Devaneios... Nada mais...

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Pensando em voz alta

Lentamente o papel vai sendo consumido pela brasa que vai destruindo o tabaco. É engraçado... é nestes momentos que estás isolado do mundo que mais coisas parecem fazer sentido... que mais coisas se mostram ao nosso ser aluado. A lua... Essa está grande! Tem uma orla redonda em seu redor. Lá no final do areal, o mar ronrona. Ai o mar! Ui! Já começa a queimar os dedos! A brasa já consumiu tudo o que nos consome. Está no filtro! É melhor livrar-me da beata. O vento silva na janela entreaberta do quarto... Não quero mais! Não, quero mais! Não sei o que quero! Quero tudo! Tenho tudo? Não consigo ficar deitado aqui parado e murcho nestes pensamentos e sentimentos e agonia lúcida. Abro a porta e saio. Está um nevoeiro cerrado. Consegue sentir-se a água embatendo na pele descoberta. Custa um pouco habituar-me. Está frio! A sensação é agradável. Estava a precisar de sentir a água nas bentas... Parece que me ouço a pensar melhor. A praia está deserta. Está uma praia de inverno. Uma praia de Inverno é diferente de uma praia de Verão. É pena que não haja mais pessoas que conheçam as praias de Inverno. É tudo levado na maré do “mainstream”. Não há muita criatividade ou originalidade. São todos demasiado conformistas e comodistas. É mais agradável fazer o que todos fazem. Não cansa tanto... Enfim... tristes... A areia está dura. Os pés não se enterram como no Verão...

Porque é que a pessoa certa é a errada? Ou será a errada que é a certa? Sorte? O que é a sorte? Não estamos só aqui, tal como todos os habitantes deste iludido mundo , para dar continuadade à espécie? Não são todas as atitudes que tens, que fazes, todos os objectos e utensílios que usas, todas as verdades, mentiras, artificios que empregas, métodos que a Natureza te dá para que a evolução continue e a tua espécie não definhe para a extinção? Quantos anos tenho? Já lá vão 30... O que fiz? Melhor, o que fiz de importante? Algo que se veja, algo que realmente interesse... Não sei... Terá sido tudo para proveito próprio? Para o bem estar enquanto e depois concebo um ser da espécie para dar continuidade à evolução? Odeio-te... Amo-te! Qual a diferença afinal?

Tinhas de chegar agora??? Estava tão bem nos meus pensamentos... Estavas tão bem nos meus pensamentos... Podias ficar lá e não sair. Não aparecer! Não falar! Pensar é melhor que sentir. Não quero sentir! Não posso controlar. O pensar posso... Por favor... por favor não digas nada... não aguento sentir-te! Vê-me aqui e vai-te! Não esperes por mim! Não venhas ter comigo. Vai-te. Ainda não consegui ultrapassar-te! Andas demasiado depressa. Fazes-me andar demasiado depressa! Eu sei... Eu sinto... Libertas-me... Quando estou contigo estou livre... vedadeiramente livre... Quem disse que o amor prende não amou. Ou não amei eu? Bolas! Confusão... Não gosto de me sentir confuso. Gosto de tudo a preto a branco. Uma raposa persegue a lebre. O contrário não acontece! E uma raposa nunca ama uma lebre! E uma lebre foge da raposa. Tudo tem uma ordem natural! Terá? Obedecemos a ordens? A regras? Ditadas por alguém? Escritas por alguém?

Tanto fingimento, tanta argucia, tanta maquilhagem. Porque não alguém real??? Ou melhor, alguém real e interessante... Interessante??? O que é isso??? Nada faz sentido? Onde está o livro que ensina a viver?

Porque não dizer o que realmente penso? Aliado a todos os preconceitos, estigmas impostos por uma sociedade que define o comportamento de cada individuo para um suposto bem maior? Seria capaz de me expor assim a alguém? Quem mereceria ter esse conhecimento? É necessário coragem? É demasiado feio? Monótono? O quê??? Cortava a magia? Ou aumentava?

3 comentários:

Nandinho Jr. disse...

:)
é bom ter-te de volta... ainda que assim verdadeiramente confuso. acho que não sou capaz de te elucidar.. desculpa, mas posso dizer-te que o teu atom feeder deixou de funcionar. deves ter uns caracteres estranhos neste texto..:)

Anónimo disse...

olhar para dentro em voz alta: digo-te do devaneio. existe uma tendência especial no silêncio individual - o interior do que está circunscrito na forma - para a incerteza das coisas. é assim o interior - quem nós somos realmente - o avesso de quem não somos - por fora. Aí, no âmago, não existem limites ou medidas. a confusão, portanto, é semente adubada em nós, que germina aquando da percepção da individualidade, no avesso da nossa forma exterior. por isso somos tanto por dentro. por isso o silêncio trás facas na mão. por isso a realidade dói nas leis que a compreendem, que nos prendem . um não poder de ser todo, para fora. e fica o silêncio das palavras que não se trocam. das histórias que não se lêem. Digo-te da evasão.

escrevo-te para que me leias: e é tudo mais do que isto

yours faithfully,

Luís Teixeira

Anónimo disse...

escreve alguma coisa carago!!!

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