Devaneios... Nada mais...

quinta-feira, setembro 30, 2004

O meu mundo

Muitos anos passaram desde que abandonei o aconchego do lar. Percorri os cinco continentes, atravessei todos os oceanos, conheci muitos lagos e mares, subi imensos rios, escalei inúmeras montanhas. Hoje jazo aqui, encostado a um canto, recordando apenas tudo o que fiz e conheci, tudo o que aprendi, todos que conheci. Se calhar tive muita sorte por ter nascido num berço de ouro e ter tido a oportunidade de percorrer todo este mundo, de conhecer todas estas culturas, de ter observado a humanidade. Se calhar foi uma maldição... Os meus cabelos brancos têm histórias que não mais acabam para contar e no entanto todos os dias adormeço e acordo com o mesmo sentimento e pensamento... O Homem é uma besta. A maior besta do planeta. Inventam teorias, filosofam, crescem e continuam a achar que são os donos do mundo. E pior que isso, querem e dominam este cantinho da Via Láctea. Que triste sina teve a Terra! Rebaixemo-nos à nossa insignificância! O destino de cada habitante humano, é o de continuar a espécie, ponto final! Não acredito em nada dessas tretas de amor, vida eterna, vida após a morte, e essas coisas todas inventadas para entreter crianças e vender livros, filmes, e toda uma pernafália de coisas que torna alguém um pouquinho mais rico. O que existe, é a sobrevivência do mais forte, a escolha dos melhores companheiros com quem acasalar e por aí fora. Bolas!!!! Para isto não precisamos de destruir o planeta. Concordo que certas coisas até tornam a vida mais confortável, mas tudo tem limites...Eu cá me retirei para esta pequena ilha perdida no meio do Pacífico, a estourar o resto da fortuna da família. Graças a Deus, não tive descendentes. Iriam herdar uma pesada sorte. Nesta ilha, ao menos estou isolado de todas as porcarias inventadas... as TVs a queimar os neurónios dos fracos, com novelas 24h por dia, telejornais sensionalistas, "reality shows", etc etc. Enfim... Aqui posso morrer em paz e em sintonia com o MEU mundo!!!

quarta-feira, setembro 15, 2004

Ouvir o silencio

Quero ouvir o silêncio, estar sentada naquelas dunas, ao por do sol, no deserto…
Quero voltar a ter a sensação de estar com o meu verdadeiro eu sem absolutamente nada que me distraía de mim. Ouvir só o que vai dentro de mim, o meu sangue a correr, saber que estou viva e que o meu coração ainda bate.
Quero voltar a encontrar o meu mais puro eu, sem influências do mundo que me rodeia.
Quero deixar cair a mascara de uma fortaleza de convicções e certezas,
Quero ser apenas eu com os meus ideais, sem que ninguém me lembre que não passam disso mesmo ideais, ideias do mundo para um mundo melhor, uma sociedade ideal!
Quero sentir-me completa em mim, no meu mundo perfeito, que é só meu!
Quero poder falar comigo, contar-me os meus mais íntimos segredos e sentimentos, enfim conhecer-me, entender o porquê de atitudes tomadas, de palavras ditas, de palavras ouvidas, de conflitos, o porquê se me sentir só em mim!
Quero saber o que terei de especial ou diferente que me faça sentir de outra época, de outro mundo por vezes.
Quero crescer em mim, quero ser humana sem deixar de ser alma. Ser o melhor para mim e para os outros.
Quero deixar os remorsos de não agir, ou me reprimir por não ser eu nas atitudes que tomo.
Enfim quero ouvir o silêncio, como se nada houvesse no mundo com que me preocupar, como que se o tempo parasse, para poder desfrutar da minha verdadeira companhia e escutar-me, entender-me, certificar-me que não sou incompreensível e corrigir os erros que fazem com que o seja para os outros.
Tudo isto para que quando voltar possa ser totalmente honesta comigo, sempre. Para que possa desfrutar completamente da companhia das minhas almas gémeas (os meus verdadeiros amigos e irmãos).
Ser completa para vocês que me merecem completa, para vos apoiar, defender e amar.
Quero acreditar no meu sabio " maninho":
When The Pawn Hits The Conflicts
He Thinks Like A King
What He Knows Throws The Blows
When He Goes
To The Ring
There's No Body To Batter When Your Mind Is Your Might
So When You Go Solo, You Hold Your Own Hand
And Remember That Depth Is The Greatest of Heights
And If You Know Where You Stand,
Then You Know Where To Land
And If You Fall It Won't Matter,
'Cuz You'll Know That You're Right

E seguir os seus conselhos ideais:ha muita coisa e vivemos cada coisa mas ha sempre uma altura que atiramos a capa para rua e voltamos ao nosso ser. E repara, o amor é isso mesmo, sem capas,mascaras...
Deixei atrás os erros do que fui,
Deixei atrás os erros do que quis
E que não pude haver porque a hora flui
E ninguém é exato nem feliz.

Tudo isso como o lixo da viagem
Deixei nas circunstâncias do caminho,
No episódio que fui e na paragem,
No desvio que foi cada vizinho.

Deixei tudo isso, como quem se tapa
Por viajar com uma capa sua,
E a certa altura se desfaz da capa
E atira com a capa para a rua.

Não quero que penses que me sinto só, abandonada, negligenciada, não! Sei que tenho o melhor amigo, companheiro, amor do mundo. E por isso sinto-me grata a ti! Trata-se apenas de uma necessidade de me relembrar de mim. “Without you i’m nothing”, lembras-te, foi assim que tudo começou verdadeiramente, uma música dos placebo no sudoeste, e é por isso que quero ser completa, para sermos completos! AMO-TE!

Certezas

Disseram-me há uns dias atrás que é bom ter certezas... isto no enquandramento do tema amor... Acredito em poucas certezas. Num assunto tão volátil como a amor, nem me atrevo a pensar em certezas. Essa cena do viveram felizes para sempre apenas existe nas histórias para miúdos. No início, enquanto os sentimentos estão todos à flor da pela e toda a gente sente a euforia do momento, ainda se pode pensar assim. Não acredito que haja alguém que não tem ou nunca teve dúvidas sobre alguém neste campo. Nos outros assuntos idem. Política, amizades, ciências, etc. etc. nada é certo.

Só tenho a certeza de uma coisa: a morte. O resto tudo se modifica e transforma.

quarta-feira, setembro 08, 2004

Bagaço com mel

Este fim de semana fui para Cinfães... Como é normal por essas aldeias pelo país fora, a hospitalidade é imagem de marca. Logo no primeiro dia, o sr. Serafim ofereceu uns copinhos de bagaço com mel logo pela manhã. Um pouco retinente lá aceitei para não criar mau ambiente, visto não gostar nem um pouquinho de bagaço. No entanto aquela estava particularmente boa. Soube-me bem. Isso deixou-me a pensar...

Por todo o lado ouvem-se críticas, que antigamente (e ainda hoje) nas aldeias era a loucura total... As pessoas bebiam logo o seu copito de bagaço pela manhã, o tinto era uma constante nas mesas, etc. etc. Agora pergunto, o que é mais degrandante: esses comportamentos ou os comportamentos actuais? A qualquer lado que se vá, depois de uma certa hora, vê-se toda a gente com um copito na mão... e figuras absolutamente inacreditáveis (para ser simpático). Em todo o lado vê-se pessoas a beber, por beber. Beber para ficar bêbadas porque pelos vistos é da única maneira que conseguem divertir-se. Quem não bebe, não é fixe... Então toca a beber, mesmo que o liquido dentro do copo, saiba à pior coisa do mundo. Por todo o lado há os garanhões olha só para mim... vê como consigo aguentar a bebida... sou mesmo fixe... Dos gunas nem falo... Para eles já é um ritual. Já pouca gente bebe por gostar do que está no copo, apesar da maior parte defender que não, e que realmente a mixórdia que lhe puseram à frente até é uma iguaria dos Deuses...

Qual é o mais degradante?

Mistério das praias

A praia é mesmo aquele lugar fora de série... Gosto especialmente da presença da cultura "what you see, is what you get"! Aqui não se corre o risco de conhecer alguém que à primeira vista até parecia interessante e que quando se acorda no dia seguinte, não se acredita que na noite anterior se possa ter deitado na mesma cama que tal ser, quanto mais ter feito outras coisas... Aqui na praia, sabes exactamente o que levas para casa, as imperfeiçõezinhas do corpo, as gorduras fora do sítio, etc., o corpo perfeito (por sinal mais escasso) e assim não há lugar a surpresas desagradáveis.
Contudo, ainda assim, existe nas praias de norte a sul do país um personagem enigmática! O "homem das batatinhas"... Não sei se já repararam mas ele traz numa mão o saco com as batatinhas, noutra o saco com as "línguas da sogra", à cinta o saco com os trocos, na cabeça o chapéuzinho e às costas uma "lata" gigante... Já se perguntaram o que eles trazem nessa lata? Pois, eu sei! Eles trazem os restos das sogras.... os olhos das sogras, os corações das sogras e outras entranhas de sogras... Agora põe-se uma pergunta: O que raio, esses beneméritos dos maridos portugueses, fazem aos corpos das sogras? Será que são incinerados? Será que um dia encontraremos uma grande vala comum cheia de corpos mutilados das entranhas, com todas as sogras que foram usadas para fazer essas guloseimas que fazem as delícias de miúdos e graúdos nas praias portuguesas?

PS: se estão a perguntar-se porque não há notícias do desaparecimento de tantas sogras, o motivo é óbvio... são sogras!!!!

Fachadas

E passaram mais uns quantos meses.... Inevitavelmente volta um post da mesma pessoa... Hoje não tenho muito que dizer... O sol brilha, os passirinhos cantam, as flores desabrocham, etc. etc. O rio corre para foz e não há sinais de cheias ou agitação...

E perguntas tu: qual o motivo para tal boa disposição?
Ao que respondo: Não sei...

Não faz sentido... Posso tentar explicar... Olha cinco anos para trás. Ondes estavas? Com quem estavas? Como estavas? Mudou muita coisa?

Eu posso dizer que sim. Mudaram-se mentalidades, objectivos, sonhos, ilusões, algumas pessoas. Perdeu-se alguma réstea de inocência...

Acho que a maior lição neste curto espaço de tempo foi acerca das pessoas... As pessoas são como casas. Algumas possuem grandes fachadas e a quem passa parecem perfeitas, "a casa de sonho". Mas atrás dessas fachadas esconde-se uma pocilga, ou simplesmente o vazio. Há depois aquelas que têm fachadas feias, velhas ou simplesmente muros enormes a proteger o interior e que poucos aventuram-se a trespassar ou tentar descobrir o que está do outro lado... Os poucos que conseguem passar além dessas barreiras descobrem frequentemente que no seu interior se encontram tesouros enormes e algo de absolutamente deslumbrante. Há as mansões "Hollywoodescas" perfeitas por fora e por dentro mas isso são casos hiper raros e normalmente isoladas do resto das casas. Obviamente também há o inverso. Fachadas a cair de podre e interiores degradantes. Finalmente a casa dita normal. Fachada agradavél, interior reconfortante... Enfim... Nada nem ninguém é perfeito.

Fica no ar a pergunta? As mudanças foram para melhor ou para pior? Acho que a única coisa que se pode dizer é uma verdade de LaPalice... Foram para diferente. Ganham-se umas, perdem-se outras. C'est la vie...