Devaneios... Nada mais...

sábado, outubro 02, 2004

Crónica de uma morte anunciada

Sábado, 23 de Dezembro de 2000:

Mais um sábado passou... Vivo as semanas ansiando e rezando para que chegue o fim-de-semana. E agora que estou no fim-de-semana... Nada... Aqui, no escuro e no silêncio do meu quarto nada se passa. A esta hora apenas se vão ouvindo de tempo a tempo os sons da cidade, o ronronar de motores ao longe, o latir de ambulâncias de tempos a tempos, e mais nada. E entretanto, o meu tédio vai se transformando num raiva incrível. Ao meu lado vão aparecendo umas pessoas, que se intitulam amigas (um conceito a rever na nova edição do dicionário da língua portuguesa) que vão esperando tal como as hienas, o momento certo, uma ferida aberta, uma fraqueza, para sugar um pouco mais de mim. Ah!Ah!Ah! Quão iludidos e inocentes são, achando que não percebo as suas intenções e finalidades... E a cada minuto que passa, tudo isto vai-me consumindo e corroendo, até que tudo existe, é uma dor enorme como uma chama que queima a minha mente, personalidade... E depois? Tal como a Fénix, das cinzas surge um novo eu. E este novo eu, inevitavelmente, é alguém mais forte, mais amargo, mais rude, mais cru, mais consciente que o único motivo que me leva a avançar em frente, em continuar a levantar-me todos os dias da cama, é apenas não querer dar essa satisfação a todos aqueles que não gostam de mim, e poder continuar a linchá-los e rebaixá-los com o meu sucesso!!! Fico de repente com uma mórbida felicidade... Não preciso de ninguém! E apago mais um cigarro... Levanto-me para abrir a janela do quarto, para que a névoa de fumo que paira como abutres sobre esta divisão possa dissipar-se. E já que estou de pé... Enfio-me no carro, e parto como uma flecha rumo a estação de serviço mais próxima comprar mais um maço. E já que estou a pé, uma corridinha contra o tempo pela auto-estrada... Já lá vão uns dias que não encosto o ponteiro do velocímetro às "17h30"... Será tudo isto vícios maliciosos e auto destrutivos? Todos vivemos numa corrida contra o tempo, e não tenho nada a perder...

2 comentários:

ACE disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
ACE disse...

Temos sempre algo a perder.
Nós somos a melhor coisa na nossa vida, somos quase sempre capazes de nos destruir mas raramente somos capazes de nos amar...