Devaneios... Nada mais...
quinta-feira, dezembro 16, 2004
De volta em breve...
quinta-feira, novembro 18, 2004
A princesa de Ohnos
Era uma vez, há muito, muito tempo, uma princesa que morava num reino longínquo de seu nome Ohnos onde tudo era perfeito. Tudo não... Quase tudo... Todo o reino floria, por entres os verdejantes campos, lá murmurava um riacho límpido, segredos aos seus habitantes. Todo o povo vivia feliz, não havia guerras, nem pobrezas... Só o coração da princesa ficava cada vez mais frágil e triste.
A princesa, de seu nome Helena, era uma jovem mui formosa e bela. Tudo nela era perfeito e todos a adoravam. Porém os inúmeros pretendentes que teve e por quem se enamorou revelaram-se sombras da sua pessoa, e indivíduos de fraco carácter. O bondoso rei João, sabia que teria de fazer qualquer coisa para que o coração de sua querida filha, não se partisse em mil pedaços, como um copo do mais fino cristal quando arremessado contra uma parede.
Neste tempo, ainda os dragões conviviam com os humanos. Havia um, o dragão Batista, que era amigo de infância do Rei. Os dragões tinham um poder especial. Conseguiam ver a essência das pessoas. Só de observá-las conseguiam determinar se estavam na presença de alguém bom ou de alguém mau. O Rei pediu então ao seu amigo para guardar as portas do reino e apenas deixar entrar as pessoas boas e que não tivessem medo de dragões. Apesar de no reino Ohnos, os dragões andarem normalmente por entre as pessoas, no resto do mundo eram ainda temidos, e vistos como criaturas demoníacas. As pessoas demoram sempre muito a habituarem-se ao que é diferente... mas essa é outra história.
Nos meses seguintes centenas de príncipes, jovens, cavaleiros, aventureiros ficaram a porta do reino. Uns apenas pelo medo de ultrapassar aquela barreira que era o Batista, outros porque apenas foram atraídos pela fortuna que obteriam depois de casados com a princesa, outros porque apenas queriam a beleza da princesa.
Num belo dia de primavera um jovem plebeu, algo aluado e distante de tudo aproximou-se. Nessa hora Batista dormia. Foi acordado por uns toques na sua pata direita e pela voz de um jovem:
"- Bom dia, Sr. dragão. Sou o Ricardo."
"- Está a interromper a passagem. Não se importa de me dar 1 jeitinho para passar."
"- Bom dia, jovem Ricardo. Com certeza que posso. Folgo muito em vê-lo. Já estava largos meses à sua espera." -afirmou Batista observando Ricardo de cima a baixo.
Ricardo lá se colocou a caminho, algo intrigado com as palavras de Batista. Nesta altura não sabia ainda da existência da princesa e do que o destino lhe havia reservado.
O destino, esse jogador compulsivo de vidas e sentimentos humanos, colocou-o em contacto com a princesa. Quer acreditem, quer não acreditem, foi amor à primeira vista. Foi assim que o reino aprendeu uma nova lição. Às vezes quem menos esperamos, rompe as barreiras que erguemos à nossa volta e entra na nossa vida para não mais sair.
E viveram felizes para sempre...
sexta-feira, outubro 08, 2004
Paragem de autocarro
seria lançado às feras, com aquele formigueiro, aquela adrenalina, que percorria todo o
corpo. De repente, como numa peça de teatro, as luzes baixaram-se até estar tudo no breu, e
um holofote foca uma jovem que se vem aproximando lenta e despreocupadamente até parar na fila do autocarro. Era uma daquelas pessoas, que emanam uma aura, uma energia inexplicavél, que não consegue deixar ninguém indiferente. Depois de dois minutos nas luzes da ribalta, lá chega o "Volvo" azul que dá por terminado o momento, e me levará de volta ao meu mundo.
Apesar de ser uma hora relativamente movimentada, o autocarro ia meio cheio (não meio
vazio...). Como sempre dirijo-me para a rectaguarda do autocarro. Havia dois lugares, frente
a frente... Apeteceu-me ir de costas para o condutor e ver o meu mundo ficar para trás
enquanto entrava numa realidade completamente diferente. Sem sequer ter tempo de pensar
nisto, a rapariga sentou-se à minha frente. Era mesmo cativante e intrigante. Os seus olhos
grandes e verdes penetravam-me como facas, analisando o mais recondito espaço da minha
mente. Era complicado olhar em frente. Com um olhar aniquiliva-me. E apesar daquele olhar
profundo, os seus olhos espelhavam uma alma fantástica. Naquele momento apostava que à minha frente tinha alguém fora de série.
Afinal o primeiro dia de trabalho nem foi assim tão assustador como pensava que seria. Se
calhar foi uma boa premonição que tive no início do dia...
Todos os dias seguintes, àquela hora da manhã lá aparecia ela, dona do seu nariz para
apanhar o autocarro, e alguma forma tornar a minha viagem mais interessante, com aquela
troca de olhares indiscretos e misteriosos que iam acontecendo.
15 dias passaram da primeira vez que a vi, deslumbrante aproximando, e pela vez, nesse dia
ela não apareceu. Não consegui deixar de me perguntar o que teria acontecido. Teria ela
adoecido? Mudado de casa? Arranjado um emprego num qualquer local remoto do planeta? Como seriam agoram as viagens? O dia começava um pouco mais cinzento. Nesse dia saí do trabalho mais tarde do que o costume. Ou melhor, os problemas que houve no
serviço, não me deixaram sair mais cedo. Como um robô, mal saí do emprego, dirigi-me
mecanicamente para a paragem, entrado no carro e sentando nos ínumeros lugares vazios que
havia. Olhei para o relógio... Eram 21h00... Sem dar por mim, nesse exacto momento sentou-se ao meu lado, a rapariga dos olhos verdes... Pela primeira vez ouvi a sua voz. O seu
telemóvel tocava. Não tive remédio senão ouvir a sua breve conversa... Pelos vistos no dia
anterior tinha estado numa festa de despedida de solteira de uma amiga numa discoteca que
não percebi o nome... Afinal foi esse o motivo... Não consegui conter-me... Tinha de saber
pelo menos o seu nome... Já não me lembro bem da desculpa que descortinei na altura e se foi algo de espectacular ou se simplesmente tive sorte... mas fiquei a saber que se chamava Joana, que trabalha em design, e que no dia seguinte ia tomar o pequeno almoço comigo!
Terá sido uma conspiração do Universo? ;)
Hoje se me perguntarem se acredito no amor, a minha resposta é: Só no amor à primeira vista!!!
quinta-feira, outubro 07, 2004
Smile
Words by John Turner and Geoffrey Parsons
Music by Charlie Chaplin
sábado, outubro 02, 2004
Crónica de uma morte anunciada
Mais um sábado passou... Vivo as semanas ansiando e rezando para que chegue o fim-de-semana. E agora que estou no fim-de-semana... Nada... Aqui, no escuro e no silêncio do meu quarto nada se passa. A esta hora apenas se vão ouvindo de tempo a tempo os sons da cidade, o ronronar de motores ao longe, o latir de ambulâncias de tempos a tempos, e mais nada. E entretanto, o meu tédio vai se transformando num raiva incrível. Ao meu lado vão aparecendo umas pessoas, que se intitulam amigas (um conceito a rever na nova edição do dicionário da língua portuguesa) que vão esperando tal como as hienas, o momento certo, uma ferida aberta, uma fraqueza, para sugar um pouco mais de mim. Ah!Ah!Ah! Quão iludidos e inocentes são, achando que não percebo as suas intenções e finalidades... E a cada minuto que passa, tudo isto vai-me consumindo e corroendo, até que tudo existe, é uma dor enorme como uma chama que queima a minha mente, personalidade... E depois? Tal como a Fénix, das cinzas surge um novo eu. E este novo eu, inevitavelmente, é alguém mais forte, mais amargo, mais rude, mais cru, mais consciente que o único motivo que me leva a avançar em frente, em continuar a levantar-me todos os dias da cama, é apenas não querer dar essa satisfação a todos aqueles que não gostam de mim, e poder continuar a linchá-los e rebaixá-los com o meu sucesso!!! Fico de repente com uma mórbida felicidade... Não preciso de ninguém! E apago mais um cigarro... Levanto-me para abrir a janela do quarto, para que a névoa de fumo que paira como abutres sobre esta divisão possa dissipar-se. E já que estou de pé... Enfio-me no carro, e parto como uma flecha rumo a estação de serviço mais próxima comprar mais um maço. E já que estou a pé, uma corridinha contra o tempo pela auto-estrada... Já lá vão uns dias que não encosto o ponteiro do velocímetro às "17h30"... Será tudo isto vícios maliciosos e auto destrutivos? Todos vivemos numa corrida contra o tempo, e não tenho nada a perder...
sexta-feira, outubro 01, 2004
O meu Baú
O meu baú contém os objectos que me convencem que realmente existiram certos momentos especiais, que não foram fantasiados por mim, de que fui realmente feliz, pelo menos num instante de segundo enquanto durou um flash, formas de não perder as minhas propriedades no esquecimento, de reave-las sempre que quiser, formas de reviver emoções, de sentir saudade!
Ele tem aquilo que me diz algo, tem um bocadinho da minha alma, por isso acho piada aquelas tribos africanas que pensam que as nossas imagens palpaveis, as simples fotografias, nos roubam a alma, pelo contrario ajudam-me a construi-la...
As fotografias são por isso e com toda a certeza o meu baú das recordações! ( bom nome para o blog Quim!)
quinta-feira, setembro 30, 2004
O meu mundo
quarta-feira, setembro 15, 2004
Ouvir o silencio
Quero ouvir o silêncio, estar sentada naquelas dunas, ao por do sol, no deserto…
Quero voltar a ter a sensação de estar com o meu verdadeiro eu sem absolutamente nada que me distraía de mim. Ouvir só o que vai dentro de mim, o meu sangue a correr, saber que estou viva e que o meu coração ainda bate.
Quero voltar a encontrar o meu mais puro eu, sem influências do mundo que me rodeia.
Quero deixar cair a mascara de uma fortaleza de convicções e certezas,
Quero ser apenas eu com os meus ideais, sem que ninguém me lembre que não passam disso mesmo ideais, ideias do mundo para um mundo melhor, uma sociedade ideal!
Quero sentir-me completa em mim, no meu mundo perfeito, que é só meu!
Quero poder falar comigo, contar-me os meus mais íntimos segredos e sentimentos, enfim conhecer-me, entender o porquê de atitudes tomadas, de palavras ditas, de palavras ouvidas, de conflitos, o porquê se me sentir só em mim!
Quero saber o que terei de especial ou diferente que me faça sentir de outra época, de outro mundo por vezes.
Quero crescer em mim, quero ser humana sem deixar de ser alma. Ser o melhor para mim e para os outros.
Quero deixar os remorsos de não agir, ou me reprimir por não ser eu nas atitudes que tomo.
Enfim quero ouvir o silêncio, como se nada houvesse no mundo com que me preocupar, como que se o tempo parasse, para poder desfrutar da minha verdadeira companhia e escutar-me, entender-me, certificar-me que não sou incompreensível e corrigir os erros que fazem com que o seja para os outros.
Ser completa para vocês que me merecem completa, para vos apoiar, defender e amar.
When The Pawn Hits The Conflicts
He Thinks Like A King
What He Knows Throws The Blows
When He Goes
To The Ring
There's No Body To Batter When Your Mind Is Your Might
So When You Go Solo, You Hold Your Own Hand
And Remember That Depth Is The Greatest of Heights
And If You Know Where You Stand,
Then You Know Where To Land
And If You Fall It Won't Matter,
'Cuz You'll Know That You're Right
Deixei atrás os erros do que quis
E que não pude haver porque a hora flui
E ninguém é exato nem feliz.
Tudo isso como o lixo da viagem
Deixei nas circunstâncias do caminho,
No episódio que fui e na paragem,
No desvio que foi cada vizinho.
Deixei tudo isso, como quem se tapa
Por viajar com uma capa sua,
E a certa altura se desfaz da capa
E atira com a capa para a rua.
Não quero que penses que me sinto só, abandonada, negligenciada, não! Sei que tenho o melhor amigo, companheiro, amor do mundo. E por isso sinto-me grata a ti! Trata-se apenas de uma necessidade de me relembrar de mim. “Without you i’m nothing”, lembras-te, foi assim que tudo começou verdadeiramente, uma música dos placebo no sudoeste, e é por isso que quero ser completa, para sermos completos! AMO-TE!
Certezas
Só tenho a certeza de uma coisa: a morte. O resto tudo se modifica e transforma.
quarta-feira, setembro 08, 2004
Bagaço com mel
Por todo o lado ouvem-se críticas, que antigamente (e ainda hoje) nas aldeias era a loucura total... As pessoas bebiam logo o seu copito de bagaço pela manhã, o tinto era uma constante nas mesas, etc. etc. Agora pergunto, o que é mais degrandante: esses comportamentos ou os comportamentos actuais? A qualquer lado que se vá, depois de uma certa hora, vê-se toda a gente com um copito na mão... e figuras absolutamente inacreditáveis (para ser simpático). Em todo o lado vê-se pessoas a beber, por beber. Beber para ficar bêbadas porque pelos vistos é da única maneira que conseguem divertir-se. Quem não bebe, não é fixe... Então toca a beber, mesmo que o liquido dentro do copo, saiba à pior coisa do mundo. Por todo o lado há os garanhões olha só para mim... vê como consigo aguentar a bebida... sou mesmo fixe... Dos gunas nem falo... Para eles já é um ritual. Já pouca gente bebe por gostar do que está no copo, apesar da maior parte defender que não, e que realmente a mixórdia que lhe puseram à frente até é uma iguaria dos Deuses...
Qual é o mais degradante?
Mistério das praias
Contudo, ainda assim, existe nas praias de norte a sul do país um personagem enigmática! O "homem das batatinhas"... Não sei se já repararam mas ele traz numa mão o saco com as batatinhas, noutra o saco com as "línguas da sogra", à cinta o saco com os trocos, na cabeça o chapéuzinho e às costas uma "lata" gigante... Já se perguntaram o que eles trazem nessa lata? Pois, eu sei! Eles trazem os restos das sogras.... os olhos das sogras, os corações das sogras e outras entranhas de sogras... Agora põe-se uma pergunta: O que raio, esses beneméritos dos maridos portugueses, fazem aos corpos das sogras? Será que são incinerados? Será que um dia encontraremos uma grande vala comum cheia de corpos mutilados das entranhas, com todas as sogras que foram usadas para fazer essas guloseimas que fazem as delícias de miúdos e graúdos nas praias portuguesas?
PS: se estão a perguntar-se porque não há notícias do desaparecimento de tantas sogras, o motivo é óbvio... são sogras!!!!
Fachadas
E perguntas tu: qual o motivo para tal boa disposição?
Ao que respondo: Não sei...
Não faz sentido... Posso tentar explicar... Olha cinco anos para trás. Ondes estavas? Com quem estavas? Como estavas? Mudou muita coisa?
Eu posso dizer que sim. Mudaram-se mentalidades, objectivos, sonhos, ilusões, algumas pessoas. Perdeu-se alguma réstea de inocência...
Acho que a maior lição neste curto espaço de tempo foi acerca das pessoas... As pessoas são como casas. Algumas possuem grandes fachadas e a quem passa parecem perfeitas, "a casa de sonho". Mas atrás dessas fachadas esconde-se uma pocilga, ou simplesmente o vazio. Há depois aquelas que têm fachadas feias, velhas ou simplesmente muros enormes a proteger o interior e que poucos aventuram-se a trespassar ou tentar descobrir o que está do outro lado... Os poucos que conseguem passar além dessas barreiras descobrem frequentemente que no seu interior se encontram tesouros enormes e algo de absolutamente deslumbrante. Há as mansões "Hollywoodescas" perfeitas por fora e por dentro mas isso são casos hiper raros e normalmente isoladas do resto das casas. Obviamente também há o inverso. Fachadas a cair de podre e interiores degradantes. Finalmente a casa dita normal. Fachada agradavél, interior reconfortante... Enfim... Nada nem ninguém é perfeito.
Fica no ar a pergunta? As mudanças foram para melhor ou para pior? Acho que a única coisa que se pode dizer é uma verdade de LaPalice... Foram para diferente. Ganham-se umas, perdem-se outras. C'est la vie...
domingo, junho 06, 2004
Monólogo de treta...
Física...
Para quem neste momento pensa que o que disse, acabaria para sempre com a espontaneadade, a surpresa na vida há tempo para tudo!
sexta-feira, junho 04, 2004
Carta...
Sob o crepúsculo do que se adivinharia ser apenas mais uma noite de queima, a nossa vida mudou. Combinámos ir todos à queima, e nesse dia ir ver o imperdível concerto de Clã. De repente a Manela começa a cantar:
"O meu lado esquerdo
é mais forte do que o outro
é o lado da intuição
É o lado onde mora o coração
O meu lado esquerdo
Oriente do meu instinto
É o lado que me guia no escuro
É o lado com que eu choro e com que eu sinto
Meu é o meu foi o meu lado esquerdo
Que me levou até ti
Quando eu já pensava
Que não existias para mim no mundo
O meu lado esquerdo não sabe o que é a razão
É ele que me faz sonhar
É ele que tantas vezes diz não
Meu é o meu foi o meu lado esquerdo
Que me levou até ti
Quando eu já pensava
Que não existias para mim no mundo".
Nesse momento em que a música começa a embalar a embalar a multidão, temos o impulso de olhar para o lado. A toda a nossa volta só se via casais de namorados agarrados, contagiados pela força da música mostrando ao mundo que o amor existe. Num impulso demos uns poucos de passos atrás para não estragar a magia do momento. E foi aí que nos perdemos... Perdemos do resto das pessoas com quem vínhamos e perdemo-nos no amor... Os nossos lábios tocaram-se e o tempo parou, à nossa volta estavam milhares de pessoas mas não existia ninguém. Estávamos apenas nós os dois naquela dimensão e tudo era perfeito. Nesse dia a lua estava cheia e bem perto da Terra. Deitamo-nos lado a lado na relva e ficamos a olhar o Céu. A olhar o Céu não... As nossas almas tocaram-se... Estávamos na realidade no Mar da Tranquilidade observando na Terra aquelas duas formas de vida, rejubilando por saberem que o Amor existe, percebendo que por vezes Ele está mesmo ali ao nosso lado e ao alcance de um mero beijo.
Um ano passou e o que temos? Os primeiros meses foram extasiantes. Telefonemas a toda a hora, mensagens todos os minutos. Todos os dias um tempinho reservado para fazer o balanço e matar as imensas saudade... E depois? Tudo se foi perdendo... Já não podias sair todos os dias, as nossas conversas deixaram de ser íntimas e companheiras, passando a ser um mero acto de cortesia, temendo por um minuto de um silêncio comprometedor e assim nos fomos afastando. Estamos agora na altura em que somos namorados apenas de nome, acomodados ao facto de ser mais confortável essa situação do que romper e cair no pacote do "sozinho e descomprometido".
Hoje foi a vez dos Toranja actuarem... Desta vez não estava contigo a ver o concerto... À medida que cantavam,
"Não falei contigo
com medo que os montes e vales que me achas
caíssem a teus pés...
Acredito e entendo
que a estabilidade lógica
de quem não quer explodir
faça bem ao escudo que és...
Saudade é o ar
que vou sugando e aceitando
como fruto de Verão
nos jardins do teu beijo...
Mas sinto que sabes que sentes também
que num dia maior serás trapézio sem rede
a pairar sobre o mundo
e tudo o que vejo...
É que hoje acordei e lembrei-me
que sou mago feiticeiro
Que a minha bola de cristal é feita de papel
Nela te pinto nua
numa chama minha e tua.
Desconfio que ainda não reparaste
que o teu destino foi inventado
por gira-discos estragados
aos quais te vais moldando...
E todo o teu planeamento estratégico
de sincronização do coração
são leis como paredes e tetos
cujos vidros vais pisando...
Anseio o dia em que acordares
por cima de todos os teus números
raízes quadradas de somas subtraídas
sempre com a mesma solução...
Podias deixar de fazer da vida
um ciclo vicioso
harmonioso do teu gesto mimado
e à palma da tua mão...
É que hoje acordei e lembrei-me
que sou mago feiticeiro
e a minha bola de cristal é feita de papel
Nela te pinto nua
Numa chama minha e tua.
Desculpa se te fiz fogo e noite
sem pedir autorização por escrito
ao sindicato dos Deuses...
mas não fui eu que te escolhi.
Desculpa se te usei
como refúgio dos meus sentidos
pedaço de silêncios perdidos
que voltei a encontrar em ti...
É que hoje acordei e lembrei-me
Que sou mago feiticeiro...
...nela te pinto nua
Numa chama minha e tua.
Ainda magoas alguém
O tiro passou-me ao lado
Ainda magoas alguém
Se não te deste a ninguém
magoaste alguém
A mim... passou-me ao lado.",
percebi.... grande parte dessa música era sobre ti... Há um ano atrás fui iludido pela sofreguidão da paixão e fiz de ti algo que não eras... Preciso de alguém que quando toque uma valsa dance comigo, mesmo que seja a pior bailarina do mundo. Preciso de alguém que não tenha medo de usar palavras como amor ou apaixonado ou apaixonada. Preciso de alguém que goste do que eu goste. Preciso de companheirismo. Preciso de cumplicidade. Preciso de alguém que me ame incondicionalmente…
Resta-me agora tirar da rádio e de todos os aparelhos esterofónicos a nossa música, de enterrar as nossas fotos num lugar escuro no fundo de uma gaveta escondida num móvel qualquer, de mudar o teu número de telefone na minha lista, de mudar hábitos que tanto prezava, como ligar-te as 3h da manhã só para ouvir a tua voz, e apesar de já estares a dormir, nunca te chateavas e docemente desejavas boa noite. O que não sabiamos é que da mesma maneira que é tão fácil apaixanomarmo-nos por alguém ou por uma ideia, também é tão fácil desapaixanomarmo-nos...
E assim chega ao fim esta etapa da nossa vida... Algumas boas recordações certamente ficarão para sempre. As más, o tempo encarregar-se-á de as apagar. Ficamos, porém com a certeza que não fomos feitos um para o outro e com a consciência tranquila de não ter perdido uma oportunidade que mais tarde poderia dar lugar a arrependimento e a um grande "E SE AO MENOS TIVESSEMOS EXPERIMENTADO..."
José...
José… Chamemos-lhe José… Ou melhor, como estamos em Portugal, Dr. José… (porque neste país quem concluí com sucesso, e muitas vezes mesmo sem sucesso, deixa de ser uma pessoal normal e passa a ser Dr., Dr.ª, Eng.º, Eng.ª, etc. num qualquer estado de “auto-Deusificação”… são as maravilhas de viver num país em que a mentalidade das pessoas ainda é muito estreita e rudimentar!) Dr. José era daquelas pessoas especiais, admirado por muitos, invejado por mais. Tinha tudo. Empresário de sucesso, uma noiva fantástica (não daquelas fabricadas numa clínica qualquer… uma mulher bonita, culta, interessante e invulgar), amigos q.b. , saúde de ferro. Apesar de todo o seu sucesso como empresário ligava pouco a dinheiro. A sua prenda ideal eram coisas mais pessoais, coisas simples como uma simples carta. O que mais gostava no mundo era aquilo que o dinheiro não podia comprar como um passeio ao pôr-do-sol, o som do riso, o chegar da primavera, entre muitas outras. A sua mentalidade era coisa rara… Não podia ver uma pessoa carente de ajuda, que não hesitava em pôr mãos à obra e tentar ajudar nesses problemas desse alguém. Acreditava que os amigos são para as ocasiões (fossem elas tristes ou alegres), que o amor movia mundos e fronteiras, e que no fundo o mundo era um sítio excelente para viver e a Vida algo de maravilhoso… Obviamente não era um santo… Como todos os habitantes deste planeta, tinha as suas falhas, tais como o orgulho. Há ainda umas características que não sei ao certo em que parte encaixar, se nos defeitos, se em virtudes: a sua inocência e ingenuidade… Penso que serão defeitos… Com o decorrer da história, certamente perceberás porque fiz essa avaliação.
Quem não o conhecesse decerto sentiria uma ponta de inveja… Os seus amigos viam-no quase como um monge… Sabiam que ele estava sempre presente quando precisavam fosse do que fosse, que os problemas não batiam à sua porta e que estava sempre em “maré alta” e nunca ninguém o viu triste ou desanimado. Mas os amigos não são só para os problemas, e inevitavelmente em todas as “festas” ou “desculpas para festas” lá estava ele…
No amor… ai o amor… Como não podia deixar de ser, era um romântico nato… Jantares ao pôr-do-sol numa praia deserta, cartas de amor, poemas, serenatas, etc. Ela por sua vez, parecia em sintonia completa com ele. Ele dizia mata, ela esfola. Qualquer pessoa que passasse por este casal não deixava de ficar enternecida…
A sua vida era um mar de rosas…
Só que a vida não é um mar de rosas, como todo o comum mortal sabe…
Certo dia chegou a casa, e quando se preparava para tomar um relaxante banho foi interrompido por um telefonema de Dr.ª Catarina, a sua noiva. Tinha uma novidade fantástica para lhe dar e que exigia ser comemorada…
O seu Mercedes, acabado de comprar, rapidamente os levou a um pacato restaurante na zona da Foz, virado para o rio Douro.
“- Pikachu, estou mesmo feliz… Tenho uma notícia fantástica para te dar!” exclamou Dr.ª Catarina enquanto decidiam o que haviam de jantar.
“- Recebi uma proposta do banco para ir trabalhar para uma sucursal em Castelo Branco. É excelente! Aumentam-me o salário em cerca de 50% e dizem que tenho sérias possibilidades de subir rapidamente no quadro.”
“- Muito bem! Parabéns! Isso é para entrar em vigor quando?” perguntou Dr. José, esperando que a proposta tivesse sido recusado e tentando organizar as suas ideias sobre se tal situação era de facto boa, ou não.
“- Querem que no início da próxima semana entre ao serviço lá. Quinta-feira tenho de ir lá tentar encontrar um sítio onde ficar enquanto não tenho o meu próprio espaço.”
A muito custo esboçou um sorriso amarelo. As palavras fugiam-lhe, não conseguia dizer nada. Tem de ser uma brincadeira dizia para si mesmo vezes conta. Inconscientemente soube que aquilo era o início do fim. Era um dos seus primeiros e mais duros encontros com a vida real. Afinal o que se diz na TV, rádios, jornais em crónicas, artigos, documentários elaborados por psicólogos, sociólogos e outros ólogos era mesmo verdade… A carreira e o dinheiro era a prioridade número 1 do ser humano moderno… Coisas como felicidade, partilha, bem estar, e outros valores há muito fora de moda, eram factos suplementares… São algo a atingir depois de ter dinheiro, notoriedade, fama… Por sinal todas elas coisas altamente voláteis… Para Dr. José, essas coisas eram as verdadeiras suplementares. O que interessava era a felicidade, o amor, os amigos, viver bem consigo próprio, fazer o que se gosta. No entanto, ali à sua frente estava a pessoa que escolheu para na história da sua vida, ajudar a representar o célebre “… e viveram felizes para sempre…”, dizendo que a sua situação actual não era a que esperava e que tinha de mudar por cerca de uns meros 600€… Parecia que lhe tinham espetado uma faca no coração… A sua visão do amor tinha sido dissolvida em apenas 5 minutos… As únicas palavras que conseguiu dizer foram:
“- E nós?”
“- Nós… Teremos de fazer um esforçozinho adicional… Temos os fim-de-semana e podemos falar todos os dias… Para isso existem os telefones…” respondeu-lhe de um modo algo sarcástico, “Além disso não tenciono ficar naquele fim do mundo para sempre! Serão só uns anos até ser promovida.”
“- E és promovida e vais para onde? Algarve, Alentejo, Lisboa?”
“- Bolas! Isto é uma coisa boa! Que egoísta!”
“- Desculpa. É apenas medo de te perder… De certeza que vamos ultrapassar isto facilmente!”
Tal não podia estar mais longe da realidade…
6 semanas passaram até o primeiro fim de semana que passavam inevitavelmente juntos não ter lugar, devido a um qualquer problema ter surgido à ultima da hora… Entretanto os telefonemas que inicialmente eram bi, tri, tetra, penta, hexa, centum, mille diários passarem a ser apenas diários, para passarem a acontecer apenas de dois em dois dias, para semanais, até só se falarem no fim de semana. E nesse fim-de-semana não se falaram… E na sétima semana tudo acabou… Ao entrar em Castelo Branco, Dr. José teve uma má sensação, como de algo de errado estivesse para acontecer. Se não o conhecesse bem, advinharia-lhe capacidades de vidente. Nesse fim de semana soube da notícia que mais receava… Dr.ª Catarina tinha conhecido uma pessoa nova… Segundo ela a sua cara-metade, se é que tal existe… E assim terminava uma relação de 5 anos… A sabedoria popular baseia-se sempre na realidade, e a realidade é que “longe da vista, longe do coração”…
Os meses que se seguiram foram igualmente difíceis… Inicialmente tentou espantar os seus fantasmas sozinho… Tentou ir a todas as “festas” e “desculpas para festas”, encontrar-se o mais possível com seus amigos… mas o seu comportamento não era mais o mesmo… No lugar da pessoa faladora e aberta estava agora alguém pouco dado a conversas e de sorriso difícil… Algo que também não o ajudava era todo o mundo da sua convivência andar comprometido e graças a isso sentir-se inúmeras vezes a mais ou um simples empecilho… Entretanto o seu comportamento mudou… Lentamente deixou de estar com os amigos, refugiando-se cada vez mais no seu ridículo dia-a-dia, de casa-emprego-casa… Quando nada tinha que fazer ligava a TV e ficava horas a fio, deitado no sofá ou na cama, queimando os seus neurónios com programas de qualidade duvidosa… Seus ditos amigos, há muito o haviam julgado… Classificavam-no agora: “Egocêntrico, mania da grandezas, e mania de pensar que é bom de mais para falar connosco”. Esta foi a segunda vez que teve de encarar a realidade… Nunca na sua vida tinha precisado realmente de ajuda… Nunca soube que hoje em dia as pessoas vivem olhando para o seu umbigo, que tudo à sua volta lhes passa ao lado e que não percebem quando alguém precisa de um ombro amigo. Os seus amigos não conseguiram perceber que Dr. José, não era o Homem de Ferro, a quem nada, ou ninguém o conseguia afectar… que era apenas uma pessoa de carne e osso, com os seus altos e baixos como todas as outras… Dr. José ficou a saber que quando precisou de ajuda, devia era ter gritado e esperneado até alguém notar e lhe estendesse o braço, para o tirar do rio de agonia no qual estava a ser levado…
Dr. José está agora num coma profundo numa unidade hospitalar, vítima de um acidente de automóvel, quando conduzia a mais de 180 Km/h depois de ter bebido um pouco demais…
Hoje não me consigo olhar ao espelho… Sinto vergonha… Dr. José considerava-me e eu considerava-o em tempos o melhor amigo… Absorto na minha ridícula vidinha, não fui capaz de ver que o meu melhor amigo precisava de uma tábua de salvação, de pelo menos uma palavra amiga ou de conforto… Para mim Dr. José não está na sua situação actual, vítima do álcool e de condução irresponsável mas vítima de uma sociedade em que os sentimentos e valores escasseiam… Só me leva a pensar em que mundo vivemos, e para onde vamos… Afinal o ser humano não é nada de especial, não é o ser dominante… É apenas outro ser vivo em que a lei do mais forte predomina, e o que interessa é a propagação da espécie… O que nos reserva o futuro? Algo de muito mau… Provavelmente, cada um será responsável pelo seu trabalho, escrupulosamente cumprido sem olhar a meios, e uma nova profissão surgirá que será a de ter filhos, visto o resto da população estar demasiado concentrada no seu trabalho e não ter tempo para tal coisa…
Nesse dia todos os seus amigos e conhecidos juntaram-se no hospital… Como é irónico… e provavelmente demasiado tarde…
Quantos aos outros não sei… mas certamente terei um pesado fardo e sentimento de culpa para enterrar… E foi preciso o meu querido amigo ficar em coma para me aperceber de quão triste e mesquinho é o mundo…
quinta-feira, junho 03, 2004
Memórias...
sexta-feira, março 05, 2004
A filosofia IE
Muitos desses slogans davam autênticas filosofias de vida... Qualquer pessoa podia pegar num slogan e adoptar à sua vida. Não duvido que um qualquer "skater" mais radical viva segundo o conhecido "Just do it"...
Eu gosto especialmente do slogan do Internet Explorer: "where do you want to go today?". Sempre que a abria um explorador de páginas web, lembro-me disso e sinto-me bem! Faz-me sentir livre. E a liberdade é a melhor coisa que temos. Era tão bom, passar essa "filosofia" um pouco mais para a vida real... Acordar e perguntar-me. "Where do I want to go today?", e a partir daí, arranjar um tempinho no meu dia e "Just do it"!
quarta-feira, março 03, 2004
Agenda telefónica...
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Pois bem, os bons sempre irão continuar com esse lugar e com certeza que novos se lhes irão juntar enquanto que outros porventura irão desaparecer... É a Vida no seu melhor! :)
Bicios...
Dei comigo a pensar nisto quando acabou um filme no cinema e resolvi ir ao WC. Lá entrei e deparo-me com um cenário que parecia saído de um filme de guerra: alinhados ao longo da parede lá estavam os "rapazes" todos alinhados apontando a sua "arma" aos "miktorios"... Achei a situação deveras cómica mas ao mesmo tempo algo estranha. Para mim ir dar "uma mija" é algo de pessoal. Não acho piada nenhuma estar alinhado com mais uns quantos sujeitos a olhar para parede enquanto faço o meu xixizinho... O que nos vai na cabeça nestas alturas? "Aiii... que bom... estava mesmo a precisar disto"; "O gajo aqui ao lado chegou depois de mim e já saiu... Coitado... Que fraco!"; "Tenho de aguentar mais! Eu sou muito macho e tenho de terminar depois de todos os outros! Tenho de mijar mais 5 minutos..." Entre muitas outras palermices... Ainda assim consegue haver situações ainda piores... Basta ir a uma discoteca ou bar mais "fashion", ter um bocadinho de sorte e abrir a porta do WC para encontrar algo ainda mais divertido... Em vez de "miktorios" individuais, se é que lhes podemos chamar assim, temos um "miktorio" único em forma de cascata! E lá nos apertamos enquanto fazemos o "servicinho"... Deve ser uma ideia mesmo romântica para alguns... Se calhar concretizam um sonho de mijar para uma cascata, e ainda podem imaginar que mijam para as cataratas do Niagara ou algo que não me atrevo sequer a imaginar... Há ainda a altura da queima... Essa sim a época mais degradante das mijinhas! Nenhum local é sagrado, desde atras de barracas, no meio do "corredor" até ao clássico muro... Isto tudo enquanto vão mandando aquelas bocas de machão e rindo como se tal situação fosse impressionar alguém! Enfim... mas não são só os homens que tem o seu "quê" de situações ridiculas... Temos o clássico das mulheres de irem sempre aos pares ao WC. Tal já não posso dissertar sobre o porquê... Também é engraçado o modo como dizem que vão ao dito cujo. Gosto especialmente do "Vou refrescar-me!" O que é isso? Estão com calor? Suadas? Há sempre aquelas ventoinhas a pilhas que as madames levam consigo nos dias mais quentes... Não faz o mesmo efeito?
Aqui ficam apenas alguns dos vícios engraçados... mas há muitos mais...