Devaneios... Nada mais...

quinta-feira, novembro 18, 2004

A princesa de Ohnos

Dedicado a Joana

Era uma vez, há muito, muito tempo, uma princesa que morava num reino longínquo de seu nome Ohnos onde tudo era perfeito. Tudo não... Quase tudo... Todo o reino floria, por entres os verdejantes campos, lá murmurava um riacho límpido, segredos aos seus habitantes. Todo o povo vivia feliz, não havia guerras, nem pobrezas... Só o coração da princesa ficava cada vez mais frágil e triste.

A princesa, de seu nome Helena, era uma jovem mui formosa e bela. Tudo nela era perfeito e todos a adoravam. Porém os inúmeros pretendentes que teve e por quem se enamorou revelaram-se sombras da sua pessoa, e indivíduos de fraco carácter. O bondoso rei João, sabia que teria de fazer qualquer coisa para que o coração de sua querida filha, não se partisse em mil pedaços, como um copo do mais fino cristal quando arremessado contra uma parede.

Neste tempo, ainda os dragões conviviam com os humanos. Havia um, o dragão Batista, que era amigo de infância do Rei. Os dragões tinham um poder especial. Conseguiam ver a essência das pessoas. Só de observá-las conseguiam determinar se estavam na presença de alguém bom ou de alguém mau. O Rei pediu então ao seu amigo para guardar as portas do reino e apenas deixar entrar as pessoas boas e que não tivessem medo de dragões. Apesar de no reino Ohnos, os dragões andarem normalmente por entre as pessoas, no resto do mundo eram ainda temidos, e vistos como criaturas demoníacas. As pessoas demoram sempre muito a habituarem-se ao que é diferente... mas essa é outra história.

Nos meses seguintes centenas de príncipes, jovens, cavaleiros, aventureiros ficaram a porta do reino. Uns apenas pelo medo de ultrapassar aquela barreira que era o Batista, outros porque apenas foram atraídos pela fortuna que obteriam depois de casados com a princesa, outros porque apenas queriam a beleza da princesa.

Num belo dia de primavera um jovem plebeu, algo aluado e distante de tudo aproximou-se. Nessa hora Batista dormia. Foi acordado por uns toques na sua pata direita e pela voz de um jovem:

"- Bom dia, Sr. dragão. Sou o Ricardo."
"- Está a interromper a passagem. Não se importa de me dar 1 jeitinho para passar."
"- Bom dia, jovem Ricardo. Com certeza que posso. Folgo muito em vê-lo. Já estava largos meses à sua espera." -afirmou Batista observando Ricardo de cima a baixo.

Ricardo lá se colocou a caminho, algo intrigado com as palavras de Batista. Nesta altura não sabia ainda da existência da princesa e do que o destino lhe havia reservado.

O destino, esse jogador compulsivo de vidas e sentimentos humanos, colocou-o em contacto com a princesa. Quer acreditem, quer não acreditem, foi amor à primeira vista. Foi assim que o reino aprendeu uma nova lição. Às vezes quem menos esperamos, rompe as barreiras que erguemos à nossa volta e entra na nossa vida para não mais sair.
E viveram felizes para sempre...