seres predestinados... Nós os meros mortais conseguiremos alcançar a parte do "... e viveram felizes para sempre...". Analiso todos os factos e a resposta é fácil: "Não!!!". Todos os dias vemos discussões intermináveis entre casais e o número de divórcios aumenta irremediavelmente. Tudo isto leva-me a pensar para quê o amor e paixão se o nosso único objectivo é fazer com que a raça humana habite mais uns anitos na Terra...
O problema é o meu lado romântico... Olho para o que disse antes e penso... Não pode ser! O nosso objectivo na vida não pode ser o mesmo que o resto dos animais que se limitam a "amar" para dar continuidade à espécie... Que mundo cinzento seria esse... Ponho-me a pensar em todas as coisas belas que nos são oferecidas, como o nascer e o por de sol... e dou por mim a ver aqueles casais de velhotes sentados num banco de jardim com ar de adolescentes que vivem o primeiro amor... vejo um casal babado que passeia o seu filhote à beira mar, sorridentes, como que a mostrar ao mundo que o seu descendente é o melhor à face da Terra... e depois penso em todas as grandes lendas da História do amor, como D. Pedro e D. Inês de Castro, Romeu e Julieta e tantos outros... e finalmente grito: "Não pode ser!" Se não existisse o amor eterno, estes factos que enumerei não seriam possíveis... Estas histórias não existiriam... mas hoje o meu lado romântico não ganha… Afinal quem disse que toda a gente tinha uma cara metade. O mito de Androgenia dizia que inicialmente só havia um ser poderoso, que era de ambos os sexos, e os Deuses com medo desses seres resolveram separa-los formando macho e fêmea e estes passavam o resto da vida a procura da sua metade. Se calhar eu não fui dividido… Porém os deuses não têm nada que se preocupar… Acho que não sou assim tão poderoso… Deve ser isso mesmo… Não deve existir a minha cara metade. Provavelmente foi um erro meu…. Sempre vivi a vida baseado em metas – acabar o curso, arranjar emprego, casar, ter filhos… - em vez de me basear em objectivos, um tão simples quão ser feliz... E neste momento estou perto de alcançar o meu novo objectivo… ser feliz… Sou totalmente independente, posso comprar praticamente tudo o que quero, tenho os melhores amigos do mundo, quando quero arranjo umas “amigas coloridas”… Não me posso queixar… De repente tudo parece fazer sentido… A minha história pelos vistos tem outro final: em vez do comum e viveram felizes para sempre, deve ser e viveu feliz para sempre…
Nota: De regresso à Insónia... Ainda são textos antigos... E vão com as notas pessoais, comentários, etc.... Não me apetecia estar a reler, formatar o texto, e arranjar... Quiçá mais tarde farei isso...
- Bem mas agora diz lá o que ficou pendente antes de ir para a Áustria…
Que coisa romântica para dizer depois tal situação…
- Diz… Desculpa não ouvi… Entra… Não vamos ficar à porta…
Sentamo-nos no sofá frente a frente…
- Bem… -digo.
-Pois… - responde-me.
Ficamos ali uns largos minutos a olhar um para o outro… Será que fiz bem?
- Vou aproveitar para dizer o que era para dizer antes de ires para fora…
Levanta-se e vem ao meu encontro… Pega-me na mão e levanta-me… Surge um demorado beijo… Os nossos lábios tocam-se… Roubou-me um beijo… ( ;) ) Puxa-me para o quarto... Para quem andava tão indecisa, de repente está muito segura…
Caímos na cama beijando-nos loucamente e sem dar conta conduz-me à posição do missionário… Bolas (até o nome que lhe dão é sombrio)?! Começou mal… Era impossível ter tornado isto numa situação mais vulgar… Sinceramente… Enfim… Lá estamos naquilo até que acabamos… (acho eu… porque com as mulheres…).
- Obrigado… - diz-me ela.
Obrigado???? De certeza que nem eu nem ela fomos obrigados… e isso é coisa que se diga???
Respondo-lhe com um:
- Amo-te.
Ele retorque com um:
- Ahhh…
Ahhhh??? Mais uma vez surpreendeu-me… Tento adaptar o provérbio de “quem cala consente” para “quem diz ahhh consente”, enquanto ela se vira para o outro lado caindo num sono profundo. Que triste!!! Foi isto? Que desilusão… Se calhar é normal… Afinal foi a nossa primeira vez juntos e numa situação em que perdemos o controle rapidamente… Enfim… Mas não me sai da cabeça… E isto não me deixa dormir. Fico algumas horas a passear por pensamentos nunca antes navegados até que consigo adormecer…
Acordo… São 8h30… Tenho de me arranjar e ir para a Boavista… A cama está vazia… Onde está a Nokinhas? Em cima do seu travesseiro encontro um bilhete…
“Bom dia querido!!!
Desculpa não ter esperado mas tinha de estar na faculdade muito cedo…
Telefona-me quando acordares!
Muah…“
Que bela maneira de acordar depois de uma noite destas!!! Era a ultima coisa no mundo que estava a espera… Espero que tenha sido por algo importante… Bom… Foi um começo
(isto é mais pra adiante)
Naquele momento parece que o tempo parou… Flutuamos pelo Universo rendidos à magia do momento… Ao nosso lado vemos Adão e Eva, Romeu e Julieta, Napoleão e Antonieta, D. Pedro e D. Inês…
(isto vai mais para diante…)
Estou de novo sozinho…
Toda a nossa vida somos bombardeados com histórias intermináveis de amor em que tudo corre bem e ambos vivem felizes para sempre... A história do rapaz que se apaixona pela rapariga mas que as famílias não querem, a história do rapaz que se apaixona pela rapariga mas que não sabe, e no último minuto descobre e ainda a conquista. O velho que descobre o amor num canto escondido do Universo. Enfim... Será que em Hollywood só há casais felizes? Estará isso apenas ao alcance de alguns seres predestinados... Nós os meros mortais conseguiremos alcançar a parte do "... e viveram felizes para sempre...". Analiso todos os factos e a resposta é fácil: "Não!!!". Todos os dias vemos discussões intermináveis entre casais e o número de divórcios aumenta irremediavelmente. Tudo isto leva-me a pensar para quê o amor e paixão se o nosso único objectivo é fazer com que a raça humana habite mais uns anitos na Terra...
O problema é o meu lado romântico... Olho para o que disse antes e penso... Não pode ser! O nosso objectivo na vida não pode ser o mesmo que o resto dos animais que se limitam a "amar" para dar continuidade à espécie... Que mundo cinzento seria esse... Ponho-me a pensar em todas as coisas belas que nos são oferecidas, como o nascer e o por de sol... e dou por mim a ver aqueles casais de velhotes sentados num banco de jardim com ar de adolescentes que vivem o primeiro amor... vejo um casal babado que passeia o seu filhote à beira mar, sorridentes, como que a mostrar ao mundo que o seu descendente é o melhor à face da Terra... e depois penso em todas as grandes lendas da História do amor, como D. Pedro e D. Inês de Castro, Romeu e Julieta e tantos outros... e finalmente grito: "Não pode ser!" Se não existisse o amor eterno, estes factos que enumerei não seriam possíveis... Estas histórias não existiriam... mas hoje o meu lado romântico não ganha… Afinal quem disse que toda a gente tinha uma cara metade. O mito de Androgenia dizia que inicialmente só havia um ser poderoso, que era de ambos os sexos, e os Deuses com medo desses seres resolveram separa-los formando macho e fêmea e estes passavam o resto da vida a procura da sua metade. Se calhar eu não fui dividido… Porém os deuses não têm nada que se preocupar… Acho que não sou assim tão poderoso… Deve ser isso mesmo… Não deve existir a minha cara metade. Provavelmente foi um erro meu…. Sempre vivi a vida baseado em metas – acabar o curso, arranjar emprego, casar, ter filhos… - em vez de me basear em objectivos, um tão simples quão ser feliz... E neste momento estou perto de alcançar o meu novo objectivo… ser feliz… Sou totalmente independente, posso comprar praticamente tudo o que quero, tenho os melhores amigos do mundo, quando quero arranjo umas “amigas coloridas”… Não me posso queixar… De repente tudo parece fazer sentido… A minha história pelos vistos tem outro final: em vez do comum e viveram felizes para sempre, deve ser e viveu feliz para sempre…
terça-feira, julho 12, 2005
De férias?
Não tenho tido tempo nem inspiração para escrever. Parece que as minhas musas foram de férias...
terça-feira, junho 14, 2005
Encontro
Não há muito tempo tempo tive de sair mais tarde do emprego. Naquele dia as contas bateram mal e como tal tive de ficar bem para lá da hora de trabalho para corrigir e identificar o problema. Mal consegui dar por concluído o trabalho apressei-me em sair e dirigir-me a toda a velocidade para o metro. Percorria Santa Catarina a toda a velocidade. Àquela hora já poucas pessoas percorriam esta movimentada rua. Ao fundo uma criança brincava com uma bola. Entretanto o telemovel tocou.
" - Sim, sim. Estou atrasado. Isto complicou-se mas já estou a caminho..." - repliquei institivamente à mecânica pergunta do outro lado da linha.
O miúdo estava agora mesmo à minha frente e ao aproximar-se surpreende-me
" - Senhor, senhor, quer jogar comigo? Só um bocadinho..."
Fiquei um pouco atónito com a atitude mas lá lhe respondi:
" - Oh rapaz... Estou muito atrasado... Não posso jogar agora..."
Sem papas na língua, prontamente diz:
"- Está bem. Então depois..."
Esbocei um sorriso e lá continuei a minha apressada caminhada.
Uma semana passou... Todos os dias a mesma rotina... Todos os dias o mesmo stress... Na semana anterior, neste dia tudo complicou-se... Tive de ficar a trabalhar até tarde, a minha esposa parecia uma máquina de pinball... O abrir de porta desse dia pareceu o final abanão e o aviso de tilt iluminou-se e foi ver a bola a descer lentamente para o buraco sem que nada pudesse fazer... Desabafou, protestou, esperneou, tudo e mais alguma coisa... Enfim tudo o que uma pessoa precisa depois de um dia que corre mal. Desde então o ambiente está de cortar à faca. Parecemos dois estranhos dentro de casa... casa não... esta semana não posso considerar casa... dormitório é a palavra adequada!
Hoje o dia correu bem. Vou fazer uma surpresa. Já encomendei umas flores, vou sair mais cedo e ainda passo pela Arcádia.
À semelhança da semana passada saí a correr, desta vez por motivos diferentes. Mal saí institivamente dirigi-me à florista para ir buscar as rosas. Era um daqueles dias em que parecia sozinho na rua. Estava completamente ausente da azáfama que imperava à minha volta. Os meus pensamentos estavam mais longe... Subitamente uma voz desperta-me:
"- Senhor, senhor... Vamos jogar?"
Era o mesmo miudo da semana anterior... Será que ainda se lembra?
"- Você prometeu..." -diz-me, fitando-me com os seus grandes e luminosos olhos castanhos.
"- Prometo que amanhã jogo. Sabes... hoje é um dia especial... Tenho de ir ter com a minha namorada..." - disse para despachar, o miúdo... Não quis dizer esposa, nem mulher... São palavras mais distantes... Namorada sempre tem amor no meio e deve ser mais fácil para o puto perceber...
O puto sorriu, deu um chuto na bola e foi afastando-se.
Ao chegar a casa tive um dos maiores baldes de água fria da minha curta vida. A reacção foi totalmente inesperada... Diz-me a Ana mal me vê a entar:
"- Flores e chocolates... Que se passa? Alguém faz anos ou fizeste asneiras?"
Senti-me como uma daquelas personagens dos desenhos animados que derretem quando algo corre mal. Bolas!!! Desanimadamente só consegui dizer:
"-Não... São para ti. Amo-te acima de tudo!"
"-Ah... Obrigado..." - responde-me inexpressivamente...
Não queria acreditar... Teria acabado ali a paixão? Desconhecia por completo a pessoa que estava à minha frente... O jantar decorreu no silêncio absoluto e no final nada restava senão o sono como escapatória aquele nada.
O dia seguinte passou devagarinho... O tempo parecia trair-me...
Quando finalmente chegou ao fim o horário de expediente, saí apressadamente... Porquê não sei... Afinal não sabia para onde e para quê ia regressar...
Ao sair lá avistei o miúdo ao longe. Será que se lembrava? Estava para o sentido oposto para onde tinha de ir no meu regresso ao dormitório... No entanto resolvi ir ao seu encontro... Ao ver-me aproximar correu para mim e com um grande sorriso, lá me pergunta:
"-Senhor, senhor, veio jogar comigo?"
"-Sim. Claro que vim. Então não te tinha prometido?", respondi-lhe
"-Chamo-me António e o senhor?"
"-José. Vamos lá jogar?"
"Sim, sim..."
Não sei quanto tempo passou, mas quando olhei à minha volta já ninguém andava na rua e já jogava descalço. Creio que os sapatos me incomadavam um pouco... Já não me lembrava de sentir assim criança... Era uma sensação boa. Institivamente olhei para o relógio. Marca 20h30.
As crianças são incriveis... Apercebeu-se desse meu gesto que me passou totalmente ao lado e diz-me:
"-Temos de ir embora, não é? A sua namorada vai zangar-se?"
Sorri-lhe e disse:
"- Não te preocupes. O amor vence tudo... Vamos lá embora"
"- Senhor, senhor... Espere... Acredita em anjos? Eles estão em todo o lado, à nossa volta. Às vezes nós não sabemos é reconhecê-los..."
Nisto pega na bola e corre rua fora até que desaparece ao dobrar da esquina...
" - Sim, sim. Estou atrasado. Isto complicou-se mas já estou a caminho..." - repliquei institivamente à mecânica pergunta do outro lado da linha.
O miúdo estava agora mesmo à minha frente e ao aproximar-se surpreende-me
" - Senhor, senhor, quer jogar comigo? Só um bocadinho..."
Fiquei um pouco atónito com a atitude mas lá lhe respondi:
" - Oh rapaz... Estou muito atrasado... Não posso jogar agora..."
Sem papas na língua, prontamente diz:
"- Está bem. Então depois..."
Esbocei um sorriso e lá continuei a minha apressada caminhada.
Uma semana passou... Todos os dias a mesma rotina... Todos os dias o mesmo stress... Na semana anterior, neste dia tudo complicou-se... Tive de ficar a trabalhar até tarde, a minha esposa parecia uma máquina de pinball... O abrir de porta desse dia pareceu o final abanão e o aviso de tilt iluminou-se e foi ver a bola a descer lentamente para o buraco sem que nada pudesse fazer... Desabafou, protestou, esperneou, tudo e mais alguma coisa... Enfim tudo o que uma pessoa precisa depois de um dia que corre mal. Desde então o ambiente está de cortar à faca. Parecemos dois estranhos dentro de casa... casa não... esta semana não posso considerar casa... dormitório é a palavra adequada!
Hoje o dia correu bem. Vou fazer uma surpresa. Já encomendei umas flores, vou sair mais cedo e ainda passo pela Arcádia.
À semelhança da semana passada saí a correr, desta vez por motivos diferentes. Mal saí institivamente dirigi-me à florista para ir buscar as rosas. Era um daqueles dias em que parecia sozinho na rua. Estava completamente ausente da azáfama que imperava à minha volta. Os meus pensamentos estavam mais longe... Subitamente uma voz desperta-me:
"- Senhor, senhor... Vamos jogar?"
Era o mesmo miudo da semana anterior... Será que ainda se lembra?
"- Você prometeu..." -diz-me, fitando-me com os seus grandes e luminosos olhos castanhos.
"- Prometo que amanhã jogo. Sabes... hoje é um dia especial... Tenho de ir ter com a minha namorada..." - disse para despachar, o miúdo... Não quis dizer esposa, nem mulher... São palavras mais distantes... Namorada sempre tem amor no meio e deve ser mais fácil para o puto perceber...
O puto sorriu, deu um chuto na bola e foi afastando-se.
Ao chegar a casa tive um dos maiores baldes de água fria da minha curta vida. A reacção foi totalmente inesperada... Diz-me a Ana mal me vê a entar:
"- Flores e chocolates... Que se passa? Alguém faz anos ou fizeste asneiras?"
Senti-me como uma daquelas personagens dos desenhos animados que derretem quando algo corre mal. Bolas!!! Desanimadamente só consegui dizer:
"-Não... São para ti. Amo-te acima de tudo!"
"-Ah... Obrigado..." - responde-me inexpressivamente...
Não queria acreditar... Teria acabado ali a paixão? Desconhecia por completo a pessoa que estava à minha frente... O jantar decorreu no silêncio absoluto e no final nada restava senão o sono como escapatória aquele nada.
O dia seguinte passou devagarinho... O tempo parecia trair-me...
Quando finalmente chegou ao fim o horário de expediente, saí apressadamente... Porquê não sei... Afinal não sabia para onde e para quê ia regressar...
Ao sair lá avistei o miúdo ao longe. Será que se lembrava? Estava para o sentido oposto para onde tinha de ir no meu regresso ao dormitório... No entanto resolvi ir ao seu encontro... Ao ver-me aproximar correu para mim e com um grande sorriso, lá me pergunta:
"-Senhor, senhor, veio jogar comigo?"
"-Sim. Claro que vim. Então não te tinha prometido?", respondi-lhe
"-Chamo-me António e o senhor?"
"-José. Vamos lá jogar?"
"Sim, sim..."
Não sei quanto tempo passou, mas quando olhei à minha volta já ninguém andava na rua e já jogava descalço. Creio que os sapatos me incomadavam um pouco... Já não me lembrava de sentir assim criança... Era uma sensação boa. Institivamente olhei para o relógio. Marca 20h30.
As crianças são incriveis... Apercebeu-se desse meu gesto que me passou totalmente ao lado e diz-me:
"-Temos de ir embora, não é? A sua namorada vai zangar-se?"
Sorri-lhe e disse:
"- Não te preocupes. O amor vence tudo... Vamos lá embora"
"- Senhor, senhor... Espere... Acredita em anjos? Eles estão em todo o lado, à nossa volta. Às vezes nós não sabemos é reconhecê-los..."
Nisto pega na bola e corre rua fora até que desaparece ao dobrar da esquina...
segunda-feira, junho 13, 2005
domingo, maio 15, 2005
Mau tempo
Está mau tempo... Está vento... É bom para por os papagaios no ar, no entanto torna difícil controlá-los
quinta-feira, maio 12, 2005
A parede de intervenção
Quem costuma andar pelos lados de Cedofeita, com certeza que conhece a rua onde está a parede a que eu "parede de intervenção". Todos os dias passo lá, e todos os dias ver e ler a parede me deixa um pouquinho mais bem disposto. Inicialmente era apenas uma parede despida. Depois aos poucos foram surgindo uns desenhos (não grafiti) anti guerra e de carácter social. Hoje já aparecem pequenos pedaços de poesia. Não resisti a apontar alguns.
O medo de ser livre provoca o orgulho de ser escravo
A imitação dos herois é o hábito sagrado de cadáveres entretidos
Devido à velocidade da luz ser superior à velocidade do som, frequentemente achamos alguém interessanto até que a ouvimos
Bonjour tristesse
Se calhar estas foram as que achei mais engraçadas porque de algum modo corresponderam a estados de espirito ou reflexões que estavam presentes quando lá as vi. (para saber mais a solução é simples...).
Já que estou aqui aproveito para apontar algumas coisas que detesto: hipocrisia, conformismo, segredos ou privacidades não guardados, mandarem-me embora, cortarem-me a conversa quando me apetece ficar no paleio a noite toda (ou dia... é irrelevante... mas como a noite trás mais intimidade...), injustiças, não conseguir abrir mão de certas coisas / pessoas mesmo sabendo que futuramente me vou queimar com isso, entre muitos outras... É o "sabor do momento"!
Duas coisas que adoro... Andar pela casa às escuras sabendo exactamente o sitio onde se encontram, os móveis, as portas, quantos degraus tem 1 lanço de escadas, etc. Hmmm a outra (?) afinal não me apetece revelar.
Uma coisa que acho interessante e piada: a relação amor / ódio. Se calhar ainda vai servir para desenvolver mais futuramente.
Ps: Aproveito também para agradecer a todos os que visitam esporadicamente o blog. Isto porque o fim pode estar perto, ou pelo menos restringido
O medo de ser livre provoca o orgulho de ser escravo
A imitação dos herois é o hábito sagrado de cadáveres entretidos
Devido à velocidade da luz ser superior à velocidade do som, frequentemente achamos alguém interessanto até que a ouvimos
Bonjour tristesse
Se calhar estas foram as que achei mais engraçadas porque de algum modo corresponderam a estados de espirito ou reflexões que estavam presentes quando lá as vi. (para saber mais a solução é simples...).
Já que estou aqui aproveito para apontar algumas coisas que detesto: hipocrisia, conformismo, segredos ou privacidades não guardados, mandarem-me embora, cortarem-me a conversa quando me apetece ficar no paleio a noite toda (ou dia... é irrelevante... mas como a noite trás mais intimidade...), injustiças, não conseguir abrir mão de certas coisas / pessoas mesmo sabendo que futuramente me vou queimar com isso, entre muitos outras... É o "sabor do momento"!
Duas coisas que adoro... Andar pela casa às escuras sabendo exactamente o sitio onde se encontram, os móveis, as portas, quantos degraus tem 1 lanço de escadas, etc. Hmmm a outra (?) afinal não me apetece revelar.
Uma coisa que acho interessante e piada: a relação amor / ódio. Se calhar ainda vai servir para desenvolver mais futuramente.
Ps: Aproveito também para agradecer a todos os que visitam esporadicamente o blog. Isto porque o fim pode estar perto, ou pelo menos restringido
terça-feira, maio 10, 2005
Hoje
Hoje não me apetece escrever nada. Às vezes não é preciso dizer nada para uma pessoa se exprimir. Frequentemente o digo, para bom entededor, meia palavra basta. Deixou então hoje uma musiquinha dos Pearl Jam. Quem não a conhece, aconselho vivamente a ouvir. Do álbum No Code:
I'M OPEN
A man lies in his bed
In a room with no door
He waits hoping for a presence
Something, anything to enter
After spending half his life searching
He still felt as blank as the ceiling at which he stared
He is alive, but feels absolutely nothing
So is he?
When he was 6, he believed that..
the moon overhead followed him
By 9, he had deciphered the illusion
Trading magic for facts
No trade backs
So this is what it is like to be an adult
If he only knew now what he knew then
I'm open (x2)
Come on in (x4)
I'm open (x2)
Come on in (x4)
Lying sideways atop crumpled sheets and no covers
He decides to dream
Dream up a new self
For himself
A man lies in his bed
In a room with no door
He waits hoping for a presence
Something, anything to enter
After spending half his life searching
He still felt as blank as the ceiling at which he stared
He is alive, but feels absolutely nothing
So is he?
When he was 6, he believed that..
the moon overhead followed him
By 9, he had deciphered the illusion
Trading magic for facts
No trade backs
So this is what it is like to be an adult
If he only knew now what he knew then
I'm open (x2)
Come on in (x4)
I'm open (x2)
Come on in (x4)
Lying sideways atop crumpled sheets and no covers
He decides to dream
Dream up a new self
For himself
sexta-feira, maio 06, 2005
Palavras e expressões díficeis de pronunciar:
Inusitado,
epidemiologia,
otorrinolaringologista,
esternocleidomastoideu,
otorrinolaringologista,
antinconstitucionalissimamente,
pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico,
e por final as mais complicadas de todas, as que custam mais dizer:
"Adeus"
"Ajuda-me"
"Amo-te"
epidemiologia,
otorrinolaringologista,
esternocleidomastoideu,
otorrinolaringologista,
antinconstitucionalissimamente,
pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico,
e por final as mais complicadas de todas, as que custam mais dizer:
"Adeus"
"Ajuda-me"
"Amo-te"
quarta-feira, maio 04, 2005
Desencontro
Tenho andado um pouco afastado destas andanças... Precisava de um dia com mais horas. Alguém me inventa um?
Deixo aqui o link pro meu último post... Num blog aqui pertinho... Desencontro (no blog da Ana)
Deixo aqui o link pro meu último post... Num blog aqui pertinho... Desencontro (no blog da Ana)
quarta-feira, abril 27, 2005
Weeee 1000
Apesar de ser um número absolutamente irrisório, fica aqui a comemoração da meta dos mil cliques, apresentando para isso o "conversas de treta" de "cara lavada"...
Pensamentos do dia:
"É urgente o amor"
"Too much love can kill you"
"Quem não tem esqueletos no armário e segredos bem guardados?"
Pensamentos do dia:
"É urgente o amor"
"Too much love can kill you"
"Quem não tem esqueletos no armário e segredos bem guardados?"
sexta-feira, abril 01, 2005
Este é o meu mundo
Este é o meu mundo, gentilmente equilibrado na ponta do meu dedo... mas o meu mundo não é como o mundo, nem como o teu mundo, nem como qualquer mundo... Todos os mundos são diferentes! Por vezes roda mais depressa, de tal forma que parece que quer saltar e libertar-se da falange que o mantém no seu movimento de rotação, outras vezes roda mais lento, tão lento que é preciso fazer um esforço enorme para que ele não caia, e outras vezes simplesmente pára e cai... e aí preciso de pegar e ajudá-lo a voltar ao seu movimento de rotação.
No meu mundo tudo acontece... Está em constante mutação e evolução... Por vezes há fenónemos naturais, tempestades, furacões, tsunamis que destroem, às vezes parcialmente outras totalmente, a sua superficies, os seus sentimentos, a sua aura... mais tarde a vida volta à normalidade nesses sítios, ou simplesmente renasce com a natureza tomando conta do caso. Mas nem só desastres naturais estragam o meu mundo, por vezes são os seus habitantes, os virus, parasitas, inconscientes que o povoam que resolvem num acto tresloucado de autodestruição que resolvem por fim a cenários tão belos... e esses são tão poderosos quanto 500 bombas atómicas e custam mais à natureza corrigir... No meu mundo há constantemente locais onde a alegria impera, um concerto para milhares de pessoas, uma reunião de amigos num qualquer lugar, um trovador que canta à sua amanda... O meu mundo é visitado por vezes por seres alieneginas que o orbitam sem saber se hão-de pousar não... Muitos resolvem mudar-se de armas e bagagens para lá, outros resolvem partir... Uns gostam de ficar perto uns dos outros e formar povoações, outros não, uns gostam de um continente, outros dos antípodas... Do fundo do mar e de regiões inóspitas e nunca exploradas pelos seus habitantes por vezes surgem as coisas mais inacreditáveis e preciosas. Nada se perde, nada se ganha, tudo se transforam... É o ciclo da vida... mas cuidado, o meu mundo está protegido, possui uma grelha de satélites que tentam providenciar ataques de seres com intenções menos boas, e caso estes consigam penetrar na atmosfera rompendo essas barreiras existem ainda umas quantas baterias anti-aéras. Contudo é díficil proteger tão vasto território e por vezes entram seres menos bons que mais tarde são descobertos e exilados de novo para o espaço e esquecimento. No meu mundo não pode imperar o caos e para tal foram eleitos uns quantos governantes que meticulosamente vão-se encarregando por tentar manter a ordem. E o núcleo do meu mundo... Esse não se vê... Não está escondido... É só meu... Eu sei que existe e por vezes deixo entrar lá alguém que me ajuda a manter o equílibrio e o calor. E esse alguém...
quinta-feira, março 17, 2005
Da minha janela "pró" mar
Deste infinito lugar, os pensamentos e sentimentos, esbarram-se fazendo-me ascender a um estado superior. Tudo está em comunhão e sintonia e a vida é uma invenção maravilhosa.
Hoje soube que te amava. O amor... Como é que descobri que te amo? Muito simplesmente não descobri... Apenas sei-o no âmago do meu ser! Sei que acordo a pensar em ti, sei que passo cada segundo do dia a pensar ti, sei que adormeço a pensar em ti... Quando te vejo a aproximar ao longe os meus olhos vão-se iluminando cada vez mais até que finalmente esbarram nos teus... E nesse momento esse brilhozinho ilumina o mundo e torna-o num sítio melhor. E quando a nossa música toca na rádio, sinto vontade de cantar, rir, dançar e chorar... E cada hora, cada minuto, cada segundo quero estar contigo, quero falar contigo, quero viver contigo! Isto parece tudo frases feitas, frases lamechas e ditas tantas vezes por esse mundo fora sem qualquer sentimento ou razão de ser, que não seja o receio do ser humano de ficar sozinho. Digo-te isto tudo não com a minha boca. Digo-te com o meu coração. Shhhh.... Ele não fala muito alto... mas encosta o teu ouvido aqui ao meu peito... Consegues ouvir? É para ti que ele diz isto. Amo-te! Amo-te incondicionalmente! Não quero saber o que toda a gente pensa! Não quero saber dos defeitos que insistes em apontar a ti mesma. Adoro o encanto de cada um deles. Quero que todo o Universo saiba isso e sinta inveja de nós, pois juntos somos um ser superior, somos invencíveis! Tenho pena de todos esses seres que deambulam por esse mundo desejando encontrar o Amor assim. Tenho pena deles... Tenho pena que eles tal como S. Jorge que lutou contra o dragão, tal como D. Quixote que perseguiu insistentemente os seus moínhos, tal como nós que arriscamos e conquistamos tudo, não consigam sair das suas fortalezas e lutem com todas as suas forças pelo amor, sabendo que aquelas borboletas que têm no estomâgo quando vêm a sua cara metade.
E para que todos saibam:
Amo-te, I love you, Je t'aime, 我爱你, Ik houd van u, Ich liebe Dich, Σας αγαπώ, Ti amo, 私は愛する, 나는 너를 사랑한다, Я люблю вас...
Hoje soube que te amava. O amor... Como é que descobri que te amo? Muito simplesmente não descobri... Apenas sei-o no âmago do meu ser! Sei que acordo a pensar em ti, sei que passo cada segundo do dia a pensar ti, sei que adormeço a pensar em ti... Quando te vejo a aproximar ao longe os meus olhos vão-se iluminando cada vez mais até que finalmente esbarram nos teus... E nesse momento esse brilhozinho ilumina o mundo e torna-o num sítio melhor. E quando a nossa música toca na rádio, sinto vontade de cantar, rir, dançar e chorar... E cada hora, cada minuto, cada segundo quero estar contigo, quero falar contigo, quero viver contigo! Isto parece tudo frases feitas, frases lamechas e ditas tantas vezes por esse mundo fora sem qualquer sentimento ou razão de ser, que não seja o receio do ser humano de ficar sozinho. Digo-te isto tudo não com a minha boca. Digo-te com o meu coração. Shhhh.... Ele não fala muito alto... mas encosta o teu ouvido aqui ao meu peito... Consegues ouvir? É para ti que ele diz isto. Amo-te! Amo-te incondicionalmente! Não quero saber o que toda a gente pensa! Não quero saber dos defeitos que insistes em apontar a ti mesma. Adoro o encanto de cada um deles. Quero que todo o Universo saiba isso e sinta inveja de nós, pois juntos somos um ser superior, somos invencíveis! Tenho pena de todos esses seres que deambulam por esse mundo desejando encontrar o Amor assim. Tenho pena deles... Tenho pena que eles tal como S. Jorge que lutou contra o dragão, tal como D. Quixote que perseguiu insistentemente os seus moínhos, tal como nós que arriscamos e conquistamos tudo, não consigam sair das suas fortalezas e lutem com todas as suas forças pelo amor, sabendo que aquelas borboletas que têm no estomâgo quando vêm a sua cara metade.
E para que todos saibam:
Amo-te, I love you, Je t'aime, 我爱你, Ik houd van u, Ich liebe Dich, Σας αγαπώ, Ti amo, 私は愛する, 나는 너를 사랑한다, Я люблю вас...
domingo, março 13, 2005
Degradantemente consciente...
Muitas vezes escrevo para aqui e refreio-me um pouco nas palavras para que algumas pessoas não se sintam atingidas, magoadas ou simplesmente incomodadas com o que digo. Contudo hoje, numa leve reflexão cheguei à brilhante conclusão: Que se lixe! Que se lixem todos! Afinal de contas provavelmente sou eu o único visitante regular desta página... E pensando ainda mais profudante: Também não admira... Tudo o que vai sendo escrito por aqui é uma salgalhada de textos estupidos, sem nexo nem sentido, e alguns lamechas. Ou seja, na realidade posso por aqui tudo o que me vai real telha, sem que ninguém me incomode ou peça explicações. Na realidade é engraçado e irónico: Se quisesse manter um diário pessoal, ou um caderno com pensamentos, provavelmente alguém o encontraria contra a minha vontade. No entanto, com este blog ainda o vou divulgando vagamente e este permanece quase invisível. Para dizer a verdade, já houve alturas em que achava piada que houvesse visitantes no blog. Hoje em dia não quero saber. Ou seja, posso passar a por aqui tudo que eu quiser. Posso chegar ao extremo de te mandar dar uma volta. Sim, a ti que estás a ler isto. É contigo que estou a falar. E porquê? Porque muito provavelmente com quem estou a falar é comigo mejsmo. Depois desta libertação mental, passemos ao que me trouxe, verdadeiramente, aqui hoje. Já me perguntaram mais que uma vez, se esta coisa dos blogs, não era expor-me demais. Até agora não tinha sido, pelas questões que mencionei antes. Hoje vai continuar a não ser pelas mesmas razões.
Hoje cometi um acto degradante q.b. E sei isso. Aliás, antes de o cometer já sabia que era degradante. No entanto estava perfeitamente consciente do que estava a fazer. Foi instanânea a lembrança da frase que adorei em Kill Bill: "No Kiddo, at this moment, this is me at my most... [cocks pistol] masochistic. ". Contudo não fiquei marcado, nem sentido com isso. Foi do que me apercebi nos entretantos. Sabes... Por vezes, momentos assim trazem uma lucidez incrível! E o que me apercebi hoje foi de desilusões. Cada uma que temos mata-nos um bocadinho. Tira-nos um bocadinho de alegria de viver e de esperança. Sempre que acontece, pensámos: Ok. Aconteceu... É a vida... Ao menos para a próxima já estamos preparados. Na realidade, isso são tretas... Nada nos prepara para certas coisas. Acredita...
Existem muito tipos de desilusões: profissionais, sociais, amorosas, familiares e as que estão mais em questão aqui, as desilusões entre amigos.
Acredito piamente, no conceito de amizade. Acredito que quando se usa esse conceito, esse corresponde à realidade... todas essas coisas de estar presente nos momentos bons e nos momentos maus, de assumir certos compromissos, de pensar nos amigos pondo, por vezes, os interesses pessoais de parte. Sei que cada pessoa é única no mundo, com todas as suas qualidades, tiques, aptidões, etc., mas também com todos os seus defeitos e falhas. Penso que sei lidar com as pessoas tendo em conta estas coisas, sabendo que certos gestos e atitudes não são feitas com o intuito de magoar, ou criar mal estar. Porém nem toda a gente sabe isso, e muitas mais não se preocupam minimamente com as consequências dos seus actos e palavras, do significado que têm associado e de como isso marca uma relação e molda a opinião de cada pessoa. Digo isto, não para dizer que sou melhor do que tu, ou de qualquer outra pessoa. Sei perfeitamente que tenho inumeros defeitos, alguns dos quais sei que tenho e que podia esforçar-me para modificar, e muitos outros que nem sequer me apercebo. Penso que todas as pessoas que considero minhas amigas partilham este conceito de amizade. Por isso custa-me as "traições", custa-me as confianças ceifadas, custa-me as faltas de respeito, custa-me as faltas de consideração, custa-me as palavras falsas e sem sentimento, custa-me tanto... tantas coisas... E sempre que algum suposto amigo faz algo surpreedentemente mau, ou que eu não julgava capaz é extremamante penoso. Doi muito... Contudo esta lição ainda não aprendi nem quero aprender. Hei-de continuar a acreditar e confiar nas pessoas até prova em contrário. E as desilusões hão-de continuar a surgir. Só os verdadeiros amigos fazem com que isto valha a pena ser mantido e que continue a acreditar. Existem ainda pessoas que simplesmente não sei o que esperar. Moem-me a cabeça e confundem-me imenso. Adorava adivinhar o que vai dentro dessas mentes.
A todos os meus amigos, o meu muito obrigado e reconhecimento. A todos os outros...
E com isto me despeço, sabendo que hoje posso dormir descansado e de consciência tranquila.
Até breve amigo/a ( ? )...
Hoje cometi um acto degradante q.b. E sei isso. Aliás, antes de o cometer já sabia que era degradante. No entanto estava perfeitamente consciente do que estava a fazer. Foi instanânea a lembrança da frase que adorei em Kill Bill: "No Kiddo, at this moment, this is me at my most... [cocks pistol] masochistic. ". Contudo não fiquei marcado, nem sentido com isso. Foi do que me apercebi nos entretantos. Sabes... Por vezes, momentos assim trazem uma lucidez incrível! E o que me apercebi hoje foi de desilusões. Cada uma que temos mata-nos um bocadinho. Tira-nos um bocadinho de alegria de viver e de esperança. Sempre que acontece, pensámos: Ok. Aconteceu... É a vida... Ao menos para a próxima já estamos preparados. Na realidade, isso são tretas... Nada nos prepara para certas coisas. Acredita...
Existem muito tipos de desilusões: profissionais, sociais, amorosas, familiares e as que estão mais em questão aqui, as desilusões entre amigos.
Acredito piamente, no conceito de amizade. Acredito que quando se usa esse conceito, esse corresponde à realidade... todas essas coisas de estar presente nos momentos bons e nos momentos maus, de assumir certos compromissos, de pensar nos amigos pondo, por vezes, os interesses pessoais de parte. Sei que cada pessoa é única no mundo, com todas as suas qualidades, tiques, aptidões, etc., mas também com todos os seus defeitos e falhas. Penso que sei lidar com as pessoas tendo em conta estas coisas, sabendo que certos gestos e atitudes não são feitas com o intuito de magoar, ou criar mal estar. Porém nem toda a gente sabe isso, e muitas mais não se preocupam minimamente com as consequências dos seus actos e palavras, do significado que têm associado e de como isso marca uma relação e molda a opinião de cada pessoa. Digo isto, não para dizer que sou melhor do que tu, ou de qualquer outra pessoa. Sei perfeitamente que tenho inumeros defeitos, alguns dos quais sei que tenho e que podia esforçar-me para modificar, e muitos outros que nem sequer me apercebo. Penso que todas as pessoas que considero minhas amigas partilham este conceito de amizade. Por isso custa-me as "traições", custa-me as confianças ceifadas, custa-me as faltas de respeito, custa-me as faltas de consideração, custa-me as palavras falsas e sem sentimento, custa-me tanto... tantas coisas... E sempre que algum suposto amigo faz algo surpreedentemente mau, ou que eu não julgava capaz é extremamante penoso. Doi muito... Contudo esta lição ainda não aprendi nem quero aprender. Hei-de continuar a acreditar e confiar nas pessoas até prova em contrário. E as desilusões hão-de continuar a surgir. Só os verdadeiros amigos fazem com que isto valha a pena ser mantido e que continue a acreditar. Existem ainda pessoas que simplesmente não sei o que esperar. Moem-me a cabeça e confundem-me imenso. Adorava adivinhar o que vai dentro dessas mentes.
A todos os meus amigos, o meu muito obrigado e reconhecimento. A todos os outros...
E com isto me despeço, sabendo que hoje posso dormir descansado e de consciência tranquila.
Até breve amigo/a ( ? )...
terça-feira, março 08, 2005
Hipocrisia é mal que eu não entendo
Hoje paro mais uma vez com a Insónia para um desabafo.
Eu acho imensa piada à mente humana. As pessoas passam o tempo em crianças a querer ser adultos... e depois chegam a adultos (teoricamente) e o que dá? Asneira da grossa... mas digo isto apenas das pessoas que se acham adultas. Passo a explicar: para mim um adulto não se esconde atrás de verdades forjadas e incutidas a si mesmo para fugir aos problemas, um adulto resolve os seus problemas olhos nos olhos, enfrenta as consequências dos actos para o bem e para o mal e acima de tudo pensa antes de agir. Hoje vejo que as pessoas tornam-se adultas a diferentes ritmos. Não é uma lei que diz que aos 18 anos uma pessoa passa a maior de idade e subitamente é adulto. Não... há pessoas com 15 e 16 anos têm mais cabeça e são mais Homens com H bem grande que muita gente de 18, 19, 20, 21, etc., etc. anos. Entristece-me ver a hipocrisia e falta de bom senso que impera sobre os supostos futuros lideres do nosso país... mas que se pode fazer? Apenas aperceber-se da realidade e tratar as crianças como crianças e os adultos como adultos. E é isto que faz os adultos rotular a geração de rasca. E não são os gunas e os putos perdidos que fazem a geração rasca. São as pessoas que têm capacidade e possibilidade para serem mais do que são e que ficam-se pelo mediocridade. Eu consigo distinguir as coisas e não por todos no mesmo saco, porque felizmente olho à minha volta e vejo muitos adultos.
Hipocrisia é mal que eu não entendo!
Eu acho imensa piada à mente humana. As pessoas passam o tempo em crianças a querer ser adultos... e depois chegam a adultos (teoricamente) e o que dá? Asneira da grossa... mas digo isto apenas das pessoas que se acham adultas. Passo a explicar: para mim um adulto não se esconde atrás de verdades forjadas e incutidas a si mesmo para fugir aos problemas, um adulto resolve os seus problemas olhos nos olhos, enfrenta as consequências dos actos para o bem e para o mal e acima de tudo pensa antes de agir. Hoje vejo que as pessoas tornam-se adultas a diferentes ritmos. Não é uma lei que diz que aos 18 anos uma pessoa passa a maior de idade e subitamente é adulto. Não... há pessoas com 15 e 16 anos têm mais cabeça e são mais Homens com H bem grande que muita gente de 18, 19, 20, 21, etc., etc. anos. Entristece-me ver a hipocrisia e falta de bom senso que impera sobre os supostos futuros lideres do nosso país... mas que se pode fazer? Apenas aperceber-se da realidade e tratar as crianças como crianças e os adultos como adultos. E é isto que faz os adultos rotular a geração de rasca. E não são os gunas e os putos perdidos que fazem a geração rasca. São as pessoas que têm capacidade e possibilidade para serem mais do que são e que ficam-se pelo mediocridade. Eu consigo distinguir as coisas e não por todos no mesmo saco, porque felizmente olho à minha volta e vejo muitos adultos.
Hipocrisia é mal que eu não entendo!
quinta-feira, março 03, 2005
Uma pausa na Insónia
Minha querida .....,
Faz hoje 40 anos que trocamos votos no altar daquela Igreja perdida no meio do Bom Jesus.
Apesar da memória, hoje em dia, já me atraiçoar em certos assuntos, jamais esquecerei aquele dia no café em que nos conhecemos. Quando eu cheguei já lá estavas em amena cavaqueira com a nossa amiga Mariana. Desde esse momento que nunca mais consegui desviar o meu olhar de ti. Os teus grandes olhos castanhos penetravam-me a mente, e eu não consegui dizer-te uma única palavra. Foi o momento mais angustiante da minha vida. Eu sabia que ali, à minha frente, estava a pessoa que me completava e me tornaria invencível e nada me saía. Apenas a cumplicidade do silêncio. Hoje dou graças a Deus, por ser daquelas poucas pessoas, que conseguem encontrar a sua cara-metade.
Gosto de tudo em ti. Da maneira como pensas, da tua voz, de como dizes que não, de como dizes que sim, do jeito que fazes quando cozinhas, do sinal que tens que mais ninguém conhece. Gosto de nós. Gosto de como não precisas de dizer nada para saber o que pensas, gosto do nosso almoço dominical no "Cantinho do Zé", gosto de passear na rua contigo de mão dada, olhando as pessoas que com desdém observam o nosso amor!
Cada dia que passa amo-te mais... Se fosse um balão e o amor fosse ar, com certeza já teria rebentado. AMO-TE. Não tenho palavras para dizer o que sinto por ti. É algo de superior, de transcendental. E cada dia vou-te conhecendo melhor. Todos os dias encontro mais um pormenor que tens e que fazes e que amo. Somos priveligiados!
Amo-te!
Nota: não gostei muito de como saiu este texto... mas pronto... fica para aí...
Faz hoje 40 anos que trocamos votos no altar daquela Igreja perdida no meio do Bom Jesus.
Apesar da memória, hoje em dia, já me atraiçoar em certos assuntos, jamais esquecerei aquele dia no café em que nos conhecemos. Quando eu cheguei já lá estavas em amena cavaqueira com a nossa amiga Mariana. Desde esse momento que nunca mais consegui desviar o meu olhar de ti. Os teus grandes olhos castanhos penetravam-me a mente, e eu não consegui dizer-te uma única palavra. Foi o momento mais angustiante da minha vida. Eu sabia que ali, à minha frente, estava a pessoa que me completava e me tornaria invencível e nada me saía. Apenas a cumplicidade do silêncio. Hoje dou graças a Deus, por ser daquelas poucas pessoas, que conseguem encontrar a sua cara-metade.
Gosto de tudo em ti. Da maneira como pensas, da tua voz, de como dizes que não, de como dizes que sim, do jeito que fazes quando cozinhas, do sinal que tens que mais ninguém conhece. Gosto de nós. Gosto de como não precisas de dizer nada para saber o que pensas, gosto do nosso almoço dominical no "Cantinho do Zé", gosto de passear na rua contigo de mão dada, olhando as pessoas que com desdém observam o nosso amor!
Cada dia que passa amo-te mais... Se fosse um balão e o amor fosse ar, com certeza já teria rebentado. AMO-TE. Não tenho palavras para dizer o que sinto por ti. É algo de superior, de transcendental. E cada dia vou-te conhecendo melhor. Todos os dias encontro mais um pormenor que tens e que fazes e que amo. Somos priveligiados!
Amo-te!
Nota: não gostei muito de como saiu este texto... mas pronto... fica para aí...
quarta-feira, março 02, 2005
Insónia ( X )
(continuação)
O fim de semana passa a voar… Chegamos ao aeroporto às 20h… Decidimos que cada um vai para casa em táxis separados…
O meu táxi não vai para minha casa… Vai directo para casa da Ana…
E agora? cá estou eu outra vez a tentar acertar as minhas ideias acerca do que é o amor ideal...
Toda a nossa vida somos bombardeados com histórias intermináveis de amor em que tudo corre bem e ambos vivem felizes para sempre... A história do rapaz que se apaixona pela rapariga mas que as famílias não querem, a história do rapaz que se apaixona pela rapariga mas que não sabe, e no último minuto descobre e ainda a conquista. O velho que descobre o amor num canto escondido do Universo. Enfim... Será que em Hollywood só há casais felizes? Estará isso apenas ao alcance de alguns seres predestinados... Nós os meros mortais conseguiremos alcançar a parte do "... e viveram felizes para sempre...". Analiso todos os factos e a resposta é fácil: "Não!!!". Todos os dias vemos discussões intermináveis entre casais e o número de divórcios aumenta irremediavelmente. Tudo isto leva-me a pensar para quê o amor e paixão se o nosso único objectivo é fazer com que a raça humana habite mais uns anitos na Terra...
O problema é o meu lado romântico... Olho para o que disse antes e penso... Não pode ser! O nosso objectivo na vida não pode ser o mesmo que o resto dos animais que se limitam a "amar" para dar continuidade à espécie... Que mundo cinzento seria esse... Ponho-me a pensar em todas as coisas belas que nos são oferecidas, como o nascer e o por de sol... e dou por mim a ver aqueles casais de velhotes sentados num banco de jardim com ar de adolescentes que vivem o primeiro amor... vejo um casal babado que passeia o seu filhote à beira mar, sorridentes, como que a mostrar ao mundo que o seu descendente é o melhor à face da Terra... e depois penso em todas as grandes lendas da História do amor, como D. Pedro e D. Inês de Castro, Romeu e Julieta e tantos outros... e finalmente grito: "Não pode ser!" Se não existisse o amor eterno, estes factos que enumerei não seriam possíveis... Estas histórias não existiriam... Sorrio! O meu lado romântico foi mais forte que a minha razão! Depois desta batalha entre os dois lados, o que mais luz traz à minha vida ganhou! Só me falta saber se ela é mesmo a tal... Vou apostar forte… Porque outro motivo andava atrás de uma mulher há mais de seis meses?
O elevador leva-me até ao quinto andar…
- Olá! Antes que possas dizer alguma coisa tenho de te dizer uma coisa…
E surge um demorado beijo… Os seus lábios são como seda… Ao tempo que este momento se me escapava… E foi mesmo perfeito…
O fim de semana passa a voar… Chegamos ao aeroporto às 20h… Decidimos que cada um vai para casa em táxis separados…
O meu táxi não vai para minha casa… Vai directo para casa da Ana…
E agora? cá estou eu outra vez a tentar acertar as minhas ideias acerca do que é o amor ideal...
Toda a nossa vida somos bombardeados com histórias intermináveis de amor em que tudo corre bem e ambos vivem felizes para sempre... A história do rapaz que se apaixona pela rapariga mas que as famílias não querem, a história do rapaz que se apaixona pela rapariga mas que não sabe, e no último minuto descobre e ainda a conquista. O velho que descobre o amor num canto escondido do Universo. Enfim... Será que em Hollywood só há casais felizes? Estará isso apenas ao alcance de alguns seres predestinados... Nós os meros mortais conseguiremos alcançar a parte do "... e viveram felizes para sempre...". Analiso todos os factos e a resposta é fácil: "Não!!!". Todos os dias vemos discussões intermináveis entre casais e o número de divórcios aumenta irremediavelmente. Tudo isto leva-me a pensar para quê o amor e paixão se o nosso único objectivo é fazer com que a raça humana habite mais uns anitos na Terra...
O problema é o meu lado romântico... Olho para o que disse antes e penso... Não pode ser! O nosso objectivo na vida não pode ser o mesmo que o resto dos animais que se limitam a "amar" para dar continuidade à espécie... Que mundo cinzento seria esse... Ponho-me a pensar em todas as coisas belas que nos são oferecidas, como o nascer e o por de sol... e dou por mim a ver aqueles casais de velhotes sentados num banco de jardim com ar de adolescentes que vivem o primeiro amor... vejo um casal babado que passeia o seu filhote à beira mar, sorridentes, como que a mostrar ao mundo que o seu descendente é o melhor à face da Terra... e depois penso em todas as grandes lendas da História do amor, como D. Pedro e D. Inês de Castro, Romeu e Julieta e tantos outros... e finalmente grito: "Não pode ser!" Se não existisse o amor eterno, estes factos que enumerei não seriam possíveis... Estas histórias não existiriam... Sorrio! O meu lado romântico foi mais forte que a minha razão! Depois desta batalha entre os dois lados, o que mais luz traz à minha vida ganhou! Só me falta saber se ela é mesmo a tal... Vou apostar forte… Porque outro motivo andava atrás de uma mulher há mais de seis meses?
O elevador leva-me até ao quinto andar…
- Olá! Antes que possas dizer alguma coisa tenho de te dizer uma coisa…
E surge um demorado beijo… Os seus lábios são como seda… Ao tempo que este momento se me escapava… E foi mesmo perfeito…
quinta-feira, fevereiro 24, 2005
Insónia ( IX )
(continuação)
A hora do espectaculo chega num instante...
Tenho de fazer 1 tradução e resumo disto…mas fica nesta estrutura…
ACT I: Seville, 1600s. At night, outside the Commendatore's palace, Leporello grumbles about his duties as servant to Don Giovanni, a dissolute nobleman. Soon the masked Don appears, pursued by Donna Anna, the Commendatore's daughter, whom he has tried to seduce. When the Commendatore himself answers Anna's cries, he is killed in a duel by Giovanni, who escapes. Anna now returns with her fiancé, Don Ottavio. Finding her father dead, she makes Ottavio swear vengeance on the assassin. At dawn, Giovanni flirts with a high-strung traveler outside a tavern. She turns out to be Donna Elvira, a woman he once seduced in Burgos, who is on his trail. Giovanni escapes while Leporello distracts Elvira by reciting his master's long catalog of conquests. Peasants arrive, celebrating the nuptials of their friends Zerlina and Masetto; when Giovanni joins in, he pursues the bride, angering the groom, who is removed by Leporello. Alone with Zerlina, the Don applies his charm, but Elvira interrupts and protectively whisks the girl away. When Elvira returns to denounce him as a seducer, Giovanni is stymied further while greeting Anna, now in mourning, and Ottavio. Declaring Elvira mad, he leads her off. Anna, having recognized his voice, realizes Giovanni was her attacker. Dressing for the wedding feast he has planned for the peasants, Giovanni exuberantly downs champagne. Outside the palace, Zerlina begs Masetto to forgive her apparent infidelity. Masetto hides when the Don appears, emerging from the shadows as Giovanni corners Zerlina. The three enter the palace together. Elvira, Anna and Ottavio arrive in dominoes and masks and are invited to the feast by Leporello. During the festivities, Leporello entices Masetto into the dance as Giovanni draws Zerlina out of the room. When the girl's cries for help put him on the spot, Giovanni tries to blame Leporello. But no one is convinced; Elvira, Anna and Ottavio unmask and confront Giovanni, who barely escapes Ottavio's drawn sword.
ACT II: Under Elvira's balcony, Leporello exchanges cloaks with Giovanni to woo the lady in his master's stead. Leporello leads Elvira off, leaving the Don free to serenade Elvira's maid. When Masetto passes with a band of armed peasants bent on punishing Giovanni, the disguised rake gives them false directions, then beats up Masetto. Zerlina arrives and tenderly consoles her betrothed. In a passageway, Elvira and Leporello are surprised by Anna, Ottavio, Zerlina and Masetto, who, mistaking servant for master, threaten Leporello. Frightened, he unmasks and escapes. When Anna departs, Ottavio affirms his confidence in their love. Elvira, frustrated at her second betrayal by the Don, voices her rage. Leporello catches up with his master in a cemetery, where a voice warns Giovanni of his doom. This is the statue of the Commendatore, which the Don proposes Leporello invite to dinner. When the servant reluctantly stammers an invitation, the statue accepts. In her home, Anna, still in mourning, puts off Ottavio's offer of marriage until her father is avenged. Leporello is serving Giovanni's dinner when Elvira rushes in, begging the Don, whom she still loves, to reform. But he waves her out contemptuously. At the door, her screams announce the Commendatore's statue. Giovanni boldly refuses warnings to repent, even in the face of death. Flames engulf his house, and the sinner is dragged to hell. Among the castle ruins, the others plan their future and recite the moral: such is the fate of a wrongdoer.
Espectacular! Adorei… Saímos do recinto totalmente excitados. Não conseguimos parar de falar… Chegamos ao quarto hotel em segundos… Vestimos os pijamas e deitamo-nos…
Por breves minutos o silencio é total… Não tenho sono nenhum… Decido ligar a luz do telemóvel para ver que horas são…
- Ainda estás acordado? – pergunta-me…
- Estou… Não tenho sono… E tu? Em que pensas para não conseguires dormir…
Este ambiente é mesmo propício a reflexões… O silêncio e escuridão de um sítio desconhecido…
- Este fim-de-semana era mesmo o que estava a precisar… Andava mesmo confusa em casa. Estou numa relação que não ata nem desata… Acho que posso confiar em ti… Desenvolvemos nestes poucos dias uma relação mesmo porreira… Nem te passa como vai a minha vida pelo Porto… O gajo é mesmo totó… Já me fartei de mandar os sinais todos… Só me falta chegar à beira dele dar-lhe um estalo e dizer-lhe “Ò estúpido… Ainda não percebeste??? Dá-me lá um beijo e vamos avançar com isto…”
Mais uma vez a história dos sinais…
- Percebo-te completamente… Estou numa situação muito idêntica… Não quero forçar nada mas a gaja parece uma tonanha… -respondo-lhe.
- Já sei… Vamos resolver o nosso problema……… ………………………… ………………………… ………………………………………………………… …………… …………………………………………………… Vamos fazer aqui um compromisso… Quando voltarmos ao Porto resolvemos o problema… Vamos expor o problema aos interessados e logo se verá no que dá… diz-me.
- Combinado…
Ficamos a falar nos assuntos tão fúteis e profundos do amor… Adormecemos ao mesmo tempo… Tiraram-me um enorme peso dos ombros… Sinto-me muito mais leve… Foi uma conversa alucinante… Quem disse que um homem e uma mulher não podem simplesmente ser amigos? Os dois vamos provar que estão errados… Em pouco tempo tornamo-nos amigos cúmplices como há poucos… Nunca diria que conseguia falar com estes assuntos fosse com quem quer que fosse, quanto mais com uma mulher…
A hora do espectaculo chega num instante...
Tenho de fazer 1 tradução e resumo disto…mas fica nesta estrutura…
ACT I: Seville, 1600s. At night, outside the Commendatore's palace, Leporello grumbles about his duties as servant to Don Giovanni, a dissolute nobleman. Soon the masked Don appears, pursued by Donna Anna, the Commendatore's daughter, whom he has tried to seduce. When the Commendatore himself answers Anna's cries, he is killed in a duel by Giovanni, who escapes. Anna now returns with her fiancé, Don Ottavio. Finding her father dead, she makes Ottavio swear vengeance on the assassin. At dawn, Giovanni flirts with a high-strung traveler outside a tavern. She turns out to be Donna Elvira, a woman he once seduced in Burgos, who is on his trail. Giovanni escapes while Leporello distracts Elvira by reciting his master's long catalog of conquests. Peasants arrive, celebrating the nuptials of their friends Zerlina and Masetto; when Giovanni joins in, he pursues the bride, angering the groom, who is removed by Leporello. Alone with Zerlina, the Don applies his charm, but Elvira interrupts and protectively whisks the girl away. When Elvira returns to denounce him as a seducer, Giovanni is stymied further while greeting Anna, now in mourning, and Ottavio. Declaring Elvira mad, he leads her off. Anna, having recognized his voice, realizes Giovanni was her attacker. Dressing for the wedding feast he has planned for the peasants, Giovanni exuberantly downs champagne. Outside the palace, Zerlina begs Masetto to forgive her apparent infidelity. Masetto hides when the Don appears, emerging from the shadows as Giovanni corners Zerlina. The three enter the palace together. Elvira, Anna and Ottavio arrive in dominoes and masks and are invited to the feast by Leporello. During the festivities, Leporello entices Masetto into the dance as Giovanni draws Zerlina out of the room. When the girl's cries for help put him on the spot, Giovanni tries to blame Leporello. But no one is convinced; Elvira, Anna and Ottavio unmask and confront Giovanni, who barely escapes Ottavio's drawn sword.
ACT II: Under Elvira's balcony, Leporello exchanges cloaks with Giovanni to woo the lady in his master's stead. Leporello leads Elvira off, leaving the Don free to serenade Elvira's maid. When Masetto passes with a band of armed peasants bent on punishing Giovanni, the disguised rake gives them false directions, then beats up Masetto. Zerlina arrives and tenderly consoles her betrothed. In a passageway, Elvira and Leporello are surprised by Anna, Ottavio, Zerlina and Masetto, who, mistaking servant for master, threaten Leporello. Frightened, he unmasks and escapes. When Anna departs, Ottavio affirms his confidence in their love. Elvira, frustrated at her second betrayal by the Don, voices her rage. Leporello catches up with his master in a cemetery, where a voice warns Giovanni of his doom. This is the statue of the Commendatore, which the Don proposes Leporello invite to dinner. When the servant reluctantly stammers an invitation, the statue accepts. In her home, Anna, still in mourning, puts off Ottavio's offer of marriage until her father is avenged. Leporello is serving Giovanni's dinner when Elvira rushes in, begging the Don, whom she still loves, to reform. But he waves her out contemptuously. At the door, her screams announce the Commendatore's statue. Giovanni boldly refuses warnings to repent, even in the face of death. Flames engulf his house, and the sinner is dragged to hell. Among the castle ruins, the others plan their future and recite the moral: such is the fate of a wrongdoer.
Espectacular! Adorei… Saímos do recinto totalmente excitados. Não conseguimos parar de falar… Chegamos ao quarto hotel em segundos… Vestimos os pijamas e deitamo-nos…
Por breves minutos o silencio é total… Não tenho sono nenhum… Decido ligar a luz do telemóvel para ver que horas são…
- Ainda estás acordado? – pergunta-me…
- Estou… Não tenho sono… E tu? Em que pensas para não conseguires dormir…
Este ambiente é mesmo propício a reflexões… O silêncio e escuridão de um sítio desconhecido…
- Este fim-de-semana era mesmo o que estava a precisar… Andava mesmo confusa em casa. Estou numa relação que não ata nem desata… Acho que posso confiar em ti… Desenvolvemos nestes poucos dias uma relação mesmo porreira… Nem te passa como vai a minha vida pelo Porto… O gajo é mesmo totó… Já me fartei de mandar os sinais todos… Só me falta chegar à beira dele dar-lhe um estalo e dizer-lhe “Ò estúpido… Ainda não percebeste??? Dá-me lá um beijo e vamos avançar com isto…”
Mais uma vez a história dos sinais…
- Percebo-te completamente… Estou numa situação muito idêntica… Não quero forçar nada mas a gaja parece uma tonanha… -respondo-lhe.
- Já sei… Vamos resolver o nosso problema……… ………………………… ………………………… ………………………………………………………… …………… …………………………………………………… Vamos fazer aqui um compromisso… Quando voltarmos ao Porto resolvemos o problema… Vamos expor o problema aos interessados e logo se verá no que dá… diz-me.
- Combinado…
Ficamos a falar nos assuntos tão fúteis e profundos do amor… Adormecemos ao mesmo tempo… Tiraram-me um enorme peso dos ombros… Sinto-me muito mais leve… Foi uma conversa alucinante… Quem disse que um homem e uma mulher não podem simplesmente ser amigos? Os dois vamos provar que estão errados… Em pouco tempo tornamo-nos amigos cúmplices como há poucos… Nunca diria que conseguia falar com estes assuntos fosse com quem quer que fosse, quanto mais com uma mulher…
quarta-feira, fevereiro 23, 2005
Insónia ( VIII )
(continuação)
Quando lá chego já a Sofia me esperava com um bilhete na mão. Promete ser um fim de semana maravilhoso… Vamos despachar a bagagem de imediato. Ainda falta uma hora para o voo. Vamos tomar o pequeno almoço e ficamos a observar de um modo jocoso os passageiros que vão passando… Há de tudo… Os empresários, os turistas, os famigerados emigrantes que voltam ao país pensando que vão ter honras de Estado e os velhotes que vêm no aeroporto um bom sitio para passear…
Finalmente entramos no avião… E daqui a nada vem a parte que mais detesto… aquela pressão sobre os ouvidos que faz parecer que vão explodir…
Vamos dando uma vista de olhos pelas revistas que compramos quando a Sofia para numa página…
-Signo? –pergunta-me ela.
- Sou peixes… Nasci no belo dia de 25 de Fevereiro… -respondo-lhe.
- A consciência pisciana é sutil e sensível. Sem se deter em ponto nenhum, ela capta a impressão geral das situações. Donos de uma mente maleável, eles ajustam a visão e o foco dependendo de cada momento, como a lente de um fotógrafo. Sem um olhar preestabelecido, o melhor nos piscianos acontece quando não esperam nem buscam alguma coisa. É neste instante que acham… Interessante…
- Agora tu… Também quero saber… digo-lhe eu…
- Deixa cá ver… 14 de Junho… Gémeos… Gêmeos, o primeiro signo da trilogia do Ar, possui a inteligência das palavras, dos significados, da comunicação. É dele o dom de falar para o outro da maneira mais compreensível possível, explorando a linguagem em todas as suas formas: gestual, escrita e falada. Os geminianos têm a clareza de saber perguntar, buscar informações, colocar em palavras aquilo que para muitos só pode ser sentido, tocado ou imaginado.
- 14 de Junho??? Então o teu aniversário é amanhã… Ainda bem que isto aconteceu… Vou ter de te comprar um prenda…
Chegamos a Viena às 15h32 e dirigimo-nos ao hotel onde tenho a minha reserva…
O hotel está cheio de gente… Interessante… Nunca diria que houvesse tanta gente interessada em Viena nesta altura do ano…
Dirigimo-nos à recepção e peço a minha reserva e outro quarto para a Sofia… O funcionário lá consulta o seu computador e faz uma cara não muito amigável…
Num inglês com um sotaque algo esquisito diz-me:
-I’m sorry sir… We’re full… You know… There’s a major convention here… All hotels in Viena are crowded…
Ai a ironia… Não há quartos em Viena…
- Não há problema. Tens um quarto não tens? Acho que cabemos os dois nele. Não te preocupes que eu não ocupo muito espaço… -diz-me a Sofia, sempre despachada…
Falo com o funcionário acerca da possibilidade de colocar uma cama extra no quarto. Vou dormir com a Sofia… No mesmo quarto claro…
Subimos até ao terceiro andar… Quarto onze… Camas separadas… Vá lá… Vai ser mais simples do que imaginava… Nem quero pensar como seria com uma cama de casal… Assim a tentação passa a morar mais longe…
Tenho de ir fazer a minha apresentação… Combinamos estar no Hotel às 19h30 para ir almoçar…
A apresentação corre às mil maravilhas… O meu alemão e inglês não é assim tão mau… Acho que ficaram impressionados com o meu trabalho… Querem-me levar a um restaurante que dizem ser ser muito bom… Explico que tenho a Sofia à espera… Não gosto muito destes jantares mas recusar era algo rude… Espero que ela não se importe de vir almoçar com estes “fatos” todos…
Amanha é o aniversário da Sofia… Saí da reunião relativamente cedo… Vou aproveitar para ir comprar uma prenda qualquer… Vai ser complicado… Entro no táxi e peço para ir para o centro… Passamos por um edifício espectacular… Pergunto ao taxista o que é… Diz-me que é a “Wiener Staatsoper”… A ópera de Viena… Peço para parar mesmo aqui… Grande ideia… Vou comprar bilhetes para a ópera… Espero que haja uma amanha e que ainda tenha lugares… Vou até lá… Dirijo-me à bilheteira… Ainda à lugares… São algo carotes mas… É uma vez… O dinheiro é para ser gasto… Não está a fazer nada fechado no banco… Peço dois. O bilhete marca Mozart’s "Don Giovanni"… Espero que a Sofia goste da surpresa… Sempre compenso-lhe pela seca que vai apanhar no jantar de hoje…
São 19h20 quando chego ao hotel… A Sofia já cá está no quarto…
- Olá… Estou de volta… mas trago más notícias… Tenho de ir jantar com os manda-chuva aqui da zona… Queres fazer-me um favor e vir também… Detesto estas coisas… Apanho sempre cada seca…
- Vamos lá… Aproveitamos e gozamos um bocado com os totós… -diz-me descontraidamente.
- Vou ter de trocar de roupa…
- Ok. Então enquanto te trocas vou dar uma vista de olhos ao jornal na sala de espera… Quando estiveres pronta vai lá ter. –digo, lamentando-me do longo tempo que vou ter de estar à espera enquanto escolhe os sapatos que combinem com a bolsa, ponha montanhas de maquilhagem e o mais que as mulheres fazem… mulheres… Não podemos viver sem elas…
Enquanto espero vou folheando o Der Standard… Apenas meia hora depois vejo-a descer a escadaria que dá para sala de espera… Demorou pouco… E a raquítica espera a que estive sujeito, valeu a pena… Está absolutamente deslumbrante… Nem quero acreditar nos meus olhos… Os austríacos vão ficar doidos…
Chegamos ao restaurante e já lá está a tropa toda reunida… Mulheres de um lado e os homens a beber no bar enquanto um ou outro fumam um cigarro… Ainda bem que estão na Europa… Não têm de se preocupar com o valor excessivo dos cigarros causado por um qualquer embargo ao melhor produtor do mundo… Aproximo-me deles e apresento a Sofia… Parecem cães babados… mas sempre ao estilo nórdico muito respeitadores…
Que longo jantar… Já acabámos a sobremesa e estou farto de ouvir falar da recessão da economia mundial, da globalização, do Euro, do Dollar, do petróleo… Que seca… Se não fosse a conversa paralela com a Sofia, já tinha adormecido…
Subitamente a Sofia levanta-se e puxa-me…
- Ladys and gentlemen… We’re very sorry but we need to go… Our child is waiting in the Hotel and we don’t like to leave him alone for very long. We’ve enjoyed your company a lot and we hope we’ll meet again…
Nem sei o que dizer… Esta mulher não pára de me surpreender…
O resto da mesa diz que compreende perfeitamente e que acha louvável a nossa atitude… Desejam-nos boa sorte e lá nos despedimos…
Saímos do restaurante às gargalhadas… Não acredito no que acabamos de fazer… O dia já vai longo e decidimos voltar ao hotel. Já é o aniversário dela mas faço-me de despercebido…
Vestimos os pijamas e deitamo-nos… Foi um dia cansativo… Adormecemos de imediato, com o sinal de “stören Sie nicht“ no lado de fora da porta…
São duas e meia quando acordo... Deixo um recado na mesa:
„Bom Dia dorminhoca... Fui até à sala de estar dar uma vista de olhos nas noticias... Estavas a dormir tão bem que não te quis acordar... Beijinhos“
Mais uma vez dou uma olhadela ao Der Standard... Quem dera ter aqui Ojogo... Saber quais as ultimas cusquices do mundo do futebol... Estou a olhar para o jornal... mas não leio nada... Estou entregue aos pensamentos... O que é que quero? Será a Ana? Será a Sofia? Se calhar estou um pouco atraído pela Sofia devido ao impasse com a Ana... Não saímos do sítio... O que será? Não apercebo que alguém se aproxima atrás de mim... Umas mãos tapam-me os olhos...
- Adivinha quem é?
Um sorriso desenha-se de imediato na minha face...
- Hmmm... Não sei... Será a Ana?
Bolas!!! Troquei os nomes... Tenho de me desenrascar desta situação...
- Já sei... É a Inês....
- Não... a Rita...
- Ou será a Maria?
Seguro-lhe as mãos e dou-lhe os parabéns...
- Feliz aniversário... Tenho uma surpresa para ti... Vamos almoçar... És a aniversariante... Eu pago...
Vamos a um restaurantezinho no centro da cidade... A meio do almoço puxo dos bilhetes e coloco-os em cima da mesa...
-Está aqui a minha prenda... Espero que gostes...
Ela pega neles e esboça um sorriso de orelha a orelha...
- Estás maluco? Isto deve ter custado uma fortuna... Não sei se posso aceitar...
- Claro que podes... Além disso não vou ver isto sozinho... E hoje o nosso filho tem a ama do hotel por conta dele...
- Ah ah ah... Que piada... Convenceste-me. Adorei a tua prenda... Obrigado. És uma pessoa espectacular!
Quando lá chego já a Sofia me esperava com um bilhete na mão. Promete ser um fim de semana maravilhoso… Vamos despachar a bagagem de imediato. Ainda falta uma hora para o voo. Vamos tomar o pequeno almoço e ficamos a observar de um modo jocoso os passageiros que vão passando… Há de tudo… Os empresários, os turistas, os famigerados emigrantes que voltam ao país pensando que vão ter honras de Estado e os velhotes que vêm no aeroporto um bom sitio para passear…
Finalmente entramos no avião… E daqui a nada vem a parte que mais detesto… aquela pressão sobre os ouvidos que faz parecer que vão explodir…
Vamos dando uma vista de olhos pelas revistas que compramos quando a Sofia para numa página…
-Signo? –pergunta-me ela.
- Sou peixes… Nasci no belo dia de 25 de Fevereiro… -respondo-lhe.
- A consciência pisciana é sutil e sensível. Sem se deter em ponto nenhum, ela capta a impressão geral das situações. Donos de uma mente maleável, eles ajustam a visão e o foco dependendo de cada momento, como a lente de um fotógrafo. Sem um olhar preestabelecido, o melhor nos piscianos acontece quando não esperam nem buscam alguma coisa. É neste instante que acham… Interessante…
- Agora tu… Também quero saber… digo-lhe eu…
- Deixa cá ver… 14 de Junho… Gémeos… Gêmeos, o primeiro signo da trilogia do Ar, possui a inteligência das palavras, dos significados, da comunicação. É dele o dom de falar para o outro da maneira mais compreensível possível, explorando a linguagem em todas as suas formas: gestual, escrita e falada. Os geminianos têm a clareza de saber perguntar, buscar informações, colocar em palavras aquilo que para muitos só pode ser sentido, tocado ou imaginado.
- 14 de Junho??? Então o teu aniversário é amanhã… Ainda bem que isto aconteceu… Vou ter de te comprar um prenda…
Chegamos a Viena às 15h32 e dirigimo-nos ao hotel onde tenho a minha reserva…
O hotel está cheio de gente… Interessante… Nunca diria que houvesse tanta gente interessada em Viena nesta altura do ano…
Dirigimo-nos à recepção e peço a minha reserva e outro quarto para a Sofia… O funcionário lá consulta o seu computador e faz uma cara não muito amigável…
Num inglês com um sotaque algo esquisito diz-me:
-I’m sorry sir… We’re full… You know… There’s a major convention here… All hotels in Viena are crowded…
Ai a ironia… Não há quartos em Viena…
- Não há problema. Tens um quarto não tens? Acho que cabemos os dois nele. Não te preocupes que eu não ocupo muito espaço… -diz-me a Sofia, sempre despachada…
Falo com o funcionário acerca da possibilidade de colocar uma cama extra no quarto. Vou dormir com a Sofia… No mesmo quarto claro…
Subimos até ao terceiro andar… Quarto onze… Camas separadas… Vá lá… Vai ser mais simples do que imaginava… Nem quero pensar como seria com uma cama de casal… Assim a tentação passa a morar mais longe…
Tenho de ir fazer a minha apresentação… Combinamos estar no Hotel às 19h30 para ir almoçar…
A apresentação corre às mil maravilhas… O meu alemão e inglês não é assim tão mau… Acho que ficaram impressionados com o meu trabalho… Querem-me levar a um restaurante que dizem ser ser muito bom… Explico que tenho a Sofia à espera… Não gosto muito destes jantares mas recusar era algo rude… Espero que ela não se importe de vir almoçar com estes “fatos” todos…
Amanha é o aniversário da Sofia… Saí da reunião relativamente cedo… Vou aproveitar para ir comprar uma prenda qualquer… Vai ser complicado… Entro no táxi e peço para ir para o centro… Passamos por um edifício espectacular… Pergunto ao taxista o que é… Diz-me que é a “Wiener Staatsoper”… A ópera de Viena… Peço para parar mesmo aqui… Grande ideia… Vou comprar bilhetes para a ópera… Espero que haja uma amanha e que ainda tenha lugares… Vou até lá… Dirijo-me à bilheteira… Ainda à lugares… São algo carotes mas… É uma vez… O dinheiro é para ser gasto… Não está a fazer nada fechado no banco… Peço dois. O bilhete marca Mozart’s "Don Giovanni"… Espero que a Sofia goste da surpresa… Sempre compenso-lhe pela seca que vai apanhar no jantar de hoje…
São 19h20 quando chego ao hotel… A Sofia já cá está no quarto…
- Olá… Estou de volta… mas trago más notícias… Tenho de ir jantar com os manda-chuva aqui da zona… Queres fazer-me um favor e vir também… Detesto estas coisas… Apanho sempre cada seca…
- Vamos lá… Aproveitamos e gozamos um bocado com os totós… -diz-me descontraidamente.
- Vou ter de trocar de roupa…
- Ok. Então enquanto te trocas vou dar uma vista de olhos ao jornal na sala de espera… Quando estiveres pronta vai lá ter. –digo, lamentando-me do longo tempo que vou ter de estar à espera enquanto escolhe os sapatos que combinem com a bolsa, ponha montanhas de maquilhagem e o mais que as mulheres fazem… mulheres… Não podemos viver sem elas…
Enquanto espero vou folheando o Der Standard… Apenas meia hora depois vejo-a descer a escadaria que dá para sala de espera… Demorou pouco… E a raquítica espera a que estive sujeito, valeu a pena… Está absolutamente deslumbrante… Nem quero acreditar nos meus olhos… Os austríacos vão ficar doidos…
Chegamos ao restaurante e já lá está a tropa toda reunida… Mulheres de um lado e os homens a beber no bar enquanto um ou outro fumam um cigarro… Ainda bem que estão na Europa… Não têm de se preocupar com o valor excessivo dos cigarros causado por um qualquer embargo ao melhor produtor do mundo… Aproximo-me deles e apresento a Sofia… Parecem cães babados… mas sempre ao estilo nórdico muito respeitadores…
Que longo jantar… Já acabámos a sobremesa e estou farto de ouvir falar da recessão da economia mundial, da globalização, do Euro, do Dollar, do petróleo… Que seca… Se não fosse a conversa paralela com a Sofia, já tinha adormecido…
Subitamente a Sofia levanta-se e puxa-me…
- Ladys and gentlemen… We’re very sorry but we need to go… Our child is waiting in the Hotel and we don’t like to leave him alone for very long. We’ve enjoyed your company a lot and we hope we’ll meet again…
Nem sei o que dizer… Esta mulher não pára de me surpreender…
O resto da mesa diz que compreende perfeitamente e que acha louvável a nossa atitude… Desejam-nos boa sorte e lá nos despedimos…
Saímos do restaurante às gargalhadas… Não acredito no que acabamos de fazer… O dia já vai longo e decidimos voltar ao hotel. Já é o aniversário dela mas faço-me de despercebido…
Vestimos os pijamas e deitamo-nos… Foi um dia cansativo… Adormecemos de imediato, com o sinal de “stören Sie nicht“ no lado de fora da porta…
São duas e meia quando acordo... Deixo um recado na mesa:
„Bom Dia dorminhoca... Fui até à sala de estar dar uma vista de olhos nas noticias... Estavas a dormir tão bem que não te quis acordar... Beijinhos“
Mais uma vez dou uma olhadela ao Der Standard... Quem dera ter aqui Ojogo... Saber quais as ultimas cusquices do mundo do futebol... Estou a olhar para o jornal... mas não leio nada... Estou entregue aos pensamentos... O que é que quero? Será a Ana? Será a Sofia? Se calhar estou um pouco atraído pela Sofia devido ao impasse com a Ana... Não saímos do sítio... O que será? Não apercebo que alguém se aproxima atrás de mim... Umas mãos tapam-me os olhos...
- Adivinha quem é?
Um sorriso desenha-se de imediato na minha face...
- Hmmm... Não sei... Será a Ana?
Bolas!!! Troquei os nomes... Tenho de me desenrascar desta situação...
- Já sei... É a Inês....
- Não... a Rita...
- Ou será a Maria?
Seguro-lhe as mãos e dou-lhe os parabéns...
- Feliz aniversário... Tenho uma surpresa para ti... Vamos almoçar... És a aniversariante... Eu pago...
Vamos a um restaurantezinho no centro da cidade... A meio do almoço puxo dos bilhetes e coloco-os em cima da mesa...
-Está aqui a minha prenda... Espero que gostes...
Ela pega neles e esboça um sorriso de orelha a orelha...
- Estás maluco? Isto deve ter custado uma fortuna... Não sei se posso aceitar...
- Claro que podes... Além disso não vou ver isto sozinho... E hoje o nosso filho tem a ama do hotel por conta dele...
- Ah ah ah... Que piada... Convenceste-me. Adorei a tua prenda... Obrigado. És uma pessoa espectacular!
quinta-feira, fevereiro 17, 2005
Insónia ( VII )
(continuação)
Em dez minutos estou em casa dela… Mora na Foz… Ainda bem que é noite, senão o transito ia ser impossível…
- Olá miúda! , digo sorrindo, não se passa nada de especial pois não?
- Olá… Não… não é nada demais… Falamos no café…
Durante, a interminável viagem de dez minutos até ao Lais de Guia (mais uma bar à beira praia…), tento quebrar aquele ambiente algo pesado falando da minha viagem para a Áustria… Claro que não menciono a Sofia… Sinto-me algo mal com isso… Mas não estou a mentir em nada… Apenas omito a verdade… Claro que acho que estamos interessados um no outro, mas não temos nenhum compromisso… Além disso, a Sofia é só uma amiga bem recente…
- Ah… Vais amanhã apresentar um trabalho para a Áustria… Muito bem… -diz com um ar algo desiludido…
Não percebo… Devia ter feliz com o meu sucesso…
Enfim chegamos ao bar… Como de costume temos de esperar uns dez minutos por uma mesa. Mais dez minutos de conversa de chacha que não leva a lado nenhum… Os alunos dela que começam a andar com a cabeça em água por causa dos exames, a minha possibilidade de promoção…
Avisto uma mesa no canto… Perfeito… Mesmo o que era preciso para conversar intimamente…
Lá vem o empregado… Ela como sempre, pede a sua água tónica… Já começo a saber muitos dos hábitos… Também é normal ao fim de seis meses… Pensando bem não sei se é normal… Eu lá peço um Ginger Ale e dou tempo para ela começar a falar.
- Então amanha vais passear… Isso muda totalmente as circunstâncias… Não te queria deixar a pensar no que vou dizer com um trabalho tão importante para fazeres… - diz-me sadicamente…
Circunstâncias… Quais circunstâncias? E não dizer nada também não me vai deixar a matutar? Só me deixar maluco era se dissesse que queria assumir uma relação mais séria... ou que tinha descoberto que tinha uma doença mortal…
- Olha Ana.... Podes confiar em mim. Sabes que sou uma pessoa totalmente calma, racional e com um auto-controlo muito grande. Acho que podes dizer-me o que nos trouxe aqui… (Agora é que reparo… Duas saídas na mesma semana sem bengala… Deve ser inédito…)
-Francisco… Não me ia sentir nada bem se te dissesse agora… Por favor tenta compreender… É um assunto sério mas que pode esperar…
Esperar… Se pudesse esperar, ter-me-ia telefonado aquela hora para irmos tomar café? Não gosto nada de forçar as coisas… Não vai ser agora que vou começar…
- Ok. Tu é que sabes… Vamos então aproveitar para falar de coisas alegres e divertirmo-nos um pouco. –digo não muito confiante.
Mais uns minutos de conversa de chacha e dou a desculpa que tenho de me deitar cedo por causa da viagem…
Levo-a a casa e vou directo para a cama… Ainda fico uns minutos a pensar na revelação extraordinária que a Ana tem para me dizer mas depressa entrego-me ao mundo dos sonhos.
“Parava no café quando eu lá estava… A voz tinha o talento dos pedintes… Entre um e cigarro e outro, lá cravava a bica ao melhor dos seus ouvintes…” São as primeiras palavras que ouço no dia… Que sorte o rádio que me servia de despertador tocava os Loucos de Lisboa dos Ala dos Namorados…
Chamo um táxi e mando-o para o aeroporto…
Em dez minutos estou em casa dela… Mora na Foz… Ainda bem que é noite, senão o transito ia ser impossível…
- Olá miúda! , digo sorrindo, não se passa nada de especial pois não?
- Olá… Não… não é nada demais… Falamos no café…
Durante, a interminável viagem de dez minutos até ao Lais de Guia (mais uma bar à beira praia…), tento quebrar aquele ambiente algo pesado falando da minha viagem para a Áustria… Claro que não menciono a Sofia… Sinto-me algo mal com isso… Mas não estou a mentir em nada… Apenas omito a verdade… Claro que acho que estamos interessados um no outro, mas não temos nenhum compromisso… Além disso, a Sofia é só uma amiga bem recente…
- Ah… Vais amanhã apresentar um trabalho para a Áustria… Muito bem… -diz com um ar algo desiludido…
Não percebo… Devia ter feliz com o meu sucesso…
Enfim chegamos ao bar… Como de costume temos de esperar uns dez minutos por uma mesa. Mais dez minutos de conversa de chacha que não leva a lado nenhum… Os alunos dela que começam a andar com a cabeça em água por causa dos exames, a minha possibilidade de promoção…
Avisto uma mesa no canto… Perfeito… Mesmo o que era preciso para conversar intimamente…
Lá vem o empregado… Ela como sempre, pede a sua água tónica… Já começo a saber muitos dos hábitos… Também é normal ao fim de seis meses… Pensando bem não sei se é normal… Eu lá peço um Ginger Ale e dou tempo para ela começar a falar.
- Então amanha vais passear… Isso muda totalmente as circunstâncias… Não te queria deixar a pensar no que vou dizer com um trabalho tão importante para fazeres… - diz-me sadicamente…
Circunstâncias… Quais circunstâncias? E não dizer nada também não me vai deixar a matutar? Só me deixar maluco era se dissesse que queria assumir uma relação mais séria... ou que tinha descoberto que tinha uma doença mortal…
- Olha Ana.... Podes confiar em mim. Sabes que sou uma pessoa totalmente calma, racional e com um auto-controlo muito grande. Acho que podes dizer-me o que nos trouxe aqui… (Agora é que reparo… Duas saídas na mesma semana sem bengala… Deve ser inédito…)
-Francisco… Não me ia sentir nada bem se te dissesse agora… Por favor tenta compreender… É um assunto sério mas que pode esperar…
Esperar… Se pudesse esperar, ter-me-ia telefonado aquela hora para irmos tomar café? Não gosto nada de forçar as coisas… Não vai ser agora que vou começar…
- Ok. Tu é que sabes… Vamos então aproveitar para falar de coisas alegres e divertirmo-nos um pouco. –digo não muito confiante.
Mais uns minutos de conversa de chacha e dou a desculpa que tenho de me deitar cedo por causa da viagem…
Levo-a a casa e vou directo para a cama… Ainda fico uns minutos a pensar na revelação extraordinária que a Ana tem para me dizer mas depressa entrego-me ao mundo dos sonhos.
“Parava no café quando eu lá estava… A voz tinha o talento dos pedintes… Entre um e cigarro e outro, lá cravava a bica ao melhor dos seus ouvintes…” São as primeiras palavras que ouço no dia… Que sorte o rádio que me servia de despertador tocava os Loucos de Lisboa dos Ala dos Namorados…
Chamo um táxi e mando-o para o aeroporto…
segunda-feira, fevereiro 14, 2005
Insónia ( VI )
(continuação)
Esta quinta-feira está a ser avassaladora… Já vou a meio da tarde e já analisei os relatórios das outras equipas e comecei a preparação da apresentação para os “senhores” de Viena… Não me posso esquecer de telefonar à Sofia a combinar o nosso cafezinho… Parece que não é comprometida… Caso fosse com certeza não iria tomar um café depois de jantar comigo…
- Allô, Sofia. É o Francisco…
- Olá Sr. Eng. Está tudo bem?
-Ah ah. Está tudo bem! Logo sempre vamos tomar um cafezito?
- Claro que sim. Estava a ver que te tinhas esquecido… Sabes onde me apetecia ir? Ao Cais de Gaia…
- Perfeito! Gosto muito dessa zona. Às 21h30 está bom para ti?
- Ok. Pode ser. E fazemos assim. O primeiro a chegar senta-se numa esplanada ao ar livre, claro, e manda uma mensagem ao outro a dizer onde está.
- Fica combinado então. Até logo Sofia.
- Até logo. Beijinhos…
Estou estafado… Já são 20h45… Não vou ter tempo para jantar… Vou directo para o Cais apesar de ser ainda um pouco cedo…
Chego quando o ponteiro grande aponta para o cinco e o seu irmão para o nove… Sento-me numa esplanada virada para rio… O Porto é mesmo uma cidade mágica e encantadora… Aproveito para folhear a Quo enquanto espero… Este mês: treze métodos anti-stress recomendados pela OMS, transplantes em Portugal e Dossiê Design… Finalmente algumas boas notícias. Portugal está em 4º lugar por milhão de habitante no que respeita a doações… Um artigo chama-me a atenção… Uma comparação… Para onde um homem dirige olhar em primeiro lugar e depois a mulher… Não concordo muito com os resultados mas… Entretanto está a ficar na hora do encontro… Mando a mensagem a dizer onde estou e interiormente começa a ficar algo ansioso, antecipando o encontro…
Sinto um toque no ombro… É a Sofia… De repente o Cais iluminou-se… Há pessoas que têm esse dom… Iluminam todos os sítios onde estão… A Sofia é uma delas…
- Olá! O dia correu bem? – pergunto-lhe.
- Olá! Correu. Estou mesmo cansada… Ando a precisar de uma escapadela… Descansar um bocadinho… - responde-me
Enquanto sorrio respondo:
- Amanhã vou para Viena… Vou apresentar um produto ao fim da tarde e depois fico por lá a passear até segunda-feira…
- A sério? Estás a gozar comigo… Adorava visitar Viena… Sempre achei que era uma cidade com uma mística fantástica… Ir ver ópera… Também quero ir…
- Então anda… O voo não deve estar cheio… E depois arranjas por lá hotel… -digo-lhe.
- É uma oferta tentadora… Estou mesmo a precisar de desanuviar. Acho que vou aceitar… - responde-me.
O quê??? Ela não pode estar a falar a sério… Resolvo continuar a brincadeira…
- Ok. Então fazemos assim: o voo é as 16h30. Amanhã acordamos cedo, vamos para o aeroporto lá para as 10h30, compramos o teu bilhete e almoçamos por lá…
- Por mim está bom…
Será que está mesmo a brincar… tenho de saber…
- Estás a falar mesmo a sério? Podes vir? Agora estou confuso…
- Claro que estou… Tu não? – responde-me com uma naturalidade surpreendente.
- Eu estou…
É incrível… Conheço-a há dois dias e já tomou mais decisões que a Ana nuns poucos de meses…
Combinamos então como vamos fazer no dia seguinte, e despedimo-nos com um sorriso nos lábios e um brilho nos olhos…
Ainda é relativamente cedo quando chego a casa… São apenas 23h00. O saxofone olha para mim… Dirjo-me para ele… Está mesmo a apetecer-me tocar um pouco… Nesse momento toca o telefone… Estremeço da cabeça aos pés… Vai ser a Sofia a dizer que afinal não pode ir…
- Allô…
- Estou sim… Francisco? Daqui é a Ana… Preciso mesmo de falar contigo… Ontem, no jantar não te disse o verdadeiro motivo pelo qual te pedi para falar… Já tinha decidido o que fazer acerca do emprego há muito tempo… Posso passar em tua casa? Ou vamos tomar café a qualquer lado…
- Claro! Faz como quiseres… Se quiseres ir antes tomar café a qualquer lado passo em tua casa…
- Vamos a Leça então… Passa por cá então…
Esta quinta-feira está a ser avassaladora… Já vou a meio da tarde e já analisei os relatórios das outras equipas e comecei a preparação da apresentação para os “senhores” de Viena… Não me posso esquecer de telefonar à Sofia a combinar o nosso cafezinho… Parece que não é comprometida… Caso fosse com certeza não iria tomar um café depois de jantar comigo…
- Allô, Sofia. É o Francisco…
- Olá Sr. Eng. Está tudo bem?
-Ah ah. Está tudo bem! Logo sempre vamos tomar um cafezito?
- Claro que sim. Estava a ver que te tinhas esquecido… Sabes onde me apetecia ir? Ao Cais de Gaia…
- Perfeito! Gosto muito dessa zona. Às 21h30 está bom para ti?
- Ok. Pode ser. E fazemos assim. O primeiro a chegar senta-se numa esplanada ao ar livre, claro, e manda uma mensagem ao outro a dizer onde está.
- Fica combinado então. Até logo Sofia.
- Até logo. Beijinhos…
Estou estafado… Já são 20h45… Não vou ter tempo para jantar… Vou directo para o Cais apesar de ser ainda um pouco cedo…
Chego quando o ponteiro grande aponta para o cinco e o seu irmão para o nove… Sento-me numa esplanada virada para rio… O Porto é mesmo uma cidade mágica e encantadora… Aproveito para folhear a Quo enquanto espero… Este mês: treze métodos anti-stress recomendados pela OMS, transplantes em Portugal e Dossiê Design… Finalmente algumas boas notícias. Portugal está em 4º lugar por milhão de habitante no que respeita a doações… Um artigo chama-me a atenção… Uma comparação… Para onde um homem dirige olhar em primeiro lugar e depois a mulher… Não concordo muito com os resultados mas… Entretanto está a ficar na hora do encontro… Mando a mensagem a dizer onde estou e interiormente começa a ficar algo ansioso, antecipando o encontro…
Sinto um toque no ombro… É a Sofia… De repente o Cais iluminou-se… Há pessoas que têm esse dom… Iluminam todos os sítios onde estão… A Sofia é uma delas…
- Olá! O dia correu bem? – pergunto-lhe.
- Olá! Correu. Estou mesmo cansada… Ando a precisar de uma escapadela… Descansar um bocadinho… - responde-me
Enquanto sorrio respondo:
- Amanhã vou para Viena… Vou apresentar um produto ao fim da tarde e depois fico por lá a passear até segunda-feira…
- A sério? Estás a gozar comigo… Adorava visitar Viena… Sempre achei que era uma cidade com uma mística fantástica… Ir ver ópera… Também quero ir…
- Então anda… O voo não deve estar cheio… E depois arranjas por lá hotel… -digo-lhe.
- É uma oferta tentadora… Estou mesmo a precisar de desanuviar. Acho que vou aceitar… - responde-me.
O quê??? Ela não pode estar a falar a sério… Resolvo continuar a brincadeira…
- Ok. Então fazemos assim: o voo é as 16h30. Amanhã acordamos cedo, vamos para o aeroporto lá para as 10h30, compramos o teu bilhete e almoçamos por lá…
- Por mim está bom…
Será que está mesmo a brincar… tenho de saber…
- Estás a falar mesmo a sério? Podes vir? Agora estou confuso…
- Claro que estou… Tu não? – responde-me com uma naturalidade surpreendente.
- Eu estou…
É incrível… Conheço-a há dois dias e já tomou mais decisões que a Ana nuns poucos de meses…
Combinamos então como vamos fazer no dia seguinte, e despedimo-nos com um sorriso nos lábios e um brilho nos olhos…
Ainda é relativamente cedo quando chego a casa… São apenas 23h00. O saxofone olha para mim… Dirjo-me para ele… Está mesmo a apetecer-me tocar um pouco… Nesse momento toca o telefone… Estremeço da cabeça aos pés… Vai ser a Sofia a dizer que afinal não pode ir…
- Allô…
- Estou sim… Francisco? Daqui é a Ana… Preciso mesmo de falar contigo… Ontem, no jantar não te disse o verdadeiro motivo pelo qual te pedi para falar… Já tinha decidido o que fazer acerca do emprego há muito tempo… Posso passar em tua casa? Ou vamos tomar café a qualquer lado…
- Claro! Faz como quiseres… Se quiseres ir antes tomar café a qualquer lado passo em tua casa…
- Vamos a Leça então… Passa por cá então…
quinta-feira, fevereiro 10, 2005
Insónia ( V )
(continuação)
Dirijo-me ao escritório do Dr. Neves para entregar o relatório. Que bom… Três e meia e já posso ir embora.
- Boa tarde Dr. Neves. Venho entregar o relatório do trabalho da minha equipa.
- Boa tarde Eng.º Ferreira. Precisava mesmo de falar consigo. Ainda bem que cá está…
Bolas! Logo hoje que queria ir embora. Espero que não seja nada de demorado…
- Sexta-feira é a apresentação do produto na sede de Viena. Infelizmente não vou poder ir apresentá-lo. Admiro muito o seu trabalho. A sua equipa é a mais eficaz e a que produz melhor trabalho entre todas as que tenho trabalho. Queria pedir-lhe para me substituir na apresentação. É claro que lhe pagamos tudo: viagem, almoços, transportes. – diz com o seu ar sereno e repousado.
- Com certeza Sr. Dr. Não tenho nada agendado. Sexta-feira terei todo o gosto em fazer a apresentação.
- Muito bem. Aqui entre nós, não sou o único a admirar o seu trabalho. Correm boatos que estão a pensar promove-lo a director de projecto. Neste dossier estão os detalhes da viagem. Infelizmente nem todas as equipas são tão eficazes como a sua. Só ao fim da tarde é que me vão enviar os relatórios finais dos restantes departamentos. Assim que os receber envio-lhe uma cópia para o seu e-mail. Áhh. É verdade… O voo de regresso é só segunda-feira, por isso aproveite o tempo na cidade. Boa sorte.
- Obrigado. Vou dar o meu melhor. - respondo
Uiii… Este dia não é normal… A sorte está comigo…
Estamos a meio de Junho. O tempo está espectacular. Resolvo então ir a casa mudar de roupa e dar um passeio a Leça… Quem sabe o que mais me poderá acontecer hoje…
Entro no bar da Praia dos Beijinhos. Vou apreciar um pouco a praia. Peço uma água tónica e entrego-me aos pensamentos. Lembro-me da Ana. Será que gosto mesmo dela? Será que não era mais um romance qualquer. É uma mulher que qualquer um gostaria… Loira, cabelo curto, olhos escuros, fanática por ginásios e dá aulas na Faculdade de Ciências… Só tem aquele problema. Que raiva… Não sei o que ela quer… E se me abstrair vejo mais uns problemazitos… Falta-lhe um pouco de espontaneidade e tem alguns hábitos diferentes dos meus… Vamos ver um concerto e lá diz-me “Não vamos ali pró meio… Aqui vê-se bem…” Isto quando estamos a dois quilómetros do palco… Há uma festa e não quer ir porque vai estar muita gente, mas depois insiste em trazer sempre os amiguinhos para jantar. E agora? cá estou eu outra vez a tentar acertar as minhas ideias acerca do que é o amor ideal...
Toda a nossa vida somos bombardeados com histórias intermináveis de amor em que tudo corre bem e ambos vivem felizes para sempre... A história do rapaz que se apaixona pela rapariga mas que as famílias não querem, a história do rapaz que se apaixona pela rapariga mas que não sabe, e no último minuto descobre e ainda a conquista. O velho que descobre o amor num canto escondido do Universo. Enfim... Será que em Hollywood só há casais felizes? Estará isso apenas ao alcance de alguns seres predestinados... Nós os meros mortais conseguiremos alcançar a parte do "... e viveram felizes para sempre...". Analiso todos os factos e a resposta é fácil: "Não!!!". Todos os dias vemos discussões intermináveis entre casais e o número de divórcios aumenta irremediavelmente. Tudo isto leva-me a pensar para quê o amor e paixão se o nosso único objectivo é fazer com que a raça humana habite mais uns anitos na Terra...
O problema é o meu lado romântico... Olho para o que disse antes e penso... Não pode ser! O nosso objectivo na vida não pode ser o mesmo que o resto dos animais que se limitam a "amar" para dar continuidade à espécie... Que mundo cinzento seria esse... Ponho-me a pensar em todas as coisas belas que nos são oferecidas, como o nascer e o por de sol... e dou por mim a ver aqueles casais de velhotes sentados num banco de jardim com ar de adolescentes que vivem o primeiro amor... vejo um casal babado que passeia o seu filhote à beira mar, sorridentes, como que a mostrar ao mundo que o seu descendente é o melhor à face da Terra... e depois penso em todas as grandes lendas da História do amor, como D. Pedro e D. Inês de Castro, Romeu e Julieta e tantos outros... e finalmente grito: "Não pode ser!" Se não existisse o amor eterno, estes factos que enumerei não seriam possíveis... Estas histórias não existiriam... Sorrio! O meu lado romântico foi mais forte que a minha razão! Depois desta batalha entre os dois lados, o que mais luz traz à minha vida ganhou! Só me falta saber se ela é mesmo a tal... Volto a pensar na Ana…. Será o que o lado romântico ganhou mesmo? Começo a pensar se não sou eu que estou a ser demasiado exigente… Se calhar aprenderei a gostar desses pequenos defeitos dela…
De repente sou chamado de novo à Terra por um grito atrás de mim:
- Eiiiiii. Olha quem é ele! Então o que fazes por aqui?
A voz é inconfundível… É do meu melhor amigo – o Gonçalo. É um tipo espectacular. Conheço-o desde criança e é o típico menino rico. Nunca fez praticamente nada na vida. O pai é dono de umas poucas de empresas em diversos sectores. Bastou-lhe tirar o curso de Gestão Empresarial e tem a vida assegurada. No entanto apesar de todo o dinheiro é uma pessoa fantástica. É uma pessoa muito simples, sempre disposta a ajudar e com um humor fantástico… mas a característica que chama a atenção a todos é ser totalmente trapalhão. Ainda por cima é um ser imponente… um metro e noventa e uns cento e muitos quilos… Agora imagina o que acontece quando simplesmente tenta levantar-se… Lá vai um copo pelo ar. Imagina pois o que é jogar futebol com ele… Tenho sempre muitas nódoas negras para contar o que se passa….
Vem acompanhado da sua namorada de longa data… Desde que eles começaram a namorar soube que era assunto sério…
Depois de formalmente cumprimentar ambos, diz-me:
- Ainda bem que te encontro aqui… Tenho uma noticia fantástica para te dar… (Ena outra…). Ontem pedi a Catarina em casamento e ela aceitou. Claro que já sabes quem vai ser o padrinho do nosso casamento... Vai ser o Pedro. Estou a brincar. Nem penses em recusar ser o padrinho do nosso casamento.
- Ehhh pá. Claro que aceito. Parabéns!!! Sempre soube que eram feitos um para o outro. – digo-lhes.
Ficamos a recordar diversos momentos e a falar sobre como vai ser a cerimónia e todos esses pormenores necessários para um casamento até as 19h20.
- Desculpem, mas vou ter de abandoná-los. Combinei ir jantar com a Ana e já estou a ficar atrasado. Depois ligo-vos para falar convosco mais atempadamente…
- Ok. Então até amanhã…
O meu carro voa até casa da Ana… Impressionantemente consigo chegar lá as 19h30…
- Olá Anokas.
-Olá Francisco. Está tudo bem contigo?
- Comigo está tudo maravilhosamente bem… O teu telefonema é que me deixou algo preocupado… Não aconteceu nada de mal pois não?
- Não te preocupes. Durante o jantar explico-te tudo…
- Ok. Queres ir jantar a algum sitio em especial? – pergunto-lhe
- Não. Decide tu.
Guio então até à Grade. Estou impaciente para saber o que ela quer…
Pedimos filetes de tamboril com salada russa, e então volto a insistir:
- Então diz lá o que se passa…
- Olha… diz-me hesitante e faz uma pausa algo demorada…
- Ofereceram-me um emprego na Fernando Pessoa. Pagam ligeiramente mais, mas estou algo receosa em deixar a Faculdade de Ciências…
Bolas… Pensava que era algo mais importante que me queria dizer… Pensava que ia dizer que queria começar uma relação a sério… Afinal era das poucas vezes que estávamos a jantar sozinhos… sem as “muletas”… Podia jurar que estava interessada em mim… Detesto esta cena dos sinais e joguinhos… Era tão mais simples se fizéssemos simplesmente como os pavões… Os machos abriam as suas penas e a fêmea escolhia as que gostava mais e pronto… assunto resolvido! Mas não… o ser humano gosta de complicar… Em vez disso vamos antes usar sinais e mensagens subliminares e esperar que o outro as compreenda… E quem não as souber ler, azar… Sai do jogo e reduz-se à sua insignificância…
Lá lhe digo o meu ponto de vista, os prós e contras e como só ela podia fazer a decisão sozinha…
Pergunto-lhe se quer ir tomar café a algum lado, mas recusa e diz que tem aulas amanhã cedo…
Foi um dia em cheio… hoje não vou ter dificuldades em adormecer…
Dirijo-me ao escritório do Dr. Neves para entregar o relatório. Que bom… Três e meia e já posso ir embora.
- Boa tarde Dr. Neves. Venho entregar o relatório do trabalho da minha equipa.
- Boa tarde Eng.º Ferreira. Precisava mesmo de falar consigo. Ainda bem que cá está…
Bolas! Logo hoje que queria ir embora. Espero que não seja nada de demorado…
- Sexta-feira é a apresentação do produto na sede de Viena. Infelizmente não vou poder ir apresentá-lo. Admiro muito o seu trabalho. A sua equipa é a mais eficaz e a que produz melhor trabalho entre todas as que tenho trabalho. Queria pedir-lhe para me substituir na apresentação. É claro que lhe pagamos tudo: viagem, almoços, transportes. – diz com o seu ar sereno e repousado.
- Com certeza Sr. Dr. Não tenho nada agendado. Sexta-feira terei todo o gosto em fazer a apresentação.
- Muito bem. Aqui entre nós, não sou o único a admirar o seu trabalho. Correm boatos que estão a pensar promove-lo a director de projecto. Neste dossier estão os detalhes da viagem. Infelizmente nem todas as equipas são tão eficazes como a sua. Só ao fim da tarde é que me vão enviar os relatórios finais dos restantes departamentos. Assim que os receber envio-lhe uma cópia para o seu e-mail. Áhh. É verdade… O voo de regresso é só segunda-feira, por isso aproveite o tempo na cidade. Boa sorte.
- Obrigado. Vou dar o meu melhor. - respondo
Uiii… Este dia não é normal… A sorte está comigo…
Estamos a meio de Junho. O tempo está espectacular. Resolvo então ir a casa mudar de roupa e dar um passeio a Leça… Quem sabe o que mais me poderá acontecer hoje…
Entro no bar da Praia dos Beijinhos. Vou apreciar um pouco a praia. Peço uma água tónica e entrego-me aos pensamentos. Lembro-me da Ana. Será que gosto mesmo dela? Será que não era mais um romance qualquer. É uma mulher que qualquer um gostaria… Loira, cabelo curto, olhos escuros, fanática por ginásios e dá aulas na Faculdade de Ciências… Só tem aquele problema. Que raiva… Não sei o que ela quer… E se me abstrair vejo mais uns problemazitos… Falta-lhe um pouco de espontaneidade e tem alguns hábitos diferentes dos meus… Vamos ver um concerto e lá diz-me “Não vamos ali pró meio… Aqui vê-se bem…” Isto quando estamos a dois quilómetros do palco… Há uma festa e não quer ir porque vai estar muita gente, mas depois insiste em trazer sempre os amiguinhos para jantar. E agora? cá estou eu outra vez a tentar acertar as minhas ideias acerca do que é o amor ideal...
Toda a nossa vida somos bombardeados com histórias intermináveis de amor em que tudo corre bem e ambos vivem felizes para sempre... A história do rapaz que se apaixona pela rapariga mas que as famílias não querem, a história do rapaz que se apaixona pela rapariga mas que não sabe, e no último minuto descobre e ainda a conquista. O velho que descobre o amor num canto escondido do Universo. Enfim... Será que em Hollywood só há casais felizes? Estará isso apenas ao alcance de alguns seres predestinados... Nós os meros mortais conseguiremos alcançar a parte do "... e viveram felizes para sempre...". Analiso todos os factos e a resposta é fácil: "Não!!!". Todos os dias vemos discussões intermináveis entre casais e o número de divórcios aumenta irremediavelmente. Tudo isto leva-me a pensar para quê o amor e paixão se o nosso único objectivo é fazer com que a raça humana habite mais uns anitos na Terra...
O problema é o meu lado romântico... Olho para o que disse antes e penso... Não pode ser! O nosso objectivo na vida não pode ser o mesmo que o resto dos animais que se limitam a "amar" para dar continuidade à espécie... Que mundo cinzento seria esse... Ponho-me a pensar em todas as coisas belas que nos são oferecidas, como o nascer e o por de sol... e dou por mim a ver aqueles casais de velhotes sentados num banco de jardim com ar de adolescentes que vivem o primeiro amor... vejo um casal babado que passeia o seu filhote à beira mar, sorridentes, como que a mostrar ao mundo que o seu descendente é o melhor à face da Terra... e depois penso em todas as grandes lendas da História do amor, como D. Pedro e D. Inês de Castro, Romeu e Julieta e tantos outros... e finalmente grito: "Não pode ser!" Se não existisse o amor eterno, estes factos que enumerei não seriam possíveis... Estas histórias não existiriam... Sorrio! O meu lado romântico foi mais forte que a minha razão! Depois desta batalha entre os dois lados, o que mais luz traz à minha vida ganhou! Só me falta saber se ela é mesmo a tal... Volto a pensar na Ana…. Será o que o lado romântico ganhou mesmo? Começo a pensar se não sou eu que estou a ser demasiado exigente… Se calhar aprenderei a gostar desses pequenos defeitos dela…
De repente sou chamado de novo à Terra por um grito atrás de mim:
- Eiiiiii. Olha quem é ele! Então o que fazes por aqui?
A voz é inconfundível… É do meu melhor amigo – o Gonçalo. É um tipo espectacular. Conheço-o desde criança e é o típico menino rico. Nunca fez praticamente nada na vida. O pai é dono de umas poucas de empresas em diversos sectores. Bastou-lhe tirar o curso de Gestão Empresarial e tem a vida assegurada. No entanto apesar de todo o dinheiro é uma pessoa fantástica. É uma pessoa muito simples, sempre disposta a ajudar e com um humor fantástico… mas a característica que chama a atenção a todos é ser totalmente trapalhão. Ainda por cima é um ser imponente… um metro e noventa e uns cento e muitos quilos… Agora imagina o que acontece quando simplesmente tenta levantar-se… Lá vai um copo pelo ar. Imagina pois o que é jogar futebol com ele… Tenho sempre muitas nódoas negras para contar o que se passa….
Vem acompanhado da sua namorada de longa data… Desde que eles começaram a namorar soube que era assunto sério…
Depois de formalmente cumprimentar ambos, diz-me:
- Ainda bem que te encontro aqui… Tenho uma noticia fantástica para te dar… (Ena outra…). Ontem pedi a Catarina em casamento e ela aceitou. Claro que já sabes quem vai ser o padrinho do nosso casamento... Vai ser o Pedro. Estou a brincar. Nem penses em recusar ser o padrinho do nosso casamento.
- Ehhh pá. Claro que aceito. Parabéns!!! Sempre soube que eram feitos um para o outro. – digo-lhes.
Ficamos a recordar diversos momentos e a falar sobre como vai ser a cerimónia e todos esses pormenores necessários para um casamento até as 19h20.
- Desculpem, mas vou ter de abandoná-los. Combinei ir jantar com a Ana e já estou a ficar atrasado. Depois ligo-vos para falar convosco mais atempadamente…
- Ok. Então até amanhã…
O meu carro voa até casa da Ana… Impressionantemente consigo chegar lá as 19h30…
- Olá Anokas.
-Olá Francisco. Está tudo bem contigo?
- Comigo está tudo maravilhosamente bem… O teu telefonema é que me deixou algo preocupado… Não aconteceu nada de mal pois não?
- Não te preocupes. Durante o jantar explico-te tudo…
- Ok. Queres ir jantar a algum sitio em especial? – pergunto-lhe
- Não. Decide tu.
Guio então até à Grade. Estou impaciente para saber o que ela quer…
Pedimos filetes de tamboril com salada russa, e então volto a insistir:
- Então diz lá o que se passa…
- Olha… diz-me hesitante e faz uma pausa algo demorada…
- Ofereceram-me um emprego na Fernando Pessoa. Pagam ligeiramente mais, mas estou algo receosa em deixar a Faculdade de Ciências…
Bolas… Pensava que era algo mais importante que me queria dizer… Pensava que ia dizer que queria começar uma relação a sério… Afinal era das poucas vezes que estávamos a jantar sozinhos… sem as “muletas”… Podia jurar que estava interessada em mim… Detesto esta cena dos sinais e joguinhos… Era tão mais simples se fizéssemos simplesmente como os pavões… Os machos abriam as suas penas e a fêmea escolhia as que gostava mais e pronto… assunto resolvido! Mas não… o ser humano gosta de complicar… Em vez disso vamos antes usar sinais e mensagens subliminares e esperar que o outro as compreenda… E quem não as souber ler, azar… Sai do jogo e reduz-se à sua insignificância…
Lá lhe digo o meu ponto de vista, os prós e contras e como só ela podia fazer a decisão sozinha…
Pergunto-lhe se quer ir tomar café a algum lado, mas recusa e diz que tem aulas amanhã cedo…
Foi um dia em cheio… hoje não vou ter dificuldades em adormecer…
quarta-feira, fevereiro 09, 2005
Insónia ( IV )
(continuação)
Na parede o relógio marca 12h25. Surpreendentemente estou algo impaciente… Será que a Sofia está a afectar-me de algum modo? Não pode ser… Praticamente que não a conheço… Não acredito muito nessas coisas de amor à primeira vista… Se bem que nunca se sabe… À porta do Capa Negra, olho para os dois lados da rua… Não a reconheço entre as inúmeras pessoas que passam… Resolvo entrar para a recepção e fumar 1 cigarrito. No momento em que chega estou a apagar o cigarro. Depois daquele ritual de cumprimentos lá vamos para a mesa e lá começa a conversa…
- Cigarros… Isso é coisa de putos… Não achas que já tens idade para ter juízo?
Esta mulher não me deixa de espantar… Falámos duas vezes e conversamos como se já fossemos amigos de longa data…
- Concordo plenamente… Já pensei em deixar de fumar várias vezes mas para isso tenho de querer… Estou à espera da oportunidade e motivação – explico-lhe.
- Isso cheira-me a desculpa de mau pagador…
Fiquei sem fala… Não tenho como responder… Felizmente fui salvo pelo empregado que veio trazer a ementa…
Durante alguns segundos reina o silêncio enquanto lemos a ementa… Confesso que estou algo receoso que o almoço se torne numa daquelas situações constrangedoras em que ninguém sabe o que dizer…
De súbito o silêncio é interrompido.
- Já decidiste o queres almoçar? A mim está mesmo a apetecer-me uma francezinha. Já não como uma há muito tempo…
É incrível. Mais uma surpresa… Uma mulher que não se preocupa com quantas calorias tem o almoço, quanto tempo e o que vai ser necessário fazer para queimar essas calorias…
- Acho que para mim também vai ser.
Faço sinal ao empregado e lá mando vir duas francezinhas e dois finos.
Entretanto começa a tocar o meu telemóvel. Por favor que não seja a Ana… E não é mesmo… É o Luís. É o míudo que está a dar os últimos retoques na versão do relatório final que a minha equipa tem de entregar.
- Boa tarde engº Ferreira. Desculpe mas estou aqui com um problemazinho…
Bolas!!! Lá vem a história do problemazinho outra vez… Se é um problemazinho porque é que ele me está ligar??? Que mania de reduzir estas coisas ao “inho” Ainda por cima deve ser um problema como o último… “Sr. Eng.º: Acabou o tinteiro… Não consigo imprimir…” O que é que eles acham querem que faça? Que vá substituir o tinteiro?
- Luís... é assim: estou a almoçar. Se é um problemazinho, deixe de se comportar como um funcionariozinho, faça o seu trabalhinho e se quando chegar o problema ainda estiver resolvido, trato de ver o que posso fazer.
- Desculpe Sr. Eng.º… Não sabia que estava ocupado, vou tentar então resolver isto sozinho…
Nem me apercebi da resposta que dei… À minha frente a Sofia sorri.
Peço-lhe desculpa e explico a história dos “problemazinhos” que os funcionários têm, de como insistem em telefonar-me por coisas sem importância e como estou farto de ser interrompido por causa disso, perdi um pouco a cabeça…
- Percebo totalmente. Tenho uma empresa de Design Gráfico. As pessoas às vezes não têm noção nenhuma da realidade… Acontece-me montes de vezes. Aqui há uns dias faltou a luz e telefonaram-me a perguntar o que deviam fazer…
É engraçado… Ela transmite uma segurança fantástica. Deixa-me totalmente à vontade…
Entretanto a conversa evolui de uma forma assombrosa… Começamos a entrar em pormenores absolutamente fantásticos para serem ditos a alguém que mal se conhece… Desde partilhar experiências de férias, situações embaraçosas que nos aconteceram, lembranças de infância, romances falhados… Enquanto isso vou pensando numa maneira subtil de lhe perguntar se tem um caso com alguém neste momento… Mas para que raio quero saber isso? Ando interessado na Ana. Não devia meter mais uma pessoa na equação… Iria complicar-me muito a vida…
Quando estou com a Sofia o tempo parece que voa… Já são duas e meia. Nunca estive tanto tempo neste restaurante num almoço de um dia trabalho… e no entanto queria ficar mais…
Peço a conta ao empregado.
Tiro a carteira e pago. Ela insiste que deve pagar o almoço dela.
- Nem penses. –digo – Fui eu que convidei e tenho agradecer-te o enorme favor que me fizeste…
- Ok. Mas não penses que isto fica assim… -retorque
Boa! Descobri como hei-de saber se anda com alguém…
- Hmmm. Então amanhã à noite pagas-me o café… Pode ser?
- Amanhã… quinta-feira… pode ser. Liga-me a combinar. – diz-me sorrindo.
Pergunto-lhe se quer que a deixe em algum lado mas ela veio na sua viatura.
Sinto-me incrivelmente leve. Este almoço deixou-me totalmente rejuvenescido. Nem parece que passei a noite em claro.
Mal chego ao escritório o Luís vem ter comigo e diz-me, sorridente, que conseguiu resolver o problema e que tenho a versão final do relatório na minha secretária à espera para eu o reler e dar o meu aval para entregar ao director.
Nem quero saber qual foi o problema que ele teve. Ainda bem que está acabado. Vou ler o relatório rapidamente, entregá-lo e hoje o meu dia vai acabar cedo.
Na parede o relógio marca 12h25. Surpreendentemente estou algo impaciente… Será que a Sofia está a afectar-me de algum modo? Não pode ser… Praticamente que não a conheço… Não acredito muito nessas coisas de amor à primeira vista… Se bem que nunca se sabe… À porta do Capa Negra, olho para os dois lados da rua… Não a reconheço entre as inúmeras pessoas que passam… Resolvo entrar para a recepção e fumar 1 cigarrito. No momento em que chega estou a apagar o cigarro. Depois daquele ritual de cumprimentos lá vamos para a mesa e lá começa a conversa…
- Cigarros… Isso é coisa de putos… Não achas que já tens idade para ter juízo?
Esta mulher não me deixa de espantar… Falámos duas vezes e conversamos como se já fossemos amigos de longa data…
- Concordo plenamente… Já pensei em deixar de fumar várias vezes mas para isso tenho de querer… Estou à espera da oportunidade e motivação – explico-lhe.
- Isso cheira-me a desculpa de mau pagador…
Fiquei sem fala… Não tenho como responder… Felizmente fui salvo pelo empregado que veio trazer a ementa…
Durante alguns segundos reina o silêncio enquanto lemos a ementa… Confesso que estou algo receoso que o almoço se torne numa daquelas situações constrangedoras em que ninguém sabe o que dizer…
De súbito o silêncio é interrompido.
- Já decidiste o queres almoçar? A mim está mesmo a apetecer-me uma francezinha. Já não como uma há muito tempo…
É incrível. Mais uma surpresa… Uma mulher que não se preocupa com quantas calorias tem o almoço, quanto tempo e o que vai ser necessário fazer para queimar essas calorias…
- Acho que para mim também vai ser.
Faço sinal ao empregado e lá mando vir duas francezinhas e dois finos.
Entretanto começa a tocar o meu telemóvel. Por favor que não seja a Ana… E não é mesmo… É o Luís. É o míudo que está a dar os últimos retoques na versão do relatório final que a minha equipa tem de entregar.
- Boa tarde engº Ferreira. Desculpe mas estou aqui com um problemazinho…
Bolas!!! Lá vem a história do problemazinho outra vez… Se é um problemazinho porque é que ele me está ligar??? Que mania de reduzir estas coisas ao “inho” Ainda por cima deve ser um problema como o último… “Sr. Eng.º: Acabou o tinteiro… Não consigo imprimir…” O que é que eles acham querem que faça? Que vá substituir o tinteiro?
- Luís... é assim: estou a almoçar. Se é um problemazinho, deixe de se comportar como um funcionariozinho, faça o seu trabalhinho e se quando chegar o problema ainda estiver resolvido, trato de ver o que posso fazer.
- Desculpe Sr. Eng.º… Não sabia que estava ocupado, vou tentar então resolver isto sozinho…
Nem me apercebi da resposta que dei… À minha frente a Sofia sorri.
Peço-lhe desculpa e explico a história dos “problemazinhos” que os funcionários têm, de como insistem em telefonar-me por coisas sem importância e como estou farto de ser interrompido por causa disso, perdi um pouco a cabeça…
- Percebo totalmente. Tenho uma empresa de Design Gráfico. As pessoas às vezes não têm noção nenhuma da realidade… Acontece-me montes de vezes. Aqui há uns dias faltou a luz e telefonaram-me a perguntar o que deviam fazer…
É engraçado… Ela transmite uma segurança fantástica. Deixa-me totalmente à vontade…
Entretanto a conversa evolui de uma forma assombrosa… Começamos a entrar em pormenores absolutamente fantásticos para serem ditos a alguém que mal se conhece… Desde partilhar experiências de férias, situações embaraçosas que nos aconteceram, lembranças de infância, romances falhados… Enquanto isso vou pensando numa maneira subtil de lhe perguntar se tem um caso com alguém neste momento… Mas para que raio quero saber isso? Ando interessado na Ana. Não devia meter mais uma pessoa na equação… Iria complicar-me muito a vida…
Quando estou com a Sofia o tempo parece que voa… Já são duas e meia. Nunca estive tanto tempo neste restaurante num almoço de um dia trabalho… e no entanto queria ficar mais…
Peço a conta ao empregado.
Tiro a carteira e pago. Ela insiste que deve pagar o almoço dela.
- Nem penses. –digo – Fui eu que convidei e tenho agradecer-te o enorme favor que me fizeste…
- Ok. Mas não penses que isto fica assim… -retorque
Boa! Descobri como hei-de saber se anda com alguém…
- Hmmm. Então amanhã à noite pagas-me o café… Pode ser?
- Amanhã… quinta-feira… pode ser. Liga-me a combinar. – diz-me sorrindo.
Pergunto-lhe se quer que a deixe em algum lado mas ela veio na sua viatura.
Sinto-me incrivelmente leve. Este almoço deixou-me totalmente rejuvenescido. Nem parece que passei a noite em claro.
Mal chego ao escritório o Luís vem ter comigo e diz-me, sorridente, que conseguiu resolver o problema e que tenho a versão final do relatório na minha secretária à espera para eu o reler e dar o meu aval para entregar ao director.
Nem quero saber qual foi o problema que ele teve. Ainda bem que está acabado. Vou ler o relatório rapidamente, entregá-lo e hoje o meu dia vai acabar cedo.
quinta-feira, fevereiro 03, 2005
Insónia ( III )
(continuação)
São 5h30. A esta hora já deve haver na Shell os jornais do dia. Dou um lá saltinho para comprar o Público e o Ojogo. Aproveito para passar por uma padaria e comprar algum pão. Hoje vou ter tempo para fazer um pequeno-almoço em condições!
As notícias são as do costume… acidente no IP5, medidas do governo criticadas pela oposição, escândalo com figura pública, especulações de transferências de jogadores… a noticia boa chega no fim… O bom tempo está para durar. Ainda tenho tempo para passear um bocadinho pela net, ver se tenho correio electrónico (para além das mensagens reencaminhadas acerca de um utilizador na Nicarágua que não ligou à mensagem, não a quis reencaminhar e quando saiu de casa foi atropelado por uma scooter que vinha em contra-mão, parte os dois braços, no regresso do hospital cai em cima de um ninho de térmitas e morre de comichão…) e ainda ver qual o telemóvel que iria comprar depois da reunião.
Entretanto são 8h30 e lá me ponho a caminho da Boavista para apresentar as normas de qualidade e segurança para o telemóvel (coincidências…) em que estou a trabalhar.
Finalmente chega a famigerada reunião me roubou a conversa tão boa que estava a ter na noite anterior! Com um certo espírito marroquino, lá apresento as normas de qualidade e segurança sempre demasiado exageradas para ter uma margem para negociar e ter sempre um produto com uma qualidade e segurança elevada. Hoje os chefões parecem estar com pressa… Não puseram nenhum entrave às minhas normas e passaram a apresentação à equipa de design. E lá vem o meu calvário outra vez… o Eng.º Torres… Dois minutos depois deste ter começado entra uma secretária dirige-se a mim e diz que está na sala de espera uma funcionária minha à espera com algo muito importante. Funcionária minha?... Todo o trabalho está praticamente concluído. O projecto está numa fase latente, à espera do visto desta reunião para poder ser passado para a versão final… Quem será?
Peço licença e saio. Intrigado, dirijo-me à sala de espera… É a Sofia! Na praia não tinha dado para perceber o charme que tinha. Corpo atlético, longos cabelos pretos e que olhos verdes! Cumprimento-a e encaminho-a ao meu escritório. Antes que fosse dizer a minha piada acerca do fato-saia que trazia vestido e da roupa que trazia vestida na praia diz-me:
- Quase não te conhecia de fato…
Pensou exactamente o mesmo que eu… Devo ter ficado com cara de carneiro mal morto porque logo de seguida reconforta-me.
- Não te preocupes. Não é uma critica… Ficas bem de fato! – observa sorrindo.
Esboço também um sorriso.
- Estava a pensar exactamente na mesma coisa!
- Como conseguiste encontrar-me? Fiquei com alguma coisa tua ontem? - pergunto-lhe.
- Não… Liguei à Luísa – secretária… Ontem deixaste o teu telemóvel na praia… Ainda gritei para não te ires embora mas disseste adeus e arrancaste logo. Tomei então a liberdade de pesquisar a agenda telefónica e lá encontrei a Luísa – secretária… Telefonei-lhe e ela disse-me que estavas aqui. Espero que não tenha interrompido nada de importante…
- Não te preocupes… Na realidade salvaste-me duplamente! Encontraste o meu brinquedo e pude sair da reunião enquanto decorre a parte a parte mais entediante. Infelizmente tenho de voltar para lá... – convenço-a então a deixar-me pagar-lhe o almoço. Peço-lhe o número para ligar quando acabar a reunião lhe telefonar a combinar o almoço.
Sorrindo diz:
- Isso foi outra coisa que fiz com o teu telemóvel… Tens aí o meu número memorizado em Sofia…
Nesse momento o telemóvel começa a tocar… Despedimo-nos e olho para ver quem ligava… É a Ana… Algo me leva a não atender o telefonema…
A Ana é uma mulher espectacular. Sócia de uma empresa de contabilidade é uma pessoa totalmente independente… Isso sempre me atraiu numa mulher… mas tem qualquer coisa que não percebo… É uma super carinhosa comigo, falamos montes de tempo ao telefone, almoçamos montes de vezes juntos (apesar de ser aquela situação de estar limitada por um horário restringido pelas horas do trabalho), mas quando chega a altura para fazer qualquer mais íntima nunca está disponível ou leva sempre consigo a sua “bengala”… Isso é mesmo coisa de adolescente… Lembro-me quando era puto que fazia isso… Para não correr o risco de um encontro se tornar demasiado chato ou constrangedor ambas as partes levavam sempre um casal amigo para tornar as coisas mais fáceis… Agora fazer isso com vinte e seis anos? Porra… já tem idade para ser mais segura… Bolas… Não sei ao certo o que ela quer…
Retorno à reunião… Quero telefonar à Sofia… Hoje parece que a reunião leva tempos infinitos a terminar…
- Parabéns meus senhores! Este projecto está muito bom. Enviem-me os documentos finais e quando a sede de Zurique der o seu aval positivo a produção do produto vai ser posta em marcha. – anuncia o chefe do projecto.
Peço à minha secretária para não me passar nenhum telefonema. Faço então o telefonema à Sofia e combinamos a almoço as 12h30 no Capa Negra na Boavista.
Sinto então um pouco de remorsos por não ter atendido o telefone à Ana e resolvo fazer-lhe uma chamada. Peço desculpa por não ter atendido o telemóvel e explico que estava numa reunião muito importante. Ela diz-me que precisa de falar comigo e pede-me para jantar com ela. Depois de me certificar que ela não lhe tinha acontecido nada de mau digo que vou marcar uma mesa num restaurante e que passo em sua casa às 19h30…
São 5h30. A esta hora já deve haver na Shell os jornais do dia. Dou um lá saltinho para comprar o Público e o Ojogo. Aproveito para passar por uma padaria e comprar algum pão. Hoje vou ter tempo para fazer um pequeno-almoço em condições!
As notícias são as do costume… acidente no IP5, medidas do governo criticadas pela oposição, escândalo com figura pública, especulações de transferências de jogadores… a noticia boa chega no fim… O bom tempo está para durar. Ainda tenho tempo para passear um bocadinho pela net, ver se tenho correio electrónico (para além das mensagens reencaminhadas acerca de um utilizador na Nicarágua que não ligou à mensagem, não a quis reencaminhar e quando saiu de casa foi atropelado por uma scooter que vinha em contra-mão, parte os dois braços, no regresso do hospital cai em cima de um ninho de térmitas e morre de comichão…) e ainda ver qual o telemóvel que iria comprar depois da reunião.
Entretanto são 8h30 e lá me ponho a caminho da Boavista para apresentar as normas de qualidade e segurança para o telemóvel (coincidências…) em que estou a trabalhar.
Finalmente chega a famigerada reunião me roubou a conversa tão boa que estava a ter na noite anterior! Com um certo espírito marroquino, lá apresento as normas de qualidade e segurança sempre demasiado exageradas para ter uma margem para negociar e ter sempre um produto com uma qualidade e segurança elevada. Hoje os chefões parecem estar com pressa… Não puseram nenhum entrave às minhas normas e passaram a apresentação à equipa de design. E lá vem o meu calvário outra vez… o Eng.º Torres… Dois minutos depois deste ter começado entra uma secretária dirige-se a mim e diz que está na sala de espera uma funcionária minha à espera com algo muito importante. Funcionária minha?... Todo o trabalho está praticamente concluído. O projecto está numa fase latente, à espera do visto desta reunião para poder ser passado para a versão final… Quem será?
Peço licença e saio. Intrigado, dirijo-me à sala de espera… É a Sofia! Na praia não tinha dado para perceber o charme que tinha. Corpo atlético, longos cabelos pretos e que olhos verdes! Cumprimento-a e encaminho-a ao meu escritório. Antes que fosse dizer a minha piada acerca do fato-saia que trazia vestido e da roupa que trazia vestida na praia diz-me:
- Quase não te conhecia de fato…
Pensou exactamente o mesmo que eu… Devo ter ficado com cara de carneiro mal morto porque logo de seguida reconforta-me.
- Não te preocupes. Não é uma critica… Ficas bem de fato! – observa sorrindo.
Esboço também um sorriso.
- Estava a pensar exactamente na mesma coisa!
- Como conseguiste encontrar-me? Fiquei com alguma coisa tua ontem? - pergunto-lhe.
- Não… Liguei à Luísa – secretária… Ontem deixaste o teu telemóvel na praia… Ainda gritei para não te ires embora mas disseste adeus e arrancaste logo. Tomei então a liberdade de pesquisar a agenda telefónica e lá encontrei a Luísa – secretária… Telefonei-lhe e ela disse-me que estavas aqui. Espero que não tenha interrompido nada de importante…
- Não te preocupes… Na realidade salvaste-me duplamente! Encontraste o meu brinquedo e pude sair da reunião enquanto decorre a parte a parte mais entediante. Infelizmente tenho de voltar para lá... – convenço-a então a deixar-me pagar-lhe o almoço. Peço-lhe o número para ligar quando acabar a reunião lhe telefonar a combinar o almoço.
Sorrindo diz:
- Isso foi outra coisa que fiz com o teu telemóvel… Tens aí o meu número memorizado em Sofia…
Nesse momento o telemóvel começa a tocar… Despedimo-nos e olho para ver quem ligava… É a Ana… Algo me leva a não atender o telefonema…
A Ana é uma mulher espectacular. Sócia de uma empresa de contabilidade é uma pessoa totalmente independente… Isso sempre me atraiu numa mulher… mas tem qualquer coisa que não percebo… É uma super carinhosa comigo, falamos montes de tempo ao telefone, almoçamos montes de vezes juntos (apesar de ser aquela situação de estar limitada por um horário restringido pelas horas do trabalho), mas quando chega a altura para fazer qualquer mais íntima nunca está disponível ou leva sempre consigo a sua “bengala”… Isso é mesmo coisa de adolescente… Lembro-me quando era puto que fazia isso… Para não correr o risco de um encontro se tornar demasiado chato ou constrangedor ambas as partes levavam sempre um casal amigo para tornar as coisas mais fáceis… Agora fazer isso com vinte e seis anos? Porra… já tem idade para ser mais segura… Bolas… Não sei ao certo o que ela quer…
Retorno à reunião… Quero telefonar à Sofia… Hoje parece que a reunião leva tempos infinitos a terminar…
- Parabéns meus senhores! Este projecto está muito bom. Enviem-me os documentos finais e quando a sede de Zurique der o seu aval positivo a produção do produto vai ser posta em marcha. – anuncia o chefe do projecto.
Peço à minha secretária para não me passar nenhum telefonema. Faço então o telefonema à Sofia e combinamos a almoço as 12h30 no Capa Negra na Boavista.
Sinto então um pouco de remorsos por não ter atendido o telefone à Ana e resolvo fazer-lhe uma chamada. Peço desculpa por não ter atendido o telemóvel e explico que estava numa reunião muito importante. Ela diz-me que precisa de falar comigo e pede-me para jantar com ela. Depois de me certificar que ela não lhe tinha acontecido nada de mau digo que vou marcar uma mesa num restaurante e que passo em sua casa às 19h30…
terça-feira, fevereiro 01, 2005
Insónia ( II )
(continuação)
No final solta uma gargalhada. Boa! Acertei em cheio… Dei a resposta errada!
─ Desculpe se me ri. Chamo-me Sofia. Muito prazer. Acho que temos sensivelmente a mesma idade. Podemos deixar-nos desta treta do você…
Com esta é que fiquei totalmente despistado… O que aconteceu? Depois daquela gargalhada deveria ter-se levanto, voltado costas e desaparecido na escuridão…
─ Muito prazer. O meu nome é Francisco… respondo ainda com ar alucinado.
─ Desculpa lá a risada… É que invades assim a MINHA praia e descreves exactamente o que me aconteceu… tirando a parte do carro. Moro uns bons metros mais para baixo e vim dar um passeio.
Desta vez rimos em uníssono.
Começamos então a conversar acerca de assuntos tão sérios e banais como o Tempo, viagens, entre outros, enquanto o Tejo vai-nos desafiando para lhe atirar mais uma vez o pau que incansavelmente nos devolve.
O tempo voa… Olho para o relógio. O ponteiro pequeno está entre as quatro e as cinco. Bolas! Amanhã, aliás, hoje é dia de trabalho…
─ Já viste as horas… Daqui a quatro horas e meia tenho de estar na Boavista para começar a trabalhar. Tenho de ir para casa.
Também ela fica meia atarantada. Nunca pensou que fosse tão tarde…
Despedimo-nos a correr. Ainda lhe pergunto se quer que a deixe em algum lado mas, graciosamente recusa e começa caminhar pela praia, presumivelmente em direcção a sua casa. Quando estou a chegar perto do carro grita-me qualquer coisa inaudível. Deve ter sido adeus ou algo do género. Grito também adeus e arranco…
Vagarosamente, o carro conduz-se até casa… Vou ter de ligar os despertadores que tiver em casa para não faltar à reunião… Começo pelo micro-hifi que tenho no quarto, para tentar acordar relaxadamente pela voz de Dianna Krall… Agora tenho de por o telemóvel a despertar dez minutos depois para o caso do aparelho sonoro “misteriosamente” se desligar… Hmmm… onde está o telemóvel… Procuro todos os bolsos e nada encontro… Será que o deixei no carro? O elevador demora uma eternidade a chegar à garagem… Procuro debaixo do banco, no porta-luvas e em todos os compartimentos do carro. Não aparece! Bolas!!! Provavelmente deve ter ficado na praia…
Perdi as minhas algemas e brinquedo preferido. Eu, que adoro a liberdade, como foi possível ter ficado tão dependente duma coisa destas… Quantas vezes já não me deu cabo de jantares e encontros íntimos quando toca e do outro lado ouve-se uma voz
“- Boa noite Sr. Eng.º. Desculpe estar a incomodá-lo a estas horas, mas temos um problemazinho…”
Apetece-me responder:
“- Ai sim? Então se é um problemazinho porque é que você não o resolve???”
Infelizmente lá tenho de abandonar o que estou a fazer e ajudar essas pessoas sem vida própria… Já para não falar da Clara – o meu último caso amoroso – Era impossível!!! Sempre que me atrasava um bocadinho lá vinha o telefonema: “- Onde estás? Não te esqueceste de mim, pois não?” Acontecia-lhe qualquer coisinha, tipo partir uma unha, lá vinha a mensagem escrita “Nem imaginas o que me aconteceu! Parti uma unha!” e se não respondia à mensagem quando estivesse com ela lá levava a reprimenda….
Se bem que também sabe bem ouvi-lo tocar em certas ocasiões e do outro lado ouvir uma voz que me é querida. Lembro-me da última reunião que tive com os restantes coordenadores de equipas. Que nome pomposo tem este meu trabalho… é melhor explicar o que faço… a empresa onde trabalho, realiza projectos de concepção de novos produtos electrónicos. Para tal, existem várias equipas responsáveis por diversos passos que devem ser realizados até que o produto seja concluído, como a equipa de design, a equipa que faz o estudo de mercado, etc. Eu estou responsável pela equipa que define as normas de qualidade e segurança desse produto. Voltando então à última reunião que tive… Estava então reunido com os restantes coordenadores, e o do design lá apresentava diversos protótipos de como se iria apresentar o novo leitor de DVD portátil. Coitado do homem… Até é boa pessoa mas ouvi-lo a falar é uma seca!!! Parece que alguém sabia o que estava a acontecer. No bolso senti o telemóvel a vibrar. Era a Ana. Pedi desculpa e saí com a desculpa que os meus coordenandos estavam com um problema importantíssimo. Demos dois dedos de conversa, combinamos almoçar e quando voltei já o Eng.º Torres tinha acabado a sua exposição e no final ainda fui felicitado pelo chefe do projecto por ser uma pessoa dinâmica e empenhada em resolver os problemas da minha área.
Outra das coisas que sabe bem neste brinquedo, mesmo que montes de pessoas achem que é falta de imaginação, vulgar ou “pimba” é receber uma daquelas mensagens escritas tipo:
“Cada vez que me despeço de ti, um pedaço de mim fica contigo. E hoje, acho que foi o meu coração. Adoro-te”. Deixa-me sempre com um sorriso nos lábios e mais bem disposto para o resto do dia.
Acho que hoje já não durmo. Vou de directa para a reunião. Provavelmente é melhor que assim seja. Sempre que durmo apenas algumas horas no dia, fico sempre mal disposto…
No final solta uma gargalhada. Boa! Acertei em cheio… Dei a resposta errada!
─ Desculpe se me ri. Chamo-me Sofia. Muito prazer. Acho que temos sensivelmente a mesma idade. Podemos deixar-nos desta treta do você…
Com esta é que fiquei totalmente despistado… O que aconteceu? Depois daquela gargalhada deveria ter-se levanto, voltado costas e desaparecido na escuridão…
─ Muito prazer. O meu nome é Francisco… respondo ainda com ar alucinado.
─ Desculpa lá a risada… É que invades assim a MINHA praia e descreves exactamente o que me aconteceu… tirando a parte do carro. Moro uns bons metros mais para baixo e vim dar um passeio.
Desta vez rimos em uníssono.
Começamos então a conversar acerca de assuntos tão sérios e banais como o Tempo, viagens, entre outros, enquanto o Tejo vai-nos desafiando para lhe atirar mais uma vez o pau que incansavelmente nos devolve.
O tempo voa… Olho para o relógio. O ponteiro pequeno está entre as quatro e as cinco. Bolas! Amanhã, aliás, hoje é dia de trabalho…
─ Já viste as horas… Daqui a quatro horas e meia tenho de estar na Boavista para começar a trabalhar. Tenho de ir para casa.
Também ela fica meia atarantada. Nunca pensou que fosse tão tarde…
Despedimo-nos a correr. Ainda lhe pergunto se quer que a deixe em algum lado mas, graciosamente recusa e começa caminhar pela praia, presumivelmente em direcção a sua casa. Quando estou a chegar perto do carro grita-me qualquer coisa inaudível. Deve ter sido adeus ou algo do género. Grito também adeus e arranco…
Vagarosamente, o carro conduz-se até casa… Vou ter de ligar os despertadores que tiver em casa para não faltar à reunião… Começo pelo micro-hifi que tenho no quarto, para tentar acordar relaxadamente pela voz de Dianna Krall… Agora tenho de por o telemóvel a despertar dez minutos depois para o caso do aparelho sonoro “misteriosamente” se desligar… Hmmm… onde está o telemóvel… Procuro todos os bolsos e nada encontro… Será que o deixei no carro? O elevador demora uma eternidade a chegar à garagem… Procuro debaixo do banco, no porta-luvas e em todos os compartimentos do carro. Não aparece! Bolas!!! Provavelmente deve ter ficado na praia…
Perdi as minhas algemas e brinquedo preferido. Eu, que adoro a liberdade, como foi possível ter ficado tão dependente duma coisa destas… Quantas vezes já não me deu cabo de jantares e encontros íntimos quando toca e do outro lado ouve-se uma voz
“- Boa noite Sr. Eng.º. Desculpe estar a incomodá-lo a estas horas, mas temos um problemazinho…”
Apetece-me responder:
“- Ai sim? Então se é um problemazinho porque é que você não o resolve???”
Infelizmente lá tenho de abandonar o que estou a fazer e ajudar essas pessoas sem vida própria… Já para não falar da Clara – o meu último caso amoroso – Era impossível!!! Sempre que me atrasava um bocadinho lá vinha o telefonema: “- Onde estás? Não te esqueceste de mim, pois não?” Acontecia-lhe qualquer coisinha, tipo partir uma unha, lá vinha a mensagem escrita “Nem imaginas o que me aconteceu! Parti uma unha!” e se não respondia à mensagem quando estivesse com ela lá levava a reprimenda….
Se bem que também sabe bem ouvi-lo tocar em certas ocasiões e do outro lado ouvir uma voz que me é querida. Lembro-me da última reunião que tive com os restantes coordenadores de equipas. Que nome pomposo tem este meu trabalho… é melhor explicar o que faço… a empresa onde trabalho, realiza projectos de concepção de novos produtos electrónicos. Para tal, existem várias equipas responsáveis por diversos passos que devem ser realizados até que o produto seja concluído, como a equipa de design, a equipa que faz o estudo de mercado, etc. Eu estou responsável pela equipa que define as normas de qualidade e segurança desse produto. Voltando então à última reunião que tive… Estava então reunido com os restantes coordenadores, e o do design lá apresentava diversos protótipos de como se iria apresentar o novo leitor de DVD portátil. Coitado do homem… Até é boa pessoa mas ouvi-lo a falar é uma seca!!! Parece que alguém sabia o que estava a acontecer. No bolso senti o telemóvel a vibrar. Era a Ana. Pedi desculpa e saí com a desculpa que os meus coordenandos estavam com um problema importantíssimo. Demos dois dedos de conversa, combinamos almoçar e quando voltei já o Eng.º Torres tinha acabado a sua exposição e no final ainda fui felicitado pelo chefe do projecto por ser uma pessoa dinâmica e empenhada em resolver os problemas da minha área.
Outra das coisas que sabe bem neste brinquedo, mesmo que montes de pessoas achem que é falta de imaginação, vulgar ou “pimba” é receber uma daquelas mensagens escritas tipo:
“Cada vez que me despeço de ti, um pedaço de mim fica contigo. E hoje, acho que foi o meu coração. Adoro-te”. Deixa-me sempre com um sorriso nos lábios e mais bem disposto para o resto do dia.
Acho que hoje já não durmo. Vou de directa para a reunião. Provavelmente é melhor que assim seja. Sempre que durmo apenas algumas horas no dia, fico sempre mal disposto…
sexta-feira, janeiro 28, 2005
Insónia ( I )
São 2h15...
O sono teima em não vir! Na minha cabeça um turbilhão de ideias passeia, ansiando pela liberdade de sair da mente através grito revolucionário... Tudo anda aos encontrões, desde o meu dia inteiro, passando pela nostalgia de momentos passados, até aquelas coisas que podia ter feito e não fiz...
Controlo-me... bebo um copo de água e percebo... Não vale a pena continuar deitado na cama! Tenho de fazer qualquer coisa... Mais um problema... o quê? Não vou ver televisão... por hoje já tive a minha cota parte de células cerebrais estagnadas por esta... Talvez ler um livro... Esqueci-me... Já os devorei todos... A esta hora é melhor não telefonar a ninguém... Olho para a mesinha da cabeceira. No seu topo as chaves do carro piscam-me o olho. É isso mesmo! Vou dar uma volta enquanto ouço um pouco música!
Meto-me a caminho... sem destino, vou por aí por ruas desconhecidas. A calma é total. De longe a longe lá passa outra viatura, como que a lembrar-me que ainda não estou sozinho no mundo. Não sou único acordado, talvez haja mais alguém por aí com a mesma ideia que tive... Perdi-me... Não faço ideia de onde esteja! Não interessa, não vou voltar para trás. O caminho é para a frente! E lá continuo eu, acompanhado pela lua que lá de cima me sorri, num gesto de cumplicidade. Começo a reparar que há qualquer coisa de familiar neste lugar por onde passo... Ao fundo vejo o mar... Sorrio... Venho ter sempre inevitavelmente ao mesmo sítio... uma praia à beira mar! A sorte acompanhou-me mais uma vez!
Não há ninguém nas redondezas, não há sinais de civilização humana... Apenas a estrada que acaba num estacionamento que, para mim se torna num miradouro paro o mar! Abro a porta para deixar entrar esse aroma que me é tão querido da maresia. Puxo de um cigarro e saio do carro.
A lua reflecte todo o seu esplendor no mar. O céu está espantoso! Acho que nunca vi tantos pontos luminosos no céu! Como é irónico... Não conseguia dormir e graças a isso tive a oportunidade de contemplar tão belo quadro!
Caminho pela praia até que sinto os pés a começarem a ficar húmidos pela areia molhada. Não vou mais além... Recuo um pouco e deito-me... Encontrei-me... De certeza que sou a pessoa com mais sorte do mundo! A harmonia com o mundo é total! Sinto o cheiro agradável da maresia, ouço o mar a cumprimentar carinhosamente a areia... e lá no alto todas as personalidades me sorriem... Desde a Sr.ª Ursa Maior, até ao Sr. Vénus! Mais uma vez divago pelos meus pensamentos. Só que agora esta situação já não me incomoda...
De repente sinto uma presença atrás de mim... Levanto-me sobressaltado... É apenas um rafeirito que olha para mim abanando a sua cauda! De onde terá vindo? Estendo-lhe a mão. Ele lá faz o seu reconhecimento e deixa-me tocar-lhe. Fico uns instantes afagando-lhe a cabeça.
Num ápice põe-se em posição de reconhecimento. Olha para todos os lados até que fixa o olhar na esquerda. Ao longe vejo um vulto. Bolas!!! Estava a correr tão bem... Ainda me vou meter em sarilhos! Nunca mais aprendo! O vulto vai-se aproximando. Reconheço formas femininas. Ufff!!! Pelo menos não vou ser assaltado... Acho que me consigo defender de uma mulher! Pára a cinco metros de mim.
─ Por favor devolva-me o meu animal! diz-me ela do alto dos seus 170 cm...
Antes de conseguir dizer alguma coisa exclama ainda:
─ Não quero problemas! Olhe que sou cinturão negro de Karaté Goju-Ryu!
Fiquei estupefacto!
─ Calma! Não quero fazer mal ao bicho! Estou apenas a fazer-lhe umas festas... Até vou já embora que se está a fazer tarde…
─ Desculpe. Sabe que a esta hora todo o cuidado é pouco, diz-me ela enquanto se aproxima.
─ Esteja descansada… Percebo completamente.
Com um ar intrigada pergunta-me:
─ Mas afinal o que faz nesta praia a esta hora e sozinho?
Será que devo contar a minha história… hmmm. Seja o que Deus quiser. Não a conheço de lado nenhum… O pior que pode acontecer é que ela pense que sou um qualquer maluco ou excêntrico. Não faz mal… Provavelmente nunca mais a vejo no resto da minha vida… E mesmo que passe por ela na rua também não a devo sequer reconhecer…
Conto então a minha historiazita… Como não conseguia dormir, como resolvi ir passear e como encontrei este cantinho.
O sono teima em não vir! Na minha cabeça um turbilhão de ideias passeia, ansiando pela liberdade de sair da mente através grito revolucionário... Tudo anda aos encontrões, desde o meu dia inteiro, passando pela nostalgia de momentos passados, até aquelas coisas que podia ter feito e não fiz...
Controlo-me... bebo um copo de água e percebo... Não vale a pena continuar deitado na cama! Tenho de fazer qualquer coisa... Mais um problema... o quê? Não vou ver televisão... por hoje já tive a minha cota parte de células cerebrais estagnadas por esta... Talvez ler um livro... Esqueci-me... Já os devorei todos... A esta hora é melhor não telefonar a ninguém... Olho para a mesinha da cabeceira. No seu topo as chaves do carro piscam-me o olho. É isso mesmo! Vou dar uma volta enquanto ouço um pouco música!
Meto-me a caminho... sem destino, vou por aí por ruas desconhecidas. A calma é total. De longe a longe lá passa outra viatura, como que a lembrar-me que ainda não estou sozinho no mundo. Não sou único acordado, talvez haja mais alguém por aí com a mesma ideia que tive... Perdi-me... Não faço ideia de onde esteja! Não interessa, não vou voltar para trás. O caminho é para a frente! E lá continuo eu, acompanhado pela lua que lá de cima me sorri, num gesto de cumplicidade. Começo a reparar que há qualquer coisa de familiar neste lugar por onde passo... Ao fundo vejo o mar... Sorrio... Venho ter sempre inevitavelmente ao mesmo sítio... uma praia à beira mar! A sorte acompanhou-me mais uma vez!
Não há ninguém nas redondezas, não há sinais de civilização humana... Apenas a estrada que acaba num estacionamento que, para mim se torna num miradouro paro o mar! Abro a porta para deixar entrar esse aroma que me é tão querido da maresia. Puxo de um cigarro e saio do carro.
A lua reflecte todo o seu esplendor no mar. O céu está espantoso! Acho que nunca vi tantos pontos luminosos no céu! Como é irónico... Não conseguia dormir e graças a isso tive a oportunidade de contemplar tão belo quadro!
Caminho pela praia até que sinto os pés a começarem a ficar húmidos pela areia molhada. Não vou mais além... Recuo um pouco e deito-me... Encontrei-me... De certeza que sou a pessoa com mais sorte do mundo! A harmonia com o mundo é total! Sinto o cheiro agradável da maresia, ouço o mar a cumprimentar carinhosamente a areia... e lá no alto todas as personalidades me sorriem... Desde a Sr.ª Ursa Maior, até ao Sr. Vénus! Mais uma vez divago pelos meus pensamentos. Só que agora esta situação já não me incomoda...
De repente sinto uma presença atrás de mim... Levanto-me sobressaltado... É apenas um rafeirito que olha para mim abanando a sua cauda! De onde terá vindo? Estendo-lhe a mão. Ele lá faz o seu reconhecimento e deixa-me tocar-lhe. Fico uns instantes afagando-lhe a cabeça.
Num ápice põe-se em posição de reconhecimento. Olha para todos os lados até que fixa o olhar na esquerda. Ao longe vejo um vulto. Bolas!!! Estava a correr tão bem... Ainda me vou meter em sarilhos! Nunca mais aprendo! O vulto vai-se aproximando. Reconheço formas femininas. Ufff!!! Pelo menos não vou ser assaltado... Acho que me consigo defender de uma mulher! Pára a cinco metros de mim.
─ Por favor devolva-me o meu animal! diz-me ela do alto dos seus 170 cm...
Antes de conseguir dizer alguma coisa exclama ainda:
─ Não quero problemas! Olhe que sou cinturão negro de Karaté Goju-Ryu!
Fiquei estupefacto!
─ Calma! Não quero fazer mal ao bicho! Estou apenas a fazer-lhe umas festas... Até vou já embora que se está a fazer tarde…
─ Desculpe. Sabe que a esta hora todo o cuidado é pouco, diz-me ela enquanto se aproxima.
─ Esteja descansada… Percebo completamente.
Com um ar intrigada pergunta-me:
─ Mas afinal o que faz nesta praia a esta hora e sozinho?
Será que devo contar a minha história… hmmm. Seja o que Deus quiser. Não a conheço de lado nenhum… O pior que pode acontecer é que ela pense que sou um qualquer maluco ou excêntrico. Não faz mal… Provavelmente nunca mais a vejo no resto da minha vida… E mesmo que passe por ela na rua também não a devo sequer reconhecer…
Conto então a minha historiazita… Como não conseguia dormir, como resolvi ir passear e como encontrei este cantinho.
Nota:
Vou modificar um pouquinho ao que tem sido a essência do blog. A "inspiração" tem tardado em vir por isso vou transcever aos bocadinhos um projecto que também está um pouco adormecido de momento.
E que comece a "Insónia".
E que comece a "Insónia".
terça-feira, janeiro 25, 2005
Cidade
Outrora erguera-se aqui uma cidade vibrante, cujas habitações eram feitas de palavras, frases e pensamentos erguidos ao sabor da brisa que soprava na imaginação de cada pessoa que por cá habitava. Lentamente, a sua população foi migrando para locais onde o dia-a-dia era mais fácil. Hoje resta apenas um velho que sobrevive insistentemente graças ao seu raro feitio de nunca desistir, e umas quantas pessoas que no caminho entre outras fronteiras por cá vão passando.
ps: Quem me conhece já deve saber que adoro metáforas e jogos de palavras... :P
ps: Quem me conhece já deve saber que adoro metáforas e jogos de palavras... :P
quarta-feira, janeiro 12, 2005
Ciclos
Tudo na vida tem ciclos. A própria vida é um ciclo. Por vezes sentimo-nos, por vezes mal, outras nem por isso. E tudo vai girando e girando...
As "conversas de treta" ja fizeram um orgulhoso ano. Confesso que durou mais do que estava inicialmente à espera. No entanto, agora que ultrapassou a marca dos 600 visitantes encontra-se numa encruzilhada. Dos cerca de 6 ou 7 membros que a iniciaram resto eu. Ao longo de mais de um ano fui cuidando (por momentos também descuidando) das conversas a meu prazer. Para ser sincero para aí 95% do património genético deste blog é meu.
O que me levou a começar? Inicialmente a ideia era ser um ponto de discussão, um local para discutir ideias, "mandar bocas", ou qualquer outra coisa que os colaboradores se lembrassem de cá colacar.
O que me levou a continuar? Não sei bem como explicar... No ínicio começou por um texto qualquer que por motivos que me ultrapassam coloquei aqui. Depois sempre que um bichinho atacava os dedos e começava a escrever qualquer coisa (por vezes sem nexo... quando vejo certas coisas que escrevi...) inevitavelmente vinha parar a este cantinho. E quando escrevemos qualquer coisa, por muito que seja uma história puramente imaginária, deixamos um bocadinho de nós e das nossas vivências. Logo não podia deixar morrer um pedaço de mim. Também é verdade que algum feedback positivo fazia bem ego e quando as musas andavam por perto era fácil dar continuidade ao projecto.
O que me leva a continuar? Aqui está a pergunta do milhão de euros...
As "conversas de treta" encontram-se agora na encruzilhada. Simplesmente terminam? Continuam num local privado (no disco duro do pc)? Ou começam um novo ciclo, juntamente com o seu querido pai?
As "conversas de treta" ja fizeram um orgulhoso ano. Confesso que durou mais do que estava inicialmente à espera. No entanto, agora que ultrapassou a marca dos 600 visitantes encontra-se numa encruzilhada. Dos cerca de 6 ou 7 membros que a iniciaram resto eu. Ao longo de mais de um ano fui cuidando (por momentos também descuidando) das conversas a meu prazer. Para ser sincero para aí 95% do património genético deste blog é meu.
O que me levou a começar? Inicialmente a ideia era ser um ponto de discussão, um local para discutir ideias, "mandar bocas", ou qualquer outra coisa que os colaboradores se lembrassem de cá colacar.
O que me levou a continuar? Não sei bem como explicar... No ínicio começou por um texto qualquer que por motivos que me ultrapassam coloquei aqui. Depois sempre que um bichinho atacava os dedos e começava a escrever qualquer coisa (por vezes sem nexo... quando vejo certas coisas que escrevi...) inevitavelmente vinha parar a este cantinho. E quando escrevemos qualquer coisa, por muito que seja uma história puramente imaginária, deixamos um bocadinho de nós e das nossas vivências. Logo não podia deixar morrer um pedaço de mim. Também é verdade que algum feedback positivo fazia bem ego e quando as musas andavam por perto era fácil dar continuidade ao projecto.
O que me leva a continuar? Aqui está a pergunta do milhão de euros...
As "conversas de treta" encontram-se agora na encruzilhada. Simplesmente terminam? Continuam num local privado (no disco duro do pc)? Ou começam um novo ciclo, juntamente com o seu querido pai?
quarta-feira, janeiro 05, 2005
As coisas que fazemos (ou não)
Chamem-lhe fetiches, chamem-lhe taras, chamem-lhe manias, chamem-lhe o que quiserem, mas todos nós temos coisas que adorariamos fazer e não podemos. Por vezes devido aos tramites da sociedade, outras por vergonha, outras por medo de arriscar ou simplesmente porque não temos condições de as realizar. No meu caso... Ir para dentro daquelas piscinas cheias de bolas ao estilo das que há no Mc Donalds, experimentar e usar todos os brinquedos do Toys'r'Us, conduzir um carro da polícia com as sirenes todas, conduzir um daqueles camiões gigantecos, paraquedismo, etc. E houve uma que já fiz há dois dias atrás... Usar aqueles telefones que existem nos bancos ao lado da máquinas automáticas... Posso dizer que funcionam e que atende uma "menina" do outro lado depois de se estar mais de 5 minutos a ouvir aquela maravilhosa música de espera de telefone que agora está em moda... Cabe-me agora por em prática os outros desejos mais secretos, privados e obscuros...
Nota:
Adoro certas situações... É engraçado o que acontece frequentemente depois de se sair do café... Quantas e quantas vezes saímos todos do café (muitas vezes já depois do café fechado) e enquanto toda a gente se despede começa uma conversa inocente que dura horas. E usalmente são conversas que fluem a uma velocidade vertiginosa e verdadeiramente enriquecedoras. Fantástico!
Nota:
Adoro certas situações... É engraçado o que acontece frequentemente depois de se sair do café... Quantas e quantas vezes saímos todos do café (muitas vezes já depois do café fechado) e enquanto toda a gente se despede começa uma conversa inocente que dura horas. E usalmente são conversas que fluem a uma velocidade vertiginosa e verdadeiramente enriquecedoras. Fantástico!
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