Devaneios... Nada mais...

sexta-feira, janeiro 28, 2005

Insónia ( I )

São 2h15...
O sono teima em não vir! Na minha cabeça um turbilhão de ideias passeia, ansiando pela liberdade de sair da mente através grito revolucionário... Tudo anda aos encontrões, desde o meu dia inteiro, passando pela nostalgia de momentos passados, até aquelas coisas que podia ter feito e não fiz...

Controlo-me... bebo um copo de água e percebo... Não vale a pena continuar deitado na cama! Tenho de fazer qualquer coisa... Mais um problema... o quê? Não vou ver televisão... por hoje já tive a minha cota parte de células cerebrais estagnadas por esta... Talvez ler um livro... Esqueci-me... Já os devorei todos... A esta hora é melhor não telefonar a ninguém... Olho para a mesinha da cabeceira. No seu topo as chaves do carro piscam-me o olho. É isso mesmo! Vou dar uma volta enquanto ouço um pouco música!

Meto-me a caminho... sem destino, vou por aí por ruas desconhecidas. A calma é total. De longe a longe lá passa outra viatura, como que a lembrar-me que ainda não estou sozinho no mundo. Não sou único acordado, talvez haja mais alguém por aí com a mesma ideia que tive... Perdi-me... Não faço ideia de onde esteja! Não interessa, não vou voltar para trás. O caminho é para a frente! E lá continuo eu, acompanhado pela lua que lá de cima me sorri, num gesto de cumplicidade. Começo a reparar que há qualquer coisa de familiar neste lugar por onde passo... Ao fundo vejo o mar... Sorrio... Venho ter sempre inevitavelmente ao mesmo sítio... uma praia à beira mar! A sorte acompanhou-me mais uma vez!

Não há ninguém nas redondezas, não há sinais de civilização humana... Apenas a estrada que acaba num estacionamento que, para mim se torna num miradouro paro o mar! Abro a porta para deixar entrar esse aroma que me é tão querido da maresia. Puxo de um cigarro e saio do carro.

A lua reflecte todo o seu esplendor no mar. O céu está espantoso! Acho que nunca vi tantos pontos luminosos no céu! Como é irónico... Não conseguia dormir e graças a isso tive a oportunidade de contemplar tão belo quadro!

Caminho pela praia até que sinto os pés a começarem a ficar húmidos pela areia molhada. Não vou mais além... Recuo um pouco e deito-me... Encontrei-me... De certeza que sou a pessoa com mais sorte do mundo! A harmonia com o mundo é total! Sinto o cheiro agradável da maresia, ouço o mar a cumprimentar carinhosamente a areia... e lá no alto todas as personalidades me sorriem... Desde a Sr.ª Ursa Maior, até ao Sr. Vénus! Mais uma vez divago pelos meus pensamentos. Só que agora esta situação já não me incomoda...

De repente sinto uma presença atrás de mim... Levanto-me sobressaltado... É apenas um rafeirito que olha para mim abanando a sua cauda! De onde terá vindo? Estendo-lhe a mão. Ele lá faz o seu reconhecimento e deixa-me tocar-lhe. Fico uns instantes afagando-lhe a cabeça.
Num ápice põe-se em posição de reconhecimento. Olha para todos os lados até que fixa o olhar na esquerda. Ao longe vejo um vulto. Bolas!!! Estava a correr tão bem... Ainda me vou meter em sarilhos! Nunca mais aprendo! O vulto vai-se aproximando. Reconheço formas femininas. Ufff!!! Pelo menos não vou ser assaltado... Acho que me consigo defender de uma mulher! Pára a cinco metros de mim.

─ Por favor devolva-me o meu animal! diz-me ela do alto dos seus 170 cm...

Antes de conseguir dizer alguma coisa exclama ainda:
─ Não quero problemas! Olhe que sou cinturão negro de Karaté Goju-Ryu!

Fiquei estupefacto!
─ Calma! Não quero fazer mal ao bicho! Estou apenas a fazer-lhe umas festas... Até vou já embora que se está a fazer tarde…

─ Desculpe. Sabe que a esta hora todo o cuidado é pouco, diz-me ela enquanto se aproxima.

─ Esteja descansada… Percebo completamente.

Com um ar intrigada pergunta-me:
─ Mas afinal o que faz nesta praia a esta hora e sozinho?

Será que devo contar a minha história… hmmm. Seja o que Deus quiser. Não a conheço de lado nenhum… O pior que pode acontecer é que ela pense que sou um qualquer maluco ou excêntrico. Não faz mal… Provavelmente nunca mais a vejo no resto da minha vida… E mesmo que passe por ela na rua também não a devo sequer reconhecer…

Conto então a minha historiazita… Como não conseguia dormir, como resolvi ir passear e como encontrei este cantinho.

Nota:

Vou modificar um pouquinho ao que tem sido a essência do blog. A "inspiração" tem tardado em vir por isso vou transcever aos bocadinhos um projecto que também está um pouco adormecido de momento.

E que comece a "Insónia".


terça-feira, janeiro 25, 2005

Cidade

Outrora erguera-se aqui uma cidade vibrante, cujas habitações eram feitas de palavras, frases e pensamentos erguidos ao sabor da brisa que soprava na imaginação de cada pessoa que por cá habitava. Lentamente, a sua população foi migrando para locais onde o dia-a-dia era mais fácil. Hoje resta apenas um velho que sobrevive insistentemente graças ao seu raro feitio de nunca desistir, e umas quantas pessoas que no caminho entre outras fronteiras por cá vão passando.

ps: Quem me conhece já deve saber que adoro metáforas e jogos de palavras... :P

quarta-feira, janeiro 12, 2005

Ciclos

Tudo na vida tem ciclos. A própria vida é um ciclo. Por vezes sentimo-nos, por vezes mal, outras nem por isso. E tudo vai girando e girando...

As "conversas de treta" ja fizeram um orgulhoso ano. Confesso que durou mais do que estava inicialmente à espera. No entanto, agora que ultrapassou a marca dos 600 visitantes encontra-se numa encruzilhada. Dos cerca de 6 ou 7 membros que a iniciaram resto eu. Ao longo de mais de um ano fui cuidando (por momentos também descuidando) das conversas a meu prazer. Para ser sincero para aí 95% do património genético deste blog é meu.

O que me levou a começar? Inicialmente a ideia era ser um ponto de discussão, um local para discutir ideias, "mandar bocas", ou qualquer outra coisa que os colaboradores se lembrassem de cá colacar.
O que me levou a continuar? Não sei bem como explicar... No ínicio começou por um texto qualquer que por motivos que me ultrapassam coloquei aqui. Depois sempre que um bichinho atacava os dedos e começava a escrever qualquer coisa (por vezes sem nexo... quando vejo certas coisas que escrevi...) inevitavelmente vinha parar a este cantinho. E quando escrevemos qualquer coisa, por muito que seja uma história puramente imaginária, deixamos um bocadinho de nós e das nossas vivências. Logo não podia deixar morrer um pedaço de mim. Também é verdade que algum feedback positivo fazia bem ego e quando as musas andavam por perto era fácil dar continuidade ao projecto.
O que me leva a continuar? Aqui está a pergunta do milhão de euros...

As "conversas de treta" encontram-se agora na encruzilhada. Simplesmente terminam? Continuam num local privado (no disco duro do pc)? Ou começam um novo ciclo, juntamente com o seu querido pai?


quarta-feira, janeiro 05, 2005

As coisas que fazemos (ou não)

Chamem-lhe fetiches, chamem-lhe taras, chamem-lhe manias, chamem-lhe o que quiserem, mas todos nós temos coisas que adorariamos fazer e não podemos. Por vezes devido aos tramites da sociedade, outras por vergonha, outras por medo de arriscar ou simplesmente porque não temos condições de as realizar. No meu caso... Ir para dentro daquelas piscinas cheias de bolas ao estilo das que há no Mc Donalds, experimentar e usar todos os brinquedos do Toys'r'Us, conduzir um carro da polícia com as sirenes todas, conduzir um daqueles camiões gigantecos, paraquedismo, etc. E houve uma que já fiz há dois dias atrás... Usar aqueles telefones que existem nos bancos ao lado da máquinas automáticas... Posso dizer que funcionam e que atende uma "menina" do outro lado depois de se estar mais de 5 minutos a ouvir aquela maravilhosa música de espera de telefone que agora está em moda... Cabe-me agora por em prática os outros desejos mais secretos, privados e obscuros...

Nota:
Adoro certas situações... É engraçado o que acontece frequentemente depois de se sair do café... Quantas e quantas vezes saímos todos do café (muitas vezes já depois do café fechado) e enquanto toda a gente se despede começa uma conversa inocente que dura horas. E usalmente são conversas que fluem a uma velocidade vertiginosa e verdadeiramente enriquecedoras. Fantástico!